Selecionado por critérios de qualidade técnica, relevância contextual e ineditismo, o longa metragem Café, um dedo de prosa, do diretor campineiro Maurício Squarisi, do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, conquistou o primeiro lugar na mostra principal do Arraial Cine Fest, Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Arraial d’Ajuda, em Porto Seguro/Bahia, realizado entre os dias 29 de fevereiro a 4 de março.
O filme foi eleito através do júri popular. A avaliação foi realizada ao final de cada sessão, através de uma ficha de satisfação com os filmes apresentados, avaliando-os de 0 a 5. “Sempre penso que o maior prêmio que há é termos conseguido realizar o filme. Outro prêmio é ver o filme chegar ao público e ouvir as opiniões, críticas e elogios, que têm o mesmo valor. E quando se recebe um Certificado de Premiação, é o reconhecimento oficializado. Fico muito feliz”, declara Squarisi, que trabalhou em Café, um dedo de prosa por 7 anos até concluir o longa.
O júri oficial premiou 5 Vezes Chico – O Velho e sua Gente como melhor filme brasileiro e L’Altra Frontera como melhor filme estrangeiro. Café, um dedo de prosa foi eleito melhor filme brasileiro pelo júri popular, que elegeu como melhor obra estrangeira Entre lo Sagrado y lo Profano. Na Mostra Curta Tudo, os vencedores foram O nome do dia, At first sight e Questões.
Segundo Juca Fonseca, coordenador do Festival, “A escolha dos vencedores, tanto por parte do júri oficial como do júri popular, traduziu a seleção dos filmes para a mostra principal, que segue a ótica da diversidade cultural através do cinema. Desde o ano passado estamos realizando o que chamamos de ‘edição de manutenção’, já que não estamos dispondo de recursos financeiros por parte das leis de incentivo. Mesmo com tais dificuldades, esta edição proporcionou, através do intercâmbio com os participantes, a possibilidade de ações conjuntas nas searas de produção e exibição e isto é extremamente positivo”.
Oficina
Além da exibição do filme e participação ativa dos debates no Festival, Maurício Squarisi realizou uma oficina de Zootroscópio, instrumento precursor da animação, que faz parte da pré-história do cinema. O trabalho foi realizado na Instituição “Filhos do Céu”, localizada em um bairro distante do centro de Arraial D’Ajuda. Divididos em duas turmas de 20 alunos, uma no período da manhã e outra à tarde, os alunos tinham entre 10 a 15 anos. “A oficina foi muito estimulante, principalmente por fazermos um contato bem direto com a população de Arraial D’Ajuda. Durante a atividade, os alunos fizeram animações no Zootroscópio. Percebemos alunos talentosos que mereceriam uma oportunidade de desenvolvimento na área da animação”, pontuou o cineasta. O workshop contou com o auxílio de Beth Russo e Eliana Ribeiro, também integrantes do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas e da equipe do filme.
Café, um dedo de Prosa
Café, um dedo de prosa, longa metragem em animação de Maurício Squarisi, conta de modo leve e bem-humorado a história do café e mostra sua importância na história do Brasil.
A obra começou a ganhar vida em 2009, quando Squarisi conheceu o livro História do Café, que serviu de base e inspirou o roteiro. A autora, a historiadora Ana Luiza Martins, foi também a consultora e revisora histórica do filme. O enredo se desenrola a partir do encontro de um casal de amigos, Wandi Doratiotto e Vera Holtz. Apaixonados pela bebida, eles se encontram em uma cafeteria e iniciam uma conversa agradável e recheada de informações históricas, mas apresentadas de forma leve, descontraída e bem humorada, que torna a obra acessível até mesmo para o público infantil.
Ainda sem data definida para lançamento comercial no país, o filme já acumula longa carreira em festivais: no Brasil, além da Bahia, passou pelos estados de Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, Amazonas e Maranhão. No circuito internacional, o filme foi exibido no Monstra, Festival Internacional de Animação de Lisboa, e o Kugoma, Festival de Maputo, em Moçambique.
Núcleo de Cinema de Animação de Campinas
O Núcleo de Cinema de Animação de Campinas completou em 2015 impressionantes 40 anos de atuação, desenvolvendo diversas atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e divulgação de técnicas de animação.
No Núcleo, são desenvolvidas duas linhas de produção de filmes de animação: os filmes autorais, realizados individualmente pelos diretores e filmes realizados em oficinas, desenvolvidos com o objetivo de proporcionar aprendizado aos participantes. Ao todo, o Núcleo já produziu cerca de 300 filmes, entre autorais e de oficinas, número que o situa como um importante e dos mais atuantes polos de produção no segmento no país. Atualmente, mantém um banco de projetos voltados para as áreas de educação, ecologia e cidadania e segue trabalhando na captação de recursos, com patrocínios, leis de incentivos e concursos para realizá-los.
Para conferir o making of das atividades do festival – acesse: https://www.youtube.com/watch?v=9eRYmqTZtKw&feature=youtu.be.
Para saber mais sobre o Núcleo de Cinema de Animação de Campinas:
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