A Prefeitura de Indaiatuba e a UniMAX lançaram oficialmente na noite da última quarta-feira (15) o Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM). O evento contou com a participação de 640 pessoas, entre autoridades, pesquisadores internacionais, profissionais de saúde e alunos da universidade indaiatubana.
A mesa de debates e apresentações do projeto foi composta pelo professor Eurípedes Constantino Miguel, professor titular, coordenador do programa de pós-graduação e vice chefe do departamento de psiquiatria da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP), professor Luis Augusto Rhode, professor titular do departamento de psiquiatria e medicina legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e o professor Paulo Rossi Menezes, professor titular de medicina preventiva da faculdade de medicina da USP. Também participou do evento, mas de maneira virtual, Dr. Nuno Sousa, membro do Conselho Consultivo do Curso de Medicina do Grupo UniEduK.
Segundo o prefeito de Indaiatuba, Nilson Gaspar, investir em saúde mental nunca foi tão importante como nos dias de hoje. “Cada vez mais estamos reféns das tecnologias que nos conectam, como computadores e celulares. As pessoas estão perdendo os vínculos afetivos com família e amigos e isso traz um prejuízo enorme ao longo do tempo, principalmente na questão da socialização. Por isso, um projeto com essa magnitude prevê um acompanhamento mais clínico nas ações que envolvam a saúde mental”, comentou o prefeito.
Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM)
O projeto tem por objetivo o desenvolvimento de tecnologias de saúde mental digital e a implementação de estratégias efetivas para transformar e aumentar a acessibilidade em tratamentos de saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS) em Indaiatuba nos próximos dez anos.
O Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental proposto pela UniMAX e a Prefeitura será desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Universidade de Yale, Universidade de Harvard e o Instituto Karolinska, além da iniciativa privada por meio do Banco Industrial do Brasil, que enviou ao evento de lançamento seu mantenedor, Dr. Carlos Mansur.
Segundo a diretora da UniMAX, Luciana Mori, o projeto é inédito no Brasil. “Ter um projeto de pesquisa dessa monta, como é o CISM, em uma instituição de ensino privado, é algo inédito nesse país. O que buscamos com parceria público-privado é entregar para a população, em um primeiro momento para Indaiatuba, posteriormente para o Estado de São Paulo e em todo o Brasil, uma saúde mental de qualidade. Este é apenas o pontapé inicial de um projeto extremamente inovador e a nossa pretensão é que, aliado as melhores práticas e técnicas, possamos entregar à sociedade pessoas emocionalmente muito mais saudáveis”, salienta a também professora Luciana.
Os três eixos do CISM
O CISM atuará basicamente em três eixos. A primeira área envolve a necessidade de avançar nas pesquisas em Neurociência de Precisão em saúde mental. Isso será vinculado à Corte Transgeracional Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais, que permite a pesquisadores e estudantes em ciências de saúde mental investigar os fatores genéticos e ambientais que precipitam transtornos mentais em um estudo com 2.511 crianças e adolescentes acompanhados por mais de uma década.
A segunda área tem como foco desenvolver e testar novas tecnologias de intervenção em transtornos mentais utilizando de soluções digitais e criando hubs de inovação. Ao longo dos próximos anos, o CISM vai implementar um sistema de tratamento por aplicativo para alguns transtornos mentais comuns, no sistema de saúde de Indaiatuba. O aplicativo Conemo – acrônimo para Controle Emocional – se mostrou eficaz em reduzir significativamente sintomas de Depressão.
Nessa nova iniciativa, pacientes das UBSs de Indaiatuba que apresentem sintomas de Depressão, Ansiedade e Insônia poderão receber o tratamento, que é totalmente digital e auto aplicado. Os protocolos são baseados em princípios de Terapia Cognitivo-Comportamental, que é uma técnica comprovadamente eficaz para o tratamento destes transtornos. A proposta é que esta nova tecnologia possa ser integrada ao serviço de saúde e oferecida para a população de forma continuada após a conclusão do estudo.
O terceiro eixo vai atuar sobe a perspectiva de reduzir o tempo entre a descoberta de intervenções eficazes em saúde e sua utilização na prática clínica, percurso que hoje leva em torno de 20 anos. O CISM desenvolverá estudos com foco na implementação de intervenções de saúde mental sofisticadas, como terapia cognitivo-comportamental pela internet e visitas domiciliares focadas no apego seguro de mães e bebês ao SUS.
Uma das convidadas para o lançamento do CISM na última quarta foi a enfermeira em Saúde Mental e professora da FIEC Murielle Badin, que elogiou a proposta do projeto. “Acredito que o projeto tem potencial para promover e melhorar a saúde mental das populações dos municípios envolvidos. Além disso, poderá impactar na formação dos profissionais de saúde para construção de valores como a solidariedade e compaixão aos que estão em sofrimento psíquico leve ou grave. Uma vez que há forte estigma e preconceito em relação às pessoas com transtornos mentais e isso precisa ser rompido para uma atenção integral à saúde das comunidades quanto ao aspecto físico e mental”, concluiu.
(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)