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Cemitério do Campo de Santa Bárbara d’Oeste completa 150 anos

Santa Bárbara d'Oeste, por Kleber Patricio

Fotos: divulgação.

O Cemitério do Campo, localizado em Santa Bárbara d’Oeste, comemora no dia 13 de julho 150 anos de fundação. Ele é um marco vivo da única imigração em massa de estadunidenses para o Brasil e possui um valor histórico incalculável para a sociedade brasileira e para a região. Lá estão enterradas pessoas que contribuíram significativamente para o progresso econômico, social e educacional do Brasil, cujos resultados são colhidos até os dias de hoje.

A origem do Cemitério do Campo está atrelada à imigração estadunidense promovida pelo governo monárquico brasileiro após a Guerra da Secessão nos Estados Unidos da América. Dentre os primeiros imigrantes a chegarem ao Brasil, em meados 1865, está o Coronel Asa Thompson Oliver, oriundo do condado de Waller, Estado do Texas. Após alguns meses visitando alguns estados brasileiros, Coronel Oliver adquiriu uma fazenda na região de Santa Bárbara d’Oeste conhecida até então como “Campo” e enviou correspondência para sua esposa Beatrice para que imigrasse com a família para o Brasil. Em 1867, durante a viagem para o Brasil, Beatrice contraiu tuberculose, vindo a falecer em 13 de julho de 1868 na fazenda do Campo. Para a surpresa do coronel, o padre da cidade não permitiu o enterro da Sra. Oliver no cemitério municipal, que era de propriedade da Igreja Católica, pois a família não era católica e, sim, protestante. Sem alternativas, o coronel decidiu enterrá-la na própria fazenda. Sendo assim, o túmulo de sua esposa se tornou a primeira sepultura do local, que tornar-se-ia o que é hoje o Cemitério do Campo. Dois anos depois, a tuberculose consome a vida da filha mais velha do casal e, em 19 de abril de 1869, ela é enterrada ao lado da mãe. Contudo, o falecimento do pequeno Henry Bankston, em 7 de julho de 1869, que também não pode ser enterrado no cemitério municipal, fez com que seus pais, imigrantes estadunidenses residentes na região, solicitassem ao Coronel Oliver a destinação da área para a criação de um cemitério. Assim nascia o Cemitério do Campo, também conhecido como “Cemitério dos Americanos”.

Entre os anos de 1875 a 1954, foi a família Bookwalter a responsável pela manutenção do local. Em 1º de agosto de 1906, o então intendente municipal Thomas Alonso Keese publica a Lei Municipal nº 57, regulamentando o Cemitério do Campo. Em 1954, é fundada a Fraternidade Descendência Americana (FDA), que assume a responsabilidade de manutenção de toda a área do Cemitério do Campo. Em 1983, Ross Emory Pyles e sua esposa Maria Helena de Oliveria Pyles doam a área do cemitério para a FDA.

O Cemitério do Campo é o local onde se consolidou a primeira Igreja Batista do Brasil (10/9/1871), a primeira Igreja Metodista do Brasil (20/8/1871) e a primeira Igreja Presbiteriana da Junta de Missões dos Estados Sulistas dos EUA no Brasil (26/6/1870). Lá estão enterradas personalidades importantes da imigração, como Coronel William H. Norris, responsável pelo agrupamento na região da cidade da Americana; Joseph Whitaker, que introduziu o cultivo da melancia da variedade Cascavel da Geórgia; Dr. Cícero Jones e Dr. Robert Cícero Norris, renomados médicos da região na época e John Dunn, o primeiro fabricante e importador de implementos agrícolas.

Há também ilustres desconhecidos que, diretamente ou indiretamente, contribuíram para a criação e desenvolvimento de escolas no padrão americano, como a Universidade Mackenzie, o Colégio Piracicabano e Unimep, a Universidade Federal de Lavras; as indústrias locais, como a indústria Têxtil Carioba, as Indústrias Romi, Nardini e Sans, entre tantas outras, e a estação de trem de Americana.

Hoje em dia, o Cemitério do Campo é um local de visitação de turistas e estudantes do Brasil e do mundo que desejam conhecer um pouco mais sobre o legado da única emigração da história dos EUA. Anualmente, a Fraternidade Descendência Americana realiza a Festa Confederada no local, preservando e divulgando a cultura estadunidense para milhares de visitantes.

Símbolo de um período, o Cemitério do Campo conecta o passado ao presente e fornece subsídios para a construção de um futuro melhor. Caso tenha interesse em visitar o Cemitério do Campo, entre em contato com a FDA pelo telefone (19) 3629-1800.