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Você sabe quanto o seu dia a dia pode desmatar a Amazônia?

Curitiba, por Kleber Patricio

Foto: Louis Hansel @shotsoflouis/Unsplash.

Estamos todos conectados – e, não, não estamos fazendo menção à internet ou às redes sociais, mas, sim, pensando nos ciclos naturais da água e do solo, dos ecossistemas e biomas, de tudo aquilo que todos aprendem na escola, mas esquecem quando adultos. “Tudo o que fazemos e consumimos tem reflexo no mundo. Um simples ovo pode significar exploração de mão de obra, mau trato animal, desperdício de água e recursos naturais, desmatamento e extinção de espécies animais e vegetais”, afirma Marina Campos, da diretoria do Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus).

Segundo a organização, os dados mostram que a sociedade, mesmo em meio a uma pandemia, consegue, cada vez mais, entender isso. De acordo com a Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), a venda de produtos orgânicos cresceu mais de 50% no Brasil no primeiro semestre de 2020 – isso num ano marcado pela Covid-19 e pela retração de vários setores. E os produtores ainda preveem um crescimento de mais 10% em 2021.

No exterior, a cidade de Barcelona, na Espanha, foi escolhida como a capital mundial da alimentação sustentável para o ano de 2021. Estão previstos projetos para educação e conscientização – como a preferência por frutas e legumes de temporada, por exemplo –, melhoria da saúde alimentar e construção de um sistema sustentável de produção. A meta é repensar o atual modelo de alimentação, responsável por um terço das emissões de gases de efeito estufa e de doenças como a obesidade infantil, além do desmatamento de florestas como a Amazônia para grandes plantações – e muitos dos alimentos que consumimos vêm dessa agricultura predatória.

“O alimento orgânico não é bom só para quem consome: seu modo de produção protege o solo e a água, favorece o equilíbrio biológico e gera renda para pequenos agricultores familiares em todo o Brasil”, afirma Marina. A relação entre alimentação saudável e produção responsável é evidente. Segundo estudo do Sebrae, das mais de 15 mil propriedades certificadas como produção orgânica ou em processo de transição no Brasil, 75% pertencem a agricultores familiares. É nesse ecossistema de negócios comunitários de impacto socioambiental que atua a Conexsus, organização da sociedade civil que contribui para a geração de renda no campo e conservação de florestas e biomas. “Nós entendemos que um modelo econômico justo e sustentável é o caminho para resolver essas questões. E o primeiro passo para viabilizar esse modelo econômico é compreender que tudo está conectado”, explica a porta-voz do Instituto.

O comércio justo é uma relação comercial baseada no diálogo, na transparência e no respeito às pessoas e ao planeta, priorizando a sustentabilidade social, econômica e ambiental das sociedades. Ao comprar itens produzidos de forma justa, ajudamos a desenvolver um ecossistema de negócios que é bom para todos:

– Quem consome tem acesso a produtos mais saudáveis e/ou de melhor qualidade;

– Quem produz recebe um pagamento justo, pois tem acesso direto ao mercado em condições equitativas;

– Com uma gestão responsável e sustentável dos recursos naturais, o planeta preserva suas reservas.

Para Marina, ao apoiarmos cadeias produtivas mais justas e sabermos de onde vem nossa comida, percebemos que cada atitude faz diferença em nossa saúde e na do planeta. Em 2014, o Ministério da Saúde lançou o Guia Alimentar para a População Brasileira com o objetivo de orientar as políticas públicas de alimentação e ajudar a população a se informar, de maneira fácil e clara, sobre como adotar uma alimentação saudável. Nele, os alimentos são classificados pelo grau de processamento, alertando principalmente para o malefício de consumo de ultraprocessados.

Por sua clareza, simplicidade, respeito às tradições culturais da alimentação brasileira e embasamento científico, o Guia Alimentar é reconhecido internacionalmente como um dos melhores guias do mundo e é possível baixá-lo de graça no site do Ministério da Saúde. “Nosso papel ao apoiar iniciativas como essa e os negócios de produtores sustentáveis possibilita que mais pessoas tenham acesso a produtos saudáveis e que contribuem para a preservação do meio ambiente. Produtores, associações, mercados, consumidores, financiadores, pesquisadores, investidores, cidadãos – todos estão envolvidos na cadeia de produção e consumo dos nossos alimentos. E, por isso mesmo, é papel de todos contribuir para uma economia mais justa e sustentável”, finaliza a diretora da Conexsus.

(Fonte: Agência Press Voice)