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Livro relembra exibições de humanos em zoológicos e espetáculos

Brasil, por Kleber Patricio

Publicação apresenta e discute os zoológicos humanos, as feiras de exibição e os freak shows existentes até o início do século XX. Foto: divulgação/Agência Bori.

Zoológicos Humanos: gente em exibição na era do imperialismo, de Sandra Koutsoukos, é repleto de fotografias e vídeos que expõem a brutalidade dos chamados zoológicos humanos e dos espetáculos de exibição de pessoas com peculiaridades físicas ou de diferentes etnias, que ocorriam nos Estados Unidos, na Europa e até mesmo no Brasil até o início do século XX. Publicado pela Editora Unicamp, o livro será lançado no dia 9 de dezembro.

Formada em Belas-Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutora em multimeios pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, a autora fez pós-doutorado em História da Fotografia pela mesma universidade. Todas essas especialidades aparecem no livro, que constrói a narrativa por meio de diversos registros, como filmes e músicas, acessados por meio de QR Codes que dão ao leitor a oportunidade de testemunhar a história com os próprios olhos.

O livro mostra que as exibições iam além da curiosidade de um público em busca de entretenimento. Havia apoio de muitas autoridades científicas, que usavam as feiras de exibição como campos de estudo para comprovar as suas hipóteses racistas e capacitistas, além de objetivos econômicos. O livro apresenta também a história de pessoas que foram privadas de suas individualidades devido a características de seus corpos. Entre elas, estão Sarah Baartman, mulher da etnia khoi-san exibida na Inglaterra, chamada de “Vênus Hotentote”, Joseph Merrick, inglês com elefantíase conhecido como “Homem Elefante” e Ota Benga, rapaz congolês da tribo Mbuti que chegou a ser exibido junto a macacos no zoológico do Bronx, em Nova Iorque. Episódios como esses ocorreram também no Brasil, onde o governo deu aval à exibição de índios botocudos no Museu Nacional em meados do século XIX.

Zoológicos Humanos: gente em exibição na era do imperialismo dá a conhecer a brutalidade da era imperial e sua visão hierárquica das culturas e etnias. Não se trata de assunto distante do leitor contemporâneo, pois vivemos em um tempo em que pessoas são assassinadas enquanto outras as filmam.

(Fonte: Agência Bori)