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Artigo: “‘A culpa é do colchão!’ Será mesmo?”, por Laís Mori Sério

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Foto: divulgação.

Algumas vezes as pessoas chegam à clínica queixando-se de dores no corpo e colocando a culpa no travesseiro, no colchão da cama, no sofá que é novo, mas muito mole etc. E isso acontece com certa frequência. Mas será mesmo?

Vamos pensar juntos. Passamos meses – muitas vezes, anos – com determinada rotina de trabalho, alimentação, atividade física, níveis de ansiedade e estresse, entre outras coisas. Nosso organismo vai se adaptando a cada estímulo recebido e se ajeitando para funcionar da melhor maneira possível. Será mesmo que um colchão pode levar o título de grande responsável pela sua dor?

O que comumente acontece é que quando essas pessoas são questionadas na avaliação com relação às datas de surgimento do desconforto e outros episódios que já aconteceram ao longo da vida (desde acidentes e cirurgias, até início ou término de alguma prática física ou de algum tratamento), elas próprias se espantam.

Também não são incomuns os casos em que o paciente chega com o discurso “Já tentei de tudo para melhorar, inclusive já até troquei o meu colchão” e a dor continua presente. Ou houve uma melhora, porém temporária. Nesses casos, fica ainda mais evidente que a origem dos sintomas não é o colchão, pois ao identificar e mexer na causa do problema, este deve desaparecer.

É comum focarmos no desconforto – a hipótese mais óbvia – e isso muitas vezes nos faz esquecer outros acontecimentos e de relacioná-los. Mas é justamente esse um dos papeis do profissional da saúde: enxergar o paciente como um todo e ajudá-lo a se observar assim, como um sistema totalmente interligado.

É preciso lembrar que essas relações que existem em nosso organismo é que fazem nossa máquina complexa funcionar. Citando apenas alguns exemplos, a digestão, o sono e mesmo as emoções influenciam na recuperação das células e tecidos; isto é, estamos falando em cicatrização e imunidade.

Então será que uma mudança de colchão ou um colchão mais velho pode ser considerado o grande responsável pelas suas dores? Ou será que seu corpo está cheio de adaptações e compensações e a troca do travesseiro foi apenas um gatilho – a ‘gota d’água’ para ele?

Pense, investigue. Revise sua rotina, sua história. Invista inicialmente em mudanças que dependem apenas de você, do seu esforço e perseverança. Evite focar em soluções práticas e rápidas e, sim, em soluções permanentes. Dê tempo ao seu corpo. Busque o equilíbrio e sua saúde será a maior recompensada por suas atitudes.

Laís Mori Sério é fisioterapeuta formada pela PUC-Campinas (Crefito nº 124205-F), especialista em Osteopatia pela Escuela de Osteopatia de Madrid com experiência clínica e cursos de extensão nos Estados Unidos e colabora periodicamente com o site.