O mundo da moda sempre trabalhou fortemente as questões de pertencimento e de identidade, refletindo a sociedade e a cultura de cada época. Sua essência disruptiva também contribuiu para a realização de sonhos em mulheres, homens e adolescentes e para questionamentos – principalmente de jovens, que utilizam as roupas em protesto e como forma de expressão. Por outro lado, nos dias atuais, esse setor enfrenta dois desafios: o alto impacto ambiental da atividade e a precária condição de trabalho em alguns lugares do mundo.
“Eu ouvi a expressão de que a ‘moda é a filha predileta do capitalismo’. E, de fato, ela sempre incentivou o consumo exagerado”, afirmou Fernanda Simon, diretora executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil, durante a BW LIVE: Moda e Sustentabilidade, transmitida no dia 9 de setembro pelo perfil @bwexpo no Instagram. Ela avaliou que antigamente as confecções trabalhavam em quatro coleções e, atualmente, esse número pode chegar a 50; por isso lojas recebem semanalmente algumas peças novas, principalmente as de departamento. Em sua opinião, para combater os dois desafios, é preciso olhar na cadeia como um todo. “Necessitamos de uma revolução e uma mudança sistêmica no mundo da moda. Não adianta olhar apenas um aspecto, como por exemplo, a matéria-prima ou o comportamento do consumo”, enfatizou Fernanda, que ressaltou que o consumidor tem uma “chave na mão” para essa mudança porque é ele quem faz o investimento em uma peça. Para isso, ela ponderou que é possível incentivar o cidadão a questionar as marcas sobre a origem dos produtos, a forma como as peças foram feitas e que tipo de matéria-prima ou processo de tingimento foi utilizado. “Esse poder do consumidor pode abrir uma porta para essa transformação sistêmica, despertando as marcas para a necessidade de melhorias”.
Entretanto, o questionamento é apenas uma etapa nesse processo. Outra seria a mudança de comportamento no consumo de forma geral. Isso porque, segundo Fernanda, não basta apenas adquirir produtos de marcas ecologicamente sustentáveis, mas também como usar essa roupa – “O cidadão pode, por exemplo, refazer, trocar, comprar de segunda mão, customizar, ir além da simples aquisição do produto”, complementou.
No caso da indústria, a diretora executiva do Instituto Fashion Revolution Brasil comentou sobre a importância de uma alteração em todo o ciclo de produção, desde a adoção de matérias-primas mais limpas, de processos de beneficiamento atóxicos, do desperdício em todas as etapas – no corte, por exemplo, pode chegar até 30% – e no uso de tecidos biodegradáveis, entre outros. “Essa nova geração está muito mais crítica e informada. Por isso, as marcas têm buscando mudanças, que precisam também ser reconhecidas. Mas ainda temos muito a fazer”, finalizou.
Para assistir ao evento na íntegra, basta acessar o Canal do YouTube da Sobratema.
BW 2020
O movimento BW 2020 irá promover, entre os dias 17 e 19 de novembro, um grande evento totalmente digital que proporcionará uma experiência ímpar para todos os seus participantes. Uma das propostas da BW 2020 é trazer os assuntos prioritários da sustentabilidade do meio ambiente para o mercado. Dessa forma, para abordar com profundidade esses temas, o movimento conta com Núcleos Temáticos que irão conectar redes específicas, compartilhar conhecimento e ampliar as conexões das empresas e profissionais, gerando sinergias e oportunidades de negócio para todos. São eles: Agronegócio Sustentável, Conservação de Recursos Hídricos, Construção Sustentável, Economia Circular, Reciclagem de Resíduos na Construção, Transformação Energética – Hidrogênio, Valorização de Áreas Degradadas e Waste-to-Energy.