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Multilinguismo vai além de oferecer mais conhecimento em várias línguas para os alunos

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: JESHOOTS.COM/Unsplash.

O ensino de línguas ganhou corpo no Brasil nos últimos anos. A globalização e a revolução dos meios de comunicação aceleraram a necessidade de dominar não somente a língua nativa, mas também outras, como por exemplo, o inglês, o espanhol, o alemão – sendo que o inglês é considerado uma língua universal. Essa demanda estimulou o fortalecimento do multilinguismo, o que resultou em um aumento de 10% no número de escolas que investem no ensino de pelo menos dois idiomas, segundo dados da Associação Brasileira de Ensino Bilíngue.

De acordo com Lyle French, head de International Programs do colégio Lourenço Castanho, o trabalho com várias línguas é importante para os alunos em um momento competitivo. “Isso abre portas para que o aluno pense em estudar fora no Ensino Médio, fazer uma faculdade de alto nível no Brasil ou se tiver que dominar o inglês, por exemplo, para conseguir boas oportunidades de trabalho”. Uma pesquisa do British Council aponta que mais de 40% das empresas hoje consideram o domínio do inglês uma competência básica essencial.

A língua inglesa é um dos pilares do ensino da escola, que coloca em prática o World Language Program, que tem como intuito tornar o aluno proficiente em inglês. “É comum no Brasil as pessoas falarem que são fluentes em inglês, mas a verdade é que precisa ser proficientes na fala, na leitura e na escrita”, diz Lyle.

Ser proficiente em duas ou mais línguas ajuda o aluno pensar de forma diferente, de acordo com Lyle French. “Quando você domina duas línguas, já pensa diferente. Tem a mente mais aberta, mais vocabulário e acesso a uma ampla quantidade de repertório. Com isso, terá mais recursos para ler, compreender, escrever, falar, se comunicar, defender ideias e pontos de vista. E essas habilidades tornam as pessoas mais contratadas no mercado atualmente”.

Benefícios cognitivos

Ter domínio de outras línguas não traz nenhum prejuízo à construção de conhecimento dos alunos, de acordo com Lyle, independentemente da idade – muito pelo contrário. Quanto mais cedo o aluno tiver contato com uma segunda língua, melhor. “Quando o aluno começa a aprender outra língua na primeira infância, consegue criar mais conexões no cérebro, tornando-o mais plástico. Além disso, pensa com mais clareza, com mais rapidez e de forma geral, esse aluno é o que tem apresentado melhor desempenho quando mais velho – se depara com avaliações internas ou externas”.

De acordo com French, essas conexões são naturais. “No futuro, essa criança vai falar com fluência, ter mais vocabulário e falar de forma natural, sem precisar ficar pensando muito em vocabulário”.

Outro benefício, de acordo com estudos, é a redução da chance de desenvolver doenças que afetam o cérebro, como é o caso do Alzheimer, entre outros tipos de demência. Exercitar o cérebro de forma mais desafiadora eleva o nível de plasticidade e auxilia na prevenção de doenças.

O estudo intitulado “Bilingual Brains”, feito na Universidade de Stanford, na Califórnia, aponta que, por ter a neuroplastia do cérebro estimulada, o aluno tem maior habilidade de bloquear distrações e reter a atenção, além de analisar e organizar as informações com mais facilidade.

Especialistas apontam que trabalhar o processo de aprendizado de uma segunda língua, já ativa algumas áreas do cérebro responsáveis pela memória, foco, atenção, pensamento crítico, pensamento analítico e criatividade. Além de todos esses benefícios cognitivos, um dos grandes benefícios é o fato de que o aluno conseguirá conversar em mais de um idioma.

(Fonte: Betini Comunicação)