A Editora Expressão Popular lançou em setembro a obra Notas sobre a fome, da escritora afroindígena Helena Silvestre. Sucesso de público e crítica, a obra auto ficcional tem base em um relato pessoal da autora, originária da Favela do Macuco, no Jardim Zaíra, na cidade de Mauá, no ABC Paulista. Militante feminista, editora da revista Amazonas e uma das fundadoras do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), de onde saiu, em 2010, para fundar o Movimento de Luta Popular, Helena Silvestre tem uma história permeada por luta pela libertação dos povos e territórios.
Em entrevista para a 1ª Feira Literária de Mogi das Cruzes, Helena Silveira pontua que o livro é composto de contos, crônicas e poesias. “Essa diversidade de textos foi necessária porque aquilo que eu comunicar e compartilhar é de uma riqueza tão enorme que eu precisei usar todas as ferramentas que estavam à minha disposição. Mas alinhavar tantas escritas diferentes dentro de um mesmo tema não foi fácil – não apenas pela diversidade da escrita, mas também porque o tema é muito abrangente. A fome que a gente sente, embora seja de comida, não é só de comida. Ao longo dessas 31 notas, a gente vai encontrar uma tentativa minha de narrar a vida de gente como eu, a vida que eu vivo, a vida que eu vi e vejo viver”, ela explica.
Publicado de forma independente, com apoio do Sarau do Binho e da revista Amazonas, Notas sobre a Fome foi um dos indicados ao Prêmio Jabuti de 2020 e ainda promete continuar impactando a literatura brasileira nos próximos anos. “A autora Helena Silvestre, como mulher, como militante, como favelada, como indígena, como negra, tinha de levantar a voz com este livro, pelos seus, pelos outros, por nosotras. Tinha de irromper na língua dos letrados para evidenciar seus violentos silêncios, mantendo as bases de um feminismo não branco, de um “feminismo inominável”, como ela o nomeia, de um marxismo favelado, de uma cosmopolítica das particularidades e de uma genealogia da fome pensada não desde conceitos, mas sim desde a dor no estômago, desde a ira, desde a febre e, principalmente, desde os sonhos”, pontua Lucia Tennina, autora do texto da orelha do livro publicado pela Editora Expressão Popular.
Ficha técnica
144 páginas
Expressão Popular
Formato: 14 x 21
1ª edição: agosto de 2021
Preço: R$30
Coleção: Literatura
(Fonte: Assessoria de imprensa/Vitória Rocha)