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Campanha Junho Violeta busca conscientizar sobre o ceratocone

Brasil, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

Uma em cada duas mil pessoas no Brasil é portadora de ceratocone, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Pensando neste público, entidades de oftalmologia do mundo inteiro elegeram este mês para a campanha Junho Violeta, que alerta para o risco de coçar os olhos — um ato simples e corriqueiro, mas nos pacientes de cerotocone o atrito, ao esfregar, agrava a doença.

“O paciente de ceratocone deve passar por um tratamento crônico que inibe crises alérgicas e coceira das pálpebras”, frisa o oftalmologista Dr. Armando Signorelli, de Campinas, especialista em córnea. O médico explica que a piora do quadro deve-se ao fato da córnea do portador de a doença apresentar um tecido mais delicado e fino. Segundo ele, o ato de coçar provoca ainda mais afinamento, aumentando a deformidade e a baixa visual.

O ceratocone, que pode ou não ser genético, é caracterizado pelo afinamento da córnea e, consequente, protusão desse tecido e mudança da curvatura. De arredondada como a metade de uma laranja, gradualmente passa a ficar mais pontuda, em formato parecido com um chapéu de bruxa. “Por isso o nome ‘ceratos’, que em grego é córnea e cone”, destaca.

Segundo o médico, estudos demonstram que 94% dos pacientes de ceratocone são diagnosticados entre os 12 e 39 anos e apresentam o problema nos dois olhos, mas não ao mesmo tempo. “Pode aparecer primeiro em um olho e, anos depois, no outro”, salienta.

O oftalmologista Dr. Armando Signorelli: “O paciente de ceratocone deve passar por um tratamento crônico que inibe crises alérgicas e coceira das pálpebras”.

A progressão do ceratocone é variável. No estágio inicial, o uso de óculos ou de lentes de contato rígidas mantém a boa visão; no entanto, com o decorrer do tempo, a protrusão avança, dificulta o encaixe das lentes e o paciente tem a visão reduzida. “Diferentes tipos de lentes de contato têm sido desenvolvidos para se ajustar à curvatura corneana, com alteração do material da lente, desenho, formas de uso e sistemas de limpeza e manutenção. Essas mudanças têm conferido mais conforto aos pacientes”, observa.

O médico ressalta, porém, que a doença evolui e, quando a adaptação das lentes de contato se torna difícil, pode-se indicar o tratamento cirúrgico em que se coloca a prótese Anel Intracorneano, também conhecido no Brasil como Anel de Ferrara. Ele explica que a prótese é de material acrílico óptico e, ao ser inserida dentro da córnea, corrige a deformidade e promove um espessamento do tecido corneano. A iniciativa melhora consideravelmente a acuidade visual e permite a adaptação de lentes de contato ou, em alguns casos, o uso de óculos. “Quando a córnea é muito deformada e fina, a colocação do anel é inviável e a opção para restituição da visão passa a ser o transplante de córnea”, argumenta o especialista.

Curiosidades sobre o ceratocone

– Pessoas que têm alergia nos olhos, rinite e sinusite têm mais probabilidade de adquirir o distúrbio ocular;

– Pessoas com Síndrome de Down, Síndrome de Turner, Síndrome de Marfan ou outras síndromes podem desenvolver o ceratocone com mais facilidade;

– A córnea normal apresenta formato com curvatura que se assemelha a metade de uma laranja e tem de 40 a 47 dioptrias (medida de grau de uma lente). O portador da doença tem a córnea mais fina e mais curva, em formato de cone, medindo mais que os 47 dioptrias, podendo chegar a acima de 60 dioptrias;

– A etiologia do ceratocone ainda não foi determinada. Especula-se que tenha origem a partir de defeitos em diversos genes e pode ser familiar ou incidir sobre um único membro familiar.