A melhor maneira de evitar que o novo coronavírus se alastre ainda mais é ficar em casa. No caso dos idosos, grupo mais vulnerável diante da pandemia, o isolamento social torna-se algo ainda mais urgente. O confinamento, no entanto, pode gerar outros problemas, principalmente em se tratando de pessoas da terceira idade. A falta de interação social e contato com a família podem gerar ansiedade e agravar casos de depressão. A psicóloga Daniela Bernardes, do Residencial Club Leger, instituição dedicada ao atendimento e acolhimento desta faixa etária, dá algumas dicas para superar esse período penoso sem aprofundar complicações emocionais.
– Os jogos de mesa e dominós, muitos esquecidos nas gavetas empoeiradas de casa, podem ajudar muito na tarefa de distração. São atividades que contém linguagens conhecidas por seus pais e avós e uma forma de “conversa” possível para além dos noticiários. A propósito, regular esse dispositivo é extremamente saudável para evitar ansiedade desnecessária. “O momento é de consciência e responsabilidade, mas não de alarmes”, explica Daniela.
– Falar de casos passados, junto a fotos de álbuns, pode ser uma forma de trazer aos idosos a importância de sua história e fazer com que se recordem de momentos felizes. Tudo isso pode ser compartilhado também de forma virtual. “Essa atividade ajuda a dar um sentido positivo às experiências deles e retoma sua importância na vida de cada membro familiar”, esclarece a psicóloga.
– Resgatar filmes antigos, sugerindo títulos, caso eles não estejam no mesmo ambiente dos demais parentes, pode ajudar a aliviar o sentido de afastamento, além de ser um poderoso método de distração e divertimento.
– Também são vitais as ligações ao longo do dia para aqueles que estejam distantes. “Neste caso, devamos fazê-los se sentirem seguros, reforçando que esse período difícil é algo passageiro, mas que requer cuidados”, acrescenta Daniela.
A psicóloga salienta ser natural a sensações de tristeza e desorganização de todos, não apenas dos idosos, diante de uma necessidade de reprogramar a vida de maneira tão abrupta. “Faz parte de nosso mecanismo psíquico acomodar-se cada um a seu modo, por vezes desenvolvendo a tristeza e a angústia. As estratégias que consideramos tendem a ser uma forma de alívio desses mecanismos, até que cada um internamente encontre sua forma de enfrentamento. Cada um tem seu tempo para isso”, diz.
A psicóloga cita um trecho de um poema de Mário Quintana: A arte de viver é simplesmente a arte de conviver. Simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!
“Temos de aprender com os desafios, para que todos possamos sair melhores de tudo isso. Será que essa ‘parada obrigatória’ não quer nos dizer alguma coisa em relação à forma como estamos tratando nossos idosos?”, analisa Daniela, concluindo.