Os sistemas integrados de produção agropecuária, que conciliam a pecuária bovina e a criação de grãos na mesma terra, possuem potencial de incrementar a matéria orgânica e isso é refletido em altos teores de carbono e nitrogênio no solo. É o que apontam pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Meio Norte) em estudo publicado na quarta (30) na revista “Ciência Rural”. Os resultados demonstram que o sistema de manejo lavoura-pecuária tem maiores teores de carbono e nitrogênio do que o sistema de plantio direto e, por isso, captura gases de efeito estufa da atmosfera, como o carbono, de forma eficiente.
Os pesquisadores avaliaram o acúmulo de estoques de carbono e nitrogênio total em solos sob os sistemas de plantio direto e integração lavoura-pecuária na Fazenda Barbosa, localizada no bioma Cerrado, no estado do Maranhão. Para análise, foram selecionadas cinco áreas: uma com sistema de plantio direto em sucessão há 14 anos e três áreas com diferentes históricos de sucessão com a adoção do sistema de integração lavoura-pecuária, além de uma área de Cerrado nativo. “Foram realizados inicialmente o estudo de histórico de manejo das áreas e posteriormente a identificação das áreas com manejos distintos para avaliação do estoque e conteúdo de carbono e nitrogênio atribuído pelo uso agrícola”, explica o cientista Leovânio Barbosa, um dos autores da pesquisa. As análises foram realizadas no laboratório de solos da Embrapa Meio Norte em parceira com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Os maiores índices de carbono e nitrogênio foram encontrados nos solos manejados com o sistema lavoura-pecuária, em que o produtor concilia pecuária bovina e produção de grãos na mesma terra. “Os índices podem ser relacionados com o uso de gramíneas e o tempo de adoção e manejo em sistema de integração lavoura-pecuária”, destaca Barbosa. O estudo, que foi motivado pelo desejo dos pesquisadores de estudar as áreas de fronteira agrícola que estão em expansão, preenche uma lacuna importante por analisar o Argissolo do Cerrado. “Os trabalhos nesta região do leste maranhense são escassos. A nossa pesquisa traz resultados importantes ao quantificar os teores e estoques de carbono e nitrogênio da região, além de avaliar a qualidade química e física destes compostos”, acrescenta o pesquisador.
A pesquisa também revela a tendência para o futuro: exploração agropecuária voltada para o ganho de produção, segurança alimentar, qualidade do solo e preservação do meio ambiente. “O mundo vem buscando o uso eficiente dos recursos naturais e diminuição das degradações do solo causadas pelo uso inadequado do mesmo. Por isso, estudos que avaliam a eficiência de novos modelos de exploração do solo com foco na sustentabilidade ambiental revelam o futuro da exploração agropecuária”, conclui.
(Fonte: Agência Bori)