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Camões declama casos de corrupção na ditadura em campanha da Transparência Brasil

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação/Transparência Brasil.

Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, 68% dos brasileiros acreditam que há mais corrupção na atual democracia do que houve durante a ditadura militar. O número alarmante se deve ao fato de que o regime controlava o que era investigado, fiscalizado e, claro, informado à população. E, mesmo assim, ao menos uma dúzia de casos de corrupção foram registrados.

Na última quarta-feira (28), Dia Internacional do Acesso Universal à Informação, a ONG Transparência Brasil lançou uma campanha protagonizada por Luís Vaz de Camões. Com o mote “Ditaduras não acabam com a corrupção. Acabam com a liberdade de informar você”, uma série de curtas-metragens acabam com a ilusão de que a ditadura militar teria sido um regime menos corrupto porque havia menos notícias de ilicitudes no período.

Jornalistas que ousaram reportar irregularidades do governo militar foram perseguidos, torturados e assassinados, por agirem “contra o interesse do país”. Para evidenciar a censura, jornais publicavam trechos de “Os Lusíadas”, a grande poesia épica de Camões, em lugar de reportagens vetadas pelo regime.

Em alusão ao ato de resistência do jornalismo da época, a série “Os Ilusíadas” revela a corrupção da ditadura militar escondida pela poesia.

O lançamento aconteceu com a veiculação de um trecho de “Os Lusíadas” dentro do impresso da Folha de S. Paulo, como era feito no caso de censura. Disfarçado na letra capitular do poema, um QR Code levava para o primeiro vídeo de uma série de 12. Em cada um, o próprio Luís de Camões declama um caso épico de irregularidade no regime militar como se estivesse apresentando um jornal.

A milionária construção da Usina de Itaipu, a Rodovia Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói e os Governadores Biônicos são alguns dos casos mostrados.

Com criação da AlmapBBDO, o projeto conta ainda com o hotsite ilusiadas.transparencia.org.br, com toda a série de poemas reunida e mais informações sobre os escândalos.

(Fonte: Giusticom)