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IAC inaugura área de pesquisa de extração de óleos essenciais

Campinas, por Kleber Patricio

Campo de lavanda. Foto: Hans/Pixabay.

Profissionais do setor de plantas aromáticas e de extração de óleos essenciais ganharam um triplo reforço do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) na terça-feira, 7 de dezembro de 2021: será inaugurada uma nova área de pesquisa e prestação de serviço com um novo secador metálico solar/elétrico. Esse upgrade nas instalações irá propiciar condições para atender cerca de 200 processos por ano. Também no dia 7, foi aberta uma nova oportunidade de aprendizado no 6° Curso Prático de Extração realizado pelo IAC em Campinas. No evento, o Instituto lançou ainda o livro Plantas Aromáticas: contribuições científicas e tecnológicas para a cadeia produtiva de óleos essenciais. O curso será na Sede e na fazenda Santa Elisa do IAC da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

Na nova área, chamada Planta Piloto Agroindústria de Extração de Óleos Essenciais, serão realizados processos de extração de óleo para fins de pesquisa e para prestação de serviços a pequenos produtores. O novo secador metálico solar/elétrico é um auxiliar no processo de plantas aromáticas, que necessariamente precisam de secagem para viabilização da extração do óleo essencial, como ocorre, por exemplo, com camomila e patchouli. “Mas o secador também terá a função no estudo de plantas medicinais para fins de extratos e fitoterápicos; para as plantas condimentares e chá e pesquisa de tempo de secagem”, comenta a pesquisadora do IAC e responsável pela área, Eliane Fabri.

A nova estrutura proporcionará maior agilidade às atividades. “Para cada processo, dependendo da quantidade de material para ser trabalhado, leva-se um dia de trabalho para concluir”, diz a cientista. Os investimentos nessa estrutura foram feitos pelo governo paulista, no total de R$235.600,00. Outro equipamento destilador foi obtido com recursos de parceria público-privada.

Curso Prático de Extração | O 6° Curso Prático de Extração terá palestras e atividades práticas. Pela manhã, as palestras serão na sede do Instituto, em Campinas. À tarde, a parte prática do curso terá visita ao campo de produção, acompanhamento das etapas de carregamento do destilador, destilação e separação do óleo essencial, embalagem e armazenamento, na fazenda Santa Elisa do IAC.

A pesquisadora do IAC e coordenadora do evento, Eliane Fabri, irá palestrar sobre como produzir plantas aromáticas para extração de óleos essenciais. Para essa finalidade, o cultivo se diferencia dos demais fins e usos dessas plantas, principalmente, em relação ao manejo e ao ponto de colheita. “Por exemplo: no caso do manjericão, para uso condimentar, o ponto de colheita é quando a planta está em pleno estágio vegetativo (apenas com folhas e sem hastes florais), mas se a finalidade for a extração do óleo essencial de manjericão, o ponto de colheita é quando a planta está em pleno desenvolvimento vegetativo e em plena floração, pois nestas condições o teor de óleo essencial na planta é maior”, leciona.

Podem haver também diferenças quanto ao espaçamento das plantas no campo. A maioria dos cultivos de plantas aromáticas é irrigada. “As recomendações técnicas norteiam o produtor baseado em dados científicos, mas cada região tem sua especificidade edafoclimática, que poderá interferir e haver necessidade de adaptações para o local”, completa a cientista do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

No curso, serão abordadas as plantas mais demandadas pelo mercado de óleo essencial, como capim-limão, citronela, alecrim, lavandas, gerânio, manjericão, melaleuca, funcho, erva-baleeira e alfavaca.

O evento atrai participantes de todas as regiões brasileiras e o perfil do público é bem diverso – há produtores, biólogos, ecologistas, agrônomos, pesquisadores, estudantes, produtores em início de atividade e alguns já experientes no assunto.

Os produtos desses cultivos seguem para o mercado de varejo de óleos essenciais, em embalagens fracionadas, e mercados atacadistas. Segundo Eliane, muitos produtores verticalizaram a produção criando sua própria linha de cosméticos ou fitoterápicos, mas outros têm parcerias com empresas farmacêuticas ou de perfumes e cosméticos.

A transferência de conhecimento e tecnologias é fundamental para o sucesso da lavoura e da extração de óleos essenciais. Por exemplo, o cultivo de vetiver para extração de óleo essencial exige solos bem drenados, tipicamente arenosos e com pH acima de 8. “Em solos franco- argilosos é possível cultivar, porém o arranquio das plantas se tornará uma operação muito trabalhosa, já que as raízes são usadas para a extração do óleo essencial e em relação ao pH do solo continuará exigindo acima de 8”, explica Eliane.

Como são os cultivos e as agroindústrias | Em geral, há agroindústrias de pequeno porte, instaladas em sua maioria em pequenas propriedades. Tem também algumas de médio a grande porte; porém, com característica de empresa familiar. Existem ainda empresas com porte maior e que saem do perfil familiar. Essas agroindústrias são responsáveis pela produção das plantas no campo e pela extração do óleo essencial. “Mas existem empresas que adquirem óleos essenciais dessas agroindústrias e os utilizam como matéria-prima para outros produtos, como perfumes, cosméticos, alimentos e bebidas, medicamentos e químicos”, afirma Eliane.

No Brasil, as principais plantas aromáticas cultivadas são alecrim, alecrim do campo, camomila, funcho, capim-limão citratos e capim-limão flexuosus, citronela de java, citronela do Ceilão, gerânio, lavandas, orégano, tomilho, manjericão, melaleuca, louro, manga, erva-baleeira, goiaba, pimenta-rosa, cravo, canela, gengibre, açafrão, zedoária, mil folhas, vetiver e patchouli.

No estado de São Paulo, há predominância de cultivos na região de Jaú, Dois Córregos, Santa Maria e Torrinha, com extração principalmente de óleo essencial de eucalipto, citronela e capim-limão. A região do Vale do Paraíba se destaca com produção orgânica e agroecológica, além da maior diversidade de espécies: alecrim, lavandas, gerânio, capim-limão, erva-baleeira, alecrim do campo, citronela e melaleuca. “Além dessas, há cultivos também nas regiões de Capão Bonito, Bom Sucesso de Itararé, Catanduva, Votuporanga e Araraquara, que vêm despontando na produção de óleos essenciais, e na região de Amparo, Socorro e Estiva Gerbi também há produtores”. De um modo geral, quase todos os estados brasileiros têm alguma produção de óleo essencial.

Segundo a pesquisadora do IAC Lílian Cristina Anefalos, o número de produtores é incerto devido à carência de informações mais detalhadas sobre esse setor. “Por isso, o IAC está realizando um trabalho diferenciado junto ao setor por meio de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em parceria para, de fato, estruturar um programa dedicado ao desenvolvimento de tecnologias agrícolas para o segmento de aromáticas”, diz a pesquisadora, que irá palestrar sobre aspectos relevantes da cadeia produtiva e mercado.

No Brasil, há óleos essenciais provenientes de cultivos consolidados de citronela, lima e eucalipto ou provenientes de espécies nativas brasileiras, como pau-rosa, com preços mais elevados em relação aos importados. Atualmente, os principais mercados de óleos essenciais estão concentrados na América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico. As principais matérias-primas são laranja, limão, eucalipto, lima, folha de trevo, hortelã e citronela.

Gargalos do setor | De acordo com Eliane Fabri, dentre os desafios desse setor estão a necessidade do fortalecimento da cadeia de produção e a melhoria da interlocução com os diversos elos. É preciso também encarar a competitividade com os óleos essenciais importados e a falta de conhecimento sobre os aspectos regulatórios do negócio.

(Fonte: Assessoria de imprensa | IAC)