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Imagens de satélite monitoram recuperação de áreas impactadas pela mineração em Carajás, no Pará

Carajás, por Kleber Patricio

Foto: TV Brasil/Agência Brasil

O processo de análise de solos tradicionalmente pode ser dividido em três etapas: amostragem do solo, análise em laboratório e interpretação dos resultados – mas um grupo de pesquisadores foi além. Cientistas do Instituto Tecnológico Vale (ITV) utilizaram imagens de satélite para avaliar a recuperação ambiental no Complexo Mineral Carajás, no Pará. Por meio da análise de diferentes intervalos de ondas do satélite WorldView, as imagens indicaram que um dos locais, em recuperação há 8 anos, apresenta um índice de 97% de carbono estocado em relação ao solo de florestas nativas do local. O estudo foi publicado no dia 11 na revista “Environment, Development and Sustainability”.

A novidade que permitiu o uso de satélite para esse tipo de estudo acelera a obtenção de informações sobre a degradação do solo, assim como sua recuperação. “Estudos de indicação de atributos do solo a partir de imagens de satélite vêm se consolidando. Porém, há limitação de estudos na Amazônia, especialmente em áreas degradadas pela mineração. A indicação e o mapeamento dos atributos do solo, como o estoque de carbono orgânico, devem reduzir os custos com o uso de produtos químicos nas análises feitas pelo método convencional, além de melhorar a visualização dos dados em campo e auxiliar no monitoramento”, explica Silvio Ramos, pesquisador do ITV e um dos autores do estudo.

Carajás é a maior mina de extração de minério de ferro ao ar livre do mundo, explorada desde a década de 1970, causando relevantes impactos no solo, e que está em processo de recuperação. O resultado do estudo aponta o sucesso que iniciativas para recuperação ambiental podem ter diante da degradação causada por atividades como a mineração. “Apesar da importância do carbono no solo, algumas outras variáveis devem ser analisadas, como as relacionadas à vegetação, à biomassa vegetal e à atividade microbiana do solo”, ressalta Ramos.

Ramos relata que um dos principais processos para manutenção da fertilidade é a mineralização da matéria orgânica presente no solo. É a decomposição de matéria orgânica que garante os elementos essenciais para o desenvolvimento da vegetação e da biodiversidade. O artigo demonstra ainda que no solo em recuperação com elevado índice de carbono também havia um alto índice de elementos como nitrogênio, potássio e boro, muito presentes em solos de floresta nativa.

O estudo aponta que, conforme avançam as tecnologias para monitoramento de impactos no meio ambiente, como na Amazônia, também os processos de recuperação de áreas degradadas ficarão mais efetivos e menos onerosos. Apesar de não substituir a análise convencional, as análises de solo por satélite podem ajudar no manejo das áreas em recuperação em que não foram realizadas amostragens. Ou seja, o acompanhamento dos níveis de estoque de carbono no solo é importante para comparar com outras áreas de floresta e verificar se as ações e projetos de recuperação de determinadas áreas estão sendo adequados ou se precisam ser ajustados, atingindo os objetivos traçados e utilizando os recursos da melhor forma possível.

(Fonte: Agência Bori)

Bonecos da Morte marcam Semana Nacional do Trânsito em Indaiatuba

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Demutran de Indaiatuba (SP) promove ações educativas de rua. Fotos: Eliandro Figueira.

O Departamento de Trânsito (Demutran) da Secretaria de Obras e Vias Públicas, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, iniciou no dia (18/9 as atividades de rua programadas para a Semana Nacional do Trânsito. Os condutores de veículos que passaram pelo cruzamento das avenidas Engenheiro Fábio Roberto Barnabé e Fábio Ferraz Bicudo foram surpreendidos pela performance de um ator cometendo imprudências, acompanhado por bonecos da ‘morte’. O objetivo é alertar para os perigos de acidentes por imprudência dos motoristas. O agente Transitolino também está nas abordagens de rua, mas de uma forma mais suave. As ações nos cruzamentos acontecem das 16 às 18h.

Durante toda a semana, um ator, os bonecos e agentes de trânsito estarão nos principais cruzamentos da cidade para alertar sobre os riscos de dirigir alcoolizado, usar celular no volante, não usar cinto de segurança e dirigir acima da velocidade permitida para a via. Os locais do trabalho foram definidos pela análise do “mapa de calor”, que indica os pontos da cidade onde a concentração de veículos – e, consequentemente, o risco de acidentes – é maior.

Performance de ator cometendo imprudências acompanhado por bonecos da “morte” marcam Semana do Trânsito no município.

Em Indaiatuba, a agenda da Semana Nacional do Trânsito também inclui palestras do Demutran em empresas da cidade com dicas de prevenção para motoristas, pedestres e ciclistas, para que todos saibam observar e respeitar os aspectos que envolvem um trânsito seguro. Peças publicitárias sobre o tema são veiculadas nas redes sociais da Prefeitura e outdoors distribuídos pela cidade.

A Semana Nacional do Trânsito, conforme disposto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é comemorada todos os anos entre os dias 18 e 25 de setembro. A data foi criada para que órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito intensifiquem as atividades de educação, fiscalização e engenharia para trabalhar na construção de um trânsito mais seguro. O tema “No trânsito, escolha a vida” é a mensagem presente nas campanhas educativas deste ano com o intuito de mobilizar a sociedade para criar uma cultura de segurança no trânsito mais consistente.

(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)

47ª Mostra de Internacional de Cinema de SP faz dupla homenagem a Michelangelo Antonioni

São Paulo, por Kleber Patricio

“A Aventura” abre a lista de filmes que fazem parte da Retrospectiva. Imagens: divulgação.

Todos os anos, a Mostra Internacional de Cinema convida um artista ou cineasta para fazer a arte do pôster do ano. Nomes como Ai Weiwei, Akira Kurosawa, Andrei Tarkóvski, Emir Kusturika, Jia Zangke, Kobra, Manoel de Oliveira, Marco Bellocchio, Maurício de Souza, Pedro Almodóvar, Wim Wenders e Ziraldo assinaram o cartaz do evento em diferentes edições. A arte da 47ª edição é uma pintura que o cineasta Michelangelo Antonioni – diretor consagrado internacionalmente e vencedor de inúmeros prêmios em Festivais Internacionais, como a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o Urso de Ouro em Berlim e Leão de Ouro em Veneza, além de um Oscar® honorário – fez nos anos 1960.

Nascido em 1912, na cidade de Ferrara, Itália, Michelangelo Antonioni foi um diretor, roteirista, editor e pintor, conhecido principalmente pelo seu trabalho de composição de cenas, além de seus mais reconhecidos filmes, “Profissão: Repórter” (1975), “Blow-Up – Depois Daquele Beijo” (1966), e a trilogia da incomunicabilidade, composta pelos longas “A Aventura” (1960), “A Noite” (1961) e “O Eclipse” (1962). Michelangelo Antonioni também pintava e realizou várias exposições de seu trabalho na Itália.

Michelangelo Antonioni

Durante a vida toda, Antonioni foi também um pintor que enquadrou, explorou close-ups, olhos, pedras, mãos, bocas, folhas, árvores e geladeiras explosivas, devolvendo sua arte silenciosamente em fragmentos. As cores, como em “Deserto Vermelho”, as ampliações em “Blow-Up – Depois Daquele Beijo”, com tantos grãos que beiram a abstração, e a famosa sequência explosiva em “Zabriskie Point”, são praticamente pinturas abstratas em movimento.

Para o diretor, ver era uma necessidade. Para o pintor, ver era uma preocupação. “Enquanto para um pintor descobrir uma realidade estática ou um ritmo, mas um ritmo fixo em um sinal, para um diretor, o problema é capturar uma realidade que matura e consome, e propor este movimento como uma nova percepção”, relatou Antonioni em 1963.

Retrospectiva Michelangelo Antonioni

Além do pôster, a homenagem da 47ª Mostra — que acontece de 19 de outubro a 1º de novembro — ao diretor Michelangelo Antonioni inclui a exibição de 23 títulos, entre curtas e longas, documentários e ficções, realizados entre 1947 e 2004, em 65 anos de atividade. Completa a homenagem a leitura que atores farão do roteiro “Tecnicamente Doce”, escrito por Michelangelo Antonioni, que será filmado com direção de André Ristum, produção de Caio Gullane, Fabiano Gullane e André Novis em coprodução com a empresa italiana Vivo Film, associada à Enrica Antonioni.

A Aventura, Ficção, 112min, Reino Unido/EUA, 1960

A Dama sem Camélias, Ficção, 106min, Itália, 1953

A Noite, Ficção, 123min, Itália/FR, 1961

Além das Nuvens, Ficção, 112min, França/Itália/Alemanha, 1995 (co-direção de Wim Wenders)

Blow-Up – Depois daquele beijo, Ficção, 112min, Reino Unido/EUA, 1966

Crônica de um Amor, Ficção, 98min, Itália,1950

Gente do Pó, Doc, 10min, Itália, 1947

Identificação de uma Mulher, Ficção, Itália/FR, 131min, 1982

Kumbha Mela, Doc, 18min, Índia, 1989

L’amoroza Menzogna, Doc, 11min, Itália, 1949

Limpeza Urbana, Doc, 9min, Itália, 1948

Noto, Mandorli, Vulcano, Stromboli, Carnevale, Doc, 10min, Itália, 1992

O Amor na Cidade (Tentativa de suicídio), Ficção, 22min, Itália, 1953

O Deserto Vermelho, Ficção, 117min, Itália/FR, 1964

O Eclipse, Ficção, 126min, Itália/FR, 1962

O Grito, Ficção, 117min, Itália/EUA, 1957

Os Vencidos, Ficção, 113min, Itália/FR, 1953

Profissão: Repórter, Ficção, 126min, Itália/FR, 1975

Roma, Doc, 10min, Itália, 1989 (episódio do longa 12 Registi per 12 Città)

Superstizione, Doc, 9min, Itália, 1949

Sicília, Doc, 9min, Itália, 1997

O Olhar de Michelangelo, Doc, 15min, Itália, 2004

Zabriskie Point, Ficção, EUA, 113min, 1970.

Patrocinadores da 47ª Mostra

Neste ano, a Mostra conta com o patrocínio master da Petrobras e do Itaú, a parceria do SESC, o patrocínio da SPCine, o co-patrocínio da Desenvolve SP, o apoio da Ancine, do Projeto Paradiso e do Insituto Galo da Manhã, a colaboração do Itaú Cultural, do Telecine, da Netflix e do Instituto Italino de Cultura, o apoio técnico da Cinemateca Brasileira, da Quanta, do Conjunto Nacional e da Velox, a parceria do Meliá Paulista e do Mercure Hotels, a promoção da Globofilmes, do Canal Brasil, da Folha de S.Paulo, da TV Cultura e da Rádio Band News.

Site Oficial – Mostra Internacional

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(Fonte: Trombone Comunicação)

Exposição fotográfica “No tempo do sonho” estreia com obras que abordam a infância e a fantasia sob a ótica da criança

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

Um livro parado em pé

É mágico: faz poções para humanos crescerem.

Um estudante,

surpreso, olhos brilhantes,

cresce. (Poema que compõe a mostra; autoria coletiva das crianças que a integram)

No dia 7 de outubro, às 10h, o CEU Jaguaré recebe a abertura da exposição inédita e gratuita “No Tempo do Sonho”, composta por obras fotográficas coletivas que se correlacionam a poemas autorais em torno dos temas da infância e do sonho. A exposição é uma iniciativa da Associação Aquarela, instituição que trabalha há 27 anos no território da Vila Nova Jaguaré, zona oeste de São Paulo, com uma abordagem de educação não formal extramuros conectando os aprendizados de crianças e adolescentes à comunidade onde a instituição está inserida. A mostra integra o projeto ‘Ler, escrever e colorir no mundo’, contemplado pelo edital ProMac 2021.

Para a realização de ‘No Tempo do Sonho’, 40 crianças entre 7 e 9 anos realizaram, ao longo do ano de 2023, experimentos fotográficos com celulares nas dependências da instituição e em seu entorno. Nas saídas fotográficas, as crianças foram estimuladas a observar e registrar o espaço e as pessoas a partir de suas cores, sombras, formas, movimentos e gestos. Ressaltando o olhar subjetivo, a proposta abriu espaço para o imaginário das crianças, que tiveram liberdade para imprimir sua percepção em todas as etapas do processo. As fotos foram produzidas, captadas e editadas coletivamente por elas e, a partir do resultado imagético final, textos em forma de poesia, que também compõem a mostra, foram produzidos por esses jovens.

No tocante a experiência do público, a mostra pretende conectar o espectador à sua própria concepção e vivência relativa à infância. “A ênfase na visão imaginativa da criança, na subjetividade, também tem como finalidade a tentativa de ampliação da experiência do visitante comum da exposição. Ao contrário de uma aproximação documental, a mostra pretende universalizar o tema (a criança, a infância, a imaginação) de modo a incentivar o público a acessar sentimentos latentes dentro de si. A intenção é que, a partir das fotografias e de pequenos textos, os visitantes possam poetizar a sua própria relação com o mundo, despertando memórias, sensibilidade e consciência”, explica Rogério Harmitt, educador de artes visuais da Associação Aquarela e coordenador da exposição.

Na ocasião da abertura da exposição haverá um brunch para os convidados e uma performance musical de crianças da Aquarela, de idade entre 5 e 7 anos, que irá incorporar sonoridades produzidas por objetos construídos e/ou transformados do cotidiano das crianças à trechos da icônica suíte “O Quebra-Nozes”, de Tchaikovsky. A intervenção na obra clássica passa também pela mesma subjetividade proposta na mostra.

O projeto ‘Ler, escrever e colorir no mundo’, que encampa as ações de produção e exposição da mostra, foi desenhado de modo a assegurar o trabalho artístico-pedagógico desenvolvido pela Associação Aquarela, promovendo ações que tomam como base a produção e a fruição estética, associada ao fazer socioeducativo, assegurando direitos e promovendo acesso. As ações do projeto são realizadas de forma direta com 120 crianças e adolescentes da Comunidade Nova Jaguaré, região periférica da cidade, com altos índices de vulnerabilidade social.

Itinerância da Mostra e exposição permanente

Após o período de exposição no CEU Jaguaré, para contemplar outras instâncias e instituições da sociedade civil, municipalidade e Estado, que atendem ao tema da infância na capital paulista e seus públicos, a mostra estará de 17 a 20 de outubro na E.E. Deputado Augusto Amaral para apreciação da comunidade escolar local.

Ainda como parte do projeto ‘Ler, escrever e colorir no Mundo’, a partir de dezembro haverá uma mostra composta de outros registros fotográficos realizados pelas crianças que ficará, definitivamente, no espaço público da Viela das Plantas, localizada no entorno da Associação. Tal exposição terá fotos impressas em tiras de voil com expografia em formato cortinado para que os passantes tenham uma interação sensorial com o material. Essa segunda exposição, que fecha as atividades das turmas que trabalham a linguagem fotográfica no projeto, acontecerá concomitantemente à Mostra anual de trabalhos da Associação Aquarela.

A abordagem extramuros da Associação Aquarela

A Associação Beneficente Assistencial Aquarela é uma organização filantrópica sem fins lucrativos que, desde 1996, atua com o propósito de oferecer à comunidade da Vila Nova Jaguaré um serviço de educação não formal, sistemático e contínuo. A instituição atende 120 crianças e adolescentes entre 5 e 12 anos.

A instituição tem como missão contribuir para a formação de crianças e adolescentes como sujeitos que exerçam a cidadania de forma plena, reflexiva e consciente de seus direitos e deveres. Para isso atua em dois eixos centrais: convivência – cultura, interação e cidadania – e o conhecimento – linguagens verbal (leitura, escrita, oralidade), matemática (raciocínio lógico matemático) e artes (artes visuais, teatro, musicalização).

Desde 2017, as atividades desenvolvidas com as crianças e adolescentes reverberam na comunidade do entorno por meio de ações extramuros. Ações como projeções na comunidade, Mostra Cultural aberta ao público e outros eventos aproximam a instituição, seus atendidos e a comunidade – o que eleva o impacto positivo realizado pela Aquarela ao território, onde a associação está instalada.

Site, redes sociais Associação Aquarela e teaser da exposição:

Site | Instagram | Facebook

Teaser da exposição.

Serviço:

Exposição ‘No tempo do sonho’

Local: CEU Jaguaré

Espaço: Biblioteca

Endereço: Av. Kenkiti Simomoto, 80 – Jaguaré, São Paulo (SP)

Inauguração: 7 de outubro, às 10h – Visitação: até 10 de outubro.

Grátis

Classificação Livre.

(Fonte: Locomotiva Cultural)

Antropólogo francês Philippe Descola vem ao Brasil para lançar livro e participar de ciclo de conversas no Instituto Tomie Ohtake

São Paulo, por Kleber Patricio

Philippe Descola. Foto: Claude Truong-Ngoc.

No programa de investigação transdisciplinar “Imaginar Futuros” – ciclo de conversas do programa “Meio-ambiente e imagens na contemporaneidade” – artistas, ambientalistas, cientistas, ativistas, antropólogos e filósofos franceses e brasileiros de destaque debatem o estatuto atual das relações entre cultura e natureza – um mesmo conceito separado em duas partes, segundo o filósofo francês Bruno Latour – a partir de um mergulho em imagens. Realizado pelo Instituto Tomie Ohtake com patrocínio do BNP Paribas, apoio do Consulado Geral da França em São Paulo, apoio institucional da Alliance Française: Brésil, Editora 34, Institut Français, Ubu e Cult, o projeto tem curadoria de Priscyla Gomes e de Carol Tonetti, dos Núcleos de Pesquisa e Curadoria e de Cultura e participação do Instituto Tomie Ohtake.

O primeiro encontro, “As Formas do Visível”, que acontece presencialmente no Instituto Tomie Ohtake no dia 20 de setembro, às 19h, reunirá o antropólogo francês Philippe Descola e a antropóloga brasileira Manuela Carneiro da Cunha. Não por acaso, o título do encontro é o mesmo do mais recente livro de Descola, que será publicado no Brasil pela Coleção Fábula da Editora 34. A cada encontro, materiais visuais distintos do campo da arte, da cultura e da ciência servirão de gatilho para leituras possíveis sobre a reinvenção do humano e do meio-ambiente – incluindo as interrogações possíveis acerca desses dois termos.

“Numa civilização da imagem, saturada pelo volume e pela efemeridade de imagens planas, superficiais e sem enigma, quais e como as imagens podem nos provocar a rupturas e leituras renovadas do maior desafio de toda a (breve) história da humanidade?”, indagam as curadoras do programa, Priscyla Gomes e Carol Tonetti, dos núcleos de curadoria e educativo do Instituto Tomie Ohake respectivamente.

“Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna”, completam.

O presente ciclo conta ainda com mais dois encontros previstos para outubro e novembro, com participantes, data e horário informados posteriormente pelo Instituto Tomie Ohtake.

Sobre os participantes

Philippe Descola – Nascido em Paris, em 1949, é um dos principais antropólogos franceses de sua geração. Formado em filosofia pela École Normale Supérieure de Saint-Cloud, fez seu doutorado em antropologia na École Pratique des Hautes Études, sob a orientação de Claude Lévi-Strauss, com uma tese baseada em seu trabalho de campo entre os achuar da Amazônia equatoriana, entre 1976 e 1979. Ensinou a partir de 1987 na École des Hautes Études en Sciences Sociales e, em 2000 foi nomeado para uma cátedra de antropologia no Collège de France. Suas pesquisas investigam os modos de socialização da natureza, a formação das noções de “natureza” e “cultura” e as diferentes ontologias que daí derivam. É autor de obras como “La nature domestique” (1986), “Les lances du crépuscule” (1993), “Par-delà nature et culture” (2005) e “La composition des mondes” (2014).

Foto: divulgação.

Manuela Carneiro da Cunha – É antropóloga, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1976) e graduada em matemática pela Faculté des Sciences de Paris (1967). Fez pós-doutorado na Universidade de Cambridge. Foi professora doutora da Universidade Estadual de Campinas e professora titular da Universidade de São Paulo, onde, após a aposentadoria, continua ativa. Foi full professor da Universidade de Chicago de 1994 a 2009, onde é professora emérita. É membro da Academia Brasileira de Ciências, e da Academia de Ciências do terceiro mundo e da Comissão Arns de Direitos Humanos desde 2019. Em 2018 recebeu o Prêmio de Excelência Gilberto Velho para Antropologia conferido pela Anpocs. Publicou 12 livros, 38 artigos em periódicos especializados, 32 capítulos em livros, e organizou quatro livros. Seus livros receberam prêmios da Anpocs, Jabuti e da Biblioteca Nacional. Sua atuação distribui-se pela etnologia, história e direitos dos índios, escravidão negra, etnicidade, conhecimentos tradicionais e teoria antropológica.

A urgência da discussão

A crise ambiental, fato amplamente amparado pela ciência, é desafio urgente e primordial não só de hoje, mas também de todo e qualquer futuro que possa haver pela frente. Como declarou recentemente o filósofo francês Bruno Latour, atravessamos pelo menos os dois últimos séculos feito sonâmbulos, alheios ao alerta evidente dos desastres ecológicos. Tornamos-nos, enfim, aqueles que teriam podido agir, nos deparando tardiamente com os danos irreversíveis da nossa própria ação.

Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna.

A natureza não só se depara como uma espécie de fim – tanto ligada à sua decadência material como enquanto conceito – como escancara cada vez mais suas finalidades no sentido da interdependência vital desta com os seres humanos, cuja separação é apenas artificial. Junto ao declínio ambiental e a realidade do Novo Regime Climático, esgotam-se os projetos vigentes de mundo clamando por uma maior diversidade de representações, de saberes e cosmologias. Trata-se, sobretudo, da necessidade de revivermos saberes de povos originários, negligenciados pelas sociedades ocidentais, e que podem nos ajudar a imaginar, antes que um novo mundo, um novo povo, como argumentado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.

Ciclo de palestras Imaginar Futuros – Parte do programa “Meio-Ambiente e Imagens na Contemporaneidade”

Primeiro encontro: As formas do Visível

Participação: Philippe Descola e Manuela Carneiro da Cunha

Data: 20 de setembro de 2023

Horário: 19h

Duração: 1h30

Tradução: tradução simultânea português-francês/francês-português

Local: Instituto Tomie Ohtake – Av. Faria Lima 201 (entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros (SP)

Metrô mais próximo: Estação Faria Lima (Linha 4 – Amarela)

Fone: (11) 2245-1900

www.institutotomieohtake.org.br.

(Fonte: Pool de Comunicação)