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Mato Grosso está entre os piores índices de leitura do país

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Natalia Blauth/Unsplash.

Os dados divulgados pela edição 2024 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil indicam uma queda geral do número de leitores no país de quase 7 milhões de pessoas. A Região Centro-Oeste foi a única das cinco do país onde houve aumento proporcional do número de leitores: atualmente, 47% da população local leu total ou parcialmente pelo menos um livro nos últimos três meses, um ponto percentual a mais do que na pesquisa realizada em 2019.

Mesmo assim, os dados seguem baixos, indicando que menos da metade da população lê. Mato Grosso é o destaque negativo: com apenas 36% de leitores, só perde para o Rio Grande do Norte (33%), do Nordeste, a posição de estado com menor número de leitores do Brasil.

Mato Grosso do Sul tem 40% de leitores. Goiás e Distrito Federal estão entre os poucos estados brasileiros que superaram a marca de 50%: ambos aparecem com 52% de leitores em suas populações. Goiás se destaca em livros indicados pela escola nos últimos três meses (0,60) e obras lidas por vontade própria (2,02). No quesito livros de literatura lidos por vontade própria, o Distrito Federal aparece com 0,79 contra 0,76 de Goiás, 0,46 do Mato Grosso do Sul e 0,38 Mato Grosso. No Mato Grosso e Mato Grosso do Sul 74% e 78% dos entrevistados NÃO leem literatura por vontade própria. No Distrito Federal 17% leem pelo menos uma vez por semana independente de ser em papel ou formato digital. Quando se trata de aquisição de livros, no Centro-Oeste 30% dos entrevistados compram seus livros em lojas físicas e 19% pela internet. Sobre a frequência de leitura de livros de literatura por vontade própria, Alagoas está à frente com 10%, Ceará com 8% e Piauí, com 7%.

Principais formas de acesso

A compra em livrarias físicas ou online permanece como a principal forma de acesso ao livro em todas as regiões desde as edições anteriores. O maior percentual nas regiões Sudeste (54%) e Sul (53%) aponta para o maior número de livrarias físicas nessas regiões. Já Norte e Nordeste indicam a grande carência de livrarias.

Já o acesso via bibliotecas da escola apresenta um maior percentual de indicação nas regiões Norte (18%) e Centro Oeste (19%), ficando com pior percentual a Região Sudeste (14%), apesar da maior oferta de bibliotecas.

A pesquisa

Realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL) graças ao incentivo fiscal pela Lei Rouanet e patrocinada pelo Itaú Unibanco, essa edição contou com parceria da Fundação Itaú e com apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). O levantamento foi feito pelo instituto Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria.

Nesta 6ª edição, a amostra foi de 5.504 entrevistados em 208 municípios. Realizado desde 2007, o levantamento deste ano trouxe novos indicadores. Pela primeira vez foram mensurados o número de livros infantis nas residências e os hábitos de leitura dos pais sob a ótica das crianças entre 5 e 13 anos.

A metodologia da pesquisa, que segue orientação do CERLALC (Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe), se mantém desde 2007 para possibilitar a construção da série histórica, tão importante para o objetivo central da Retratos que é a avaliação e orientação de políticas públicas. Para identificar as mudanças que acontecem no cenário da leitura em especial, impactado pelos novos suportes e meios digitais de acesso e produção de conteúdo, o Instituto Pró-Livro busca a consultoria de especialistas para a formulação de questões voltadas a um diagnóstico mais preciso das mudanças que impactam o comportamento leitor. Como parte desse diagnóstico, a edição atual da pesquisa também contou com a reformulação de perguntas e de itens de respostas para captar as mudanças e facilitar a compreensão do entrevistado.

A coleta de dados foi realizada pelo IPEC por meio de entrevistas domiciliares face a face com registro das respostas em tablets e aconteceu entre 30 de abril de 2024 e 31 de julho de 2024.

De modo geral, a Retratos da Leitura no Brasil apresenta um raio-X da relação do brasileiro com o livro, aferindo informações sobre hábitos e motivações para a leitura; representações e valorização da leitura; leitura de literatura; preferências sobre livros, gêneros e autores; a leitura em diferentes suportes; o acesso a livros, em papel e digital, envolvendo bibliotecas e os diferentes canais de distribuição e venda; o papel das escolas, das famílias e das bibliotecas na formação de leitores e no desenvolvimento da leitura no Brasil; práticas leitoras e acesso em meio digital e fragmentado, em diferentes materiais e ambientes; a formação de leitores e a influência para o consumo ou acesso aos livros.

O objetivo da pesquisa é conhecer o comportamento leitor do brasileiro, a partir dos cinco anos de idade, medindo a intensidade, forma, limitações, motivação, condições de acesso ao livro – impresso e digital – pela população, orientado para contribuir com as políticas públicas e expandir o público leitor. “Este retrato detalhado tem sido essencial para orientar políticas públicas e inspirar ações concretas de incentivo à leitura e ao acesso ao livro envolvendo tanto a sociedade civil quanto os governos”, afirma a presidente do Instituto Pró-Livro, Sevani Matos.

A pesquisa completa pode ser consultada no site do Instituto Pró-Livro.

Sobre o Instituto Pró-Livro: O IPL (www.prolivro.org.br) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), sem fins lucrativos, criada e mantida pelas entidades do livro – Abrelivros, CBL e SNEL – com a missão de transformar o Brasil em um país de leitores. Tem como objetivo promover pesquisas e ações de fomento à leitura. Realiza, periodicamente, a pesquisa Retratos da leitura no Brasil, maior e mais completo estudo sobre o comportamento do leitor brasileiro, a fim de avaliar impactos e orientar ações e políticas públicas em relação ao livro e à leitura, visando, assim, melhorar os indicadores de leitura e o acesso ao livro.

Sobre a Fundação Itaú: Com o intuito de inspirar e criar condições para promover o desenvolvimento de cada brasileiro como cidadão capaz de transformar a sociedade, a Fundação Itaú foi criada em 2019. A instituição dedica programas, ações e articulação com diferentes setores da sociedade para atender às urgências do Brasil contemporâneo. Estruturada em três vertentes – Itaú Cultural, Itaú Educação e Trabalho e Itaú Social –, a Fundação garante a continuidade do trabalho desenvolvido ao longo de décadas nos campos da educação e da cultura, a expansão desse legado e uma governança ainda mais robusta – sem perder a legitimidade e a autonomia que sempre marcaram suas iniciativas. Saiba mais em www.fundacaoitau.org.br.
(Com Jô Ribes/Jô Ribes Comunicação)