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Especialistas esclarecem mitos e verdades sobre o bruxismo, problema que afeta 40% dos brasileiros

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: divulgação/website Hospital Paulista.

O bruxismo afeta 30% da população mundial e 40% dos brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Incômodo e doloroso, o problema, caracterizado pelo apertamento ou ranger dos dentes, é uma desordem funcional marcada pelas atividades repetitivas dos músculos utilizados para a mastigação. Tensão, ansiedade, estresse e fatores genéticos estão entre os principais causadores desse mal, que pode levar ao amolecimento dos dentes, dores de cabeça, pescoço e músculos do rosto. Os cirurgiões buco-maxilo-faciais do Hospital Paulista de Otorrinolaringologia, Dr. Cristian Alexandre Correa e Dra. Juliana Mussi, tiram as dúvidas sobre esse problema, que pode afetar tantas pessoas.

O bruxismo conta com duas manifestações distintas: o bruxismo do sono, que ocorre durante o descanso, e o bruxismo em vigília, caracterizado como o apertamento dos dentes no decorrer do dia, enquanto o indivíduo está acordado.

De acordo com a Dra. Juliana, um dos pontos dessa disfunção é o acometimento da articulação temporomandibular (ATM), que liga a mandíbula ao crânio, que pode causar dificuldade mastigatória e de abertura de boca, desgastes e fraturas dentárias, retração gengival, lesões na língua e mucosa oral, além de barulhos na articulação.

Além disso, é possível que estes pacientes sofram com os chamados sintomas otológicos – dores de ouvido, zumbidos e sensação de ouvido tapado – devido à proximidade de estruturas anatômicas.

Segundo o Dr. Cristian Alexandre, muitas são as dúvidas e os mitos acerca do assunto. Algumas pessoas acreditam que o bruxismo pode ser ocasionado por uma verminose durante a infância; que ele afeta mais adolescentes que adultos e, o principal, que a patologia não tem tratamento. “O bruxismo pode acometer pessoas em qualquer idade, mas, de fato, é mais comum em pessoas com alto índice de estresse. Outra verdade pouco conhecida, é que as mulheres têm mais chances de desenvolver o bruxismo que homens, chegando a 90% dos casos”, explica o especialista.

De acordo com o médico, todas as dores crônicas craniofaciais e disfunções da ATM são tratáveis e, para 95% dos casos, o tratamento clínico é recomendado. A indicação de tratamento clínico e cirúrgico atinge apenas 5% dos pacientes.

Bruxismo durante a pandemia | O bruxismo pode se manifestar na infância, adolescência e na vida adulta e tem como principais causas a tensão, ansiedade e estresse – problemas bastante comuns durante o período do isolamento tanto nos pais, quanto nas crianças.

Segundo Dr. Cristian, as preocupações trazidas pela pandemia da Covid-19, como desemprego, ansiedades com relação à vacina, o medo de ficar doente e o próprio isolamento social, que têm deixado as pessoas mais estressadas e apreensivas, são os principais responsáveis pelo aumento dos casos recentes de bruxismo. “O isolamento aumentou muito o estresse da população em geral e, como consequência, houve uma ampliação no índice de apertamento dental, gerando crescimento significativo dos casos de disfunções da ATM, síndrome dolorosa miofascial e cefaleia tensional”, alerta o especialista.

Tratamento | Segundo a Dra. Juliana, o problema não tem cura, mas é possível controlar os sintomas e minimizar consideravelmente os danos causados por ele por meio de tratamentos específicos e da abordagem individualizada para o quadro de cada paciente. Entre os tratamentos comuns, estão a placa oclusal (tipo aparelho dentário), uso de medicamentos, fisioterapia, terapias alternativas para minimizar o estresse e avaliação psicológica.

Como prevenção, a médica ressalta a importância do estilo de vida com hábitos saudáveis, pois eles são capazes de ajudar a evitar o problema, além do controle do estresse do dia a dia.