O primeiro veículo elétrico do Brasil que não possui chave física e é compartilhável com outras pessoas mediante envio de autorização pela Internet deve começar a ser produzido em até quatro meses na fábrica da Startup Gaia Electric Motors, em fase de instalação em Manaus (AM). Híbrido de carro e motocicleta, com design de veículo esportivo, o Gaia apresenta-se como uma plataforma de mobilidade por suas características, que se assemelham mais às de um gadget do que de um veículo tradicional. Com uma carga de oito horas seguidas feita em tomadas comuns, o dispositivo não depende de infraestrutura pública de carregamento e possui autonomia para circular por aproximadamente 200 km a um custo médio de R$8,00. O produto foi apresentado na Automotive Business Experience (ABX) 2019, em São Paulo e a pré-reserva das unidades já teve início por meio do site http://gaiaelectric.com.br/ mediante depósito reembolsável de R$300,00.
Descrição
O Gaia foi projetado para ser mais leve do que os automóveis comuns – pesa menos de 500 kg –, a fim de viabilizar uma motorização elétrica por um valor mais acessível do que o existente no País. São dois motores elétricos com 40 KW de potência máxima, o que garante um desempenho comparável ao de um carro 1.6, porém com zero emissão.
O dispositivo é 100% conectado à internet por meio de um chip e não possui chave física. Através de um aplicativo próprio, o proprietário pode compartilhar o acesso com outras pessoas, seja por Whatsapp ou e-mail. Dessa forma, evita-se a ociosidade do veículo. “É possível autorizar outros condutores a utilizá-lo e personalizar as especificações para o uso, por região e horário, por exemplo”, explica Ivan Gorski, fundador e CEO da Gaia Electric Motors. Além disso, o proprietário tem total acesso ao seu veículo e recebe alerta pelo celular caso este apresente alguma atividade irregular, o que contribui para minimizar os problemas com segurança.
O veículo é diferente de tudo que existe hoje no Brasil – possui uma estrutura parcialmente aberta, três rodas e tem capacidade para duas pessoas. Com design futurista assinado por um escritório polonês especializado em veículos esportivos, oferece a segurança necessária para tráfego inclusive em rodovias, uma vez que ele pode chegar a até 130 km por hora.
O Gaia é considerado uma motocicleta pela legislação brasileira e para conduzi-lo é necessário ter habilitação na categoria A. Como as motocicletas possuem incentivos fiscais no polo industrial de Manaus, tal classificação ajudou a reduzir o custo do produto.
A Gaia Electric Motors não é uma montadora e, sim, uma empresa de tecnologia e mobilidade. O veículo Gaia faz parte de uma plataforma completa de mobilidade que inclui hardware e software, podendo ser facilmente implementada pelo país, seja em grande ou pequena escala. A ideia é suprir inicialmente as empresas interessadas em oferecer serviços por meio da plataforma, bem como os investidores que queiram construir a infraestrutura de serviços de mobilidade em suas regiões. “Como tivemos muita procura também por consumidores e clientes pessoas físicas, optamos por habilitar um sistema de pré-reservas que já conta com mais de 100 inscritos desde o lançamento. Estamos ofertando um veículo que deve custar metade do preço de um automóvel elétrico no Brasil, na faixa de R$80 mil”, esclarece Gorski. “Obviamente, através da economia compartilhada, esse custo é facilmente diluído”, reforça o CEO da empresa.
Propósito
O Gaia é fruto de uma demanda pessoal de Ivan Gorski. Executivo internacional de carreira em empresas de tecnologia e Internet como UOL, Yahoo e LinkedIn, ele enxergou uma demanda entre os millennials (ou geração Y – os nascidos após o início da década de 1980 até ao final da década de 1990), como ele próprio, que apresentam comportamento de consumo peculiar: preferem uma experiência positiva à posse de algum bem de luxo, como um carro, por exemplo e privilegiam alternativas sustentáveis. “Percebi que a indústria automotiva abandonou essa categoria. Hoje, o acesso por parte de jovens em seu primeiro emprego a um veículo zero quilômetro é praticamente impossível, porque é algo muito caro. Essa geração perdeu os laços com a propriedade do produto e passou a valorizar o compartilhamento”, afirma.
Dessa forma, Gorski e os demais membros da equipe desenvolveram o conceito a partir de uma cultura de inovação, unindo a infraestrutura necessária em hardware e software para atender esse público jovem e conectado e impulsionando a adoção da mobilidade elétrica no País. “Queremos liderar a transição de uma indústria bastante tradicionalista como a automotiva nesta quarta Revolução Industrial – a da Internet das Coisas – transformando o Gaia em uma opção natural de transporte para a próxima geração”, explica ele. De acordo com o empresário, o objetivo é elevar a plataforma para um nível de escala nacional, gerando grande volume de negócios no País. A meta é construir um negócio de R$1 bilhão em cinco anos, aproveitando o fato de a indústria automotiva atual avançar lentamente sobre a geração jovem.
Sobre a Gaia Electric Motors
Fundada em 2018, a empresa já passou por duas rodadas de investimentos e foi avaliada em R$10 milhões em abril deste ano. Formada por acionistas e investidores brasileiros, dentre os quais o empresário de Campinas Eduardo Lelis, a Gaia Electric Motors é uma empresa de tecnologia provedora de soluções para mobilidade elétrica. Com a participação de engenheiros e colaboradores do mundo todo, a Gaia é a primeira empresa de capital e controle nacional a introduzir no País um veículo com um chip de internet integrado, além de aplicativo próprio de compartilhamento.
Sobre Ivan Gorski
Aos 37 anos, Ivan Gorski fez carreira em empresas de tecnologia como UOL, Yahoo! e LinkedIn. Estudou Artes e se formou em Comunicação, com MBA em Gestão de Negócios pela FGV. Em sua trajetória, recebeu prêmio em 2009 pelo fundador do Yahoo!, Jerry Yang, ao liderar a inclusão de usuários em lan houses na América Latina. Foi gerente de Operações para América Latina do LinkedIn de 2012 até 2018 na divisão de Publicidade e visitou diversos países na América, Europa e Ásia. Sua trajetória permitiu reunir profundos conhecimentos de concepção de produtos, tecnologia, programação e aplicação prática em negócios. Como gestor, trabalhou com o modelo cultural de empresas abertas de tecnologia orientadas à inovação e sediadas no Vale do Silício.
Estatísticas
Conforme o relatório Electric Vehicle Outlook 2017, realizado pela Bloomberg New Energy Finance, em 2040, os carros elétricos corresponderão à metade das vendas de automóveis zero-quilômetro e um terço da frota no mundo será movido a eletricidade.
O estudo aponta que para o consumidor final, até 2030 o carro elétrico terá o mesmo valor ou será até mais barato que o carro a combustão – isso sem demandar de subsídios governamentais.
Já os mais recentes dados do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) mostram que, em 2017, os automóveis comuns de passeio foram responsáveis por quase 75% da emissão dos gases poluentes na atmosfera da cidade de São Paulo, o que os tornam os principais causadores de complicações respiratórias na população.