Encontradas apenas em 2% do território nacional, as matas de brejo são ecossistemas ainda poucos estudados, mas que representam uma diversidade de fauna e flora muito grande. Durante um ano, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) se dedicaram a observar a diversidade de aves que habitam essas matas em Bauru, no interior de São Paulo, período no qual houve 1.718 contatos com aves de 89 espécies diferentes, sendo que 18 espécies foram vistas apenas uma vez naquela mata. O resultado, publicado na revista do Instituto Florestal na quinta-feira (30), demonstra que estas matas servem de habitat para diferentes espécies, principalmente nos períodos de seca.
Caracterizadas por serem úmidas e encharcadas, as matas de brejo são áreas de terreno com lençol freático mais superficial ou até aflorante. Por ter um clima mais ameno, seus componentes naturais ajudam a manter a biodiversidade do lugar. Pela boa quantidade de água, esses ecossistemas são habitats de diferentes aves que procuram refúgio em tais locais. A análise da biodiversidade no local foi realizada de abril de 2018 a maio de 2019 por cientistas do Laboratório de Ornitologia da Unesp – Campus Bauru, que exploraram – por meio de observações, visitas e registros fotográficos – uma mata de brejo localizada dentro de um fragmento de Cerradão no Jardim Botânico Municipal de Bauru, no interior do estado de São Paulo.
“Nós percebemos que os estudos que focam a diversidade de avifauna em matas de brejo ainda são escassos, por isso quisemos explorar mais esse assunto, principalmente pelo fato desta vegetação acabar sendo bem devastada no estado de São Paulo. A diversidade de aves auxilia não apenas no equilíbrio ecológico na comunidade de animais, mas também no papel que elas desempenham para fauna com a disseminação de sementes e frutos”, destaca Guilherme Cardoso, coautor do estudo.
Outro dado interessante, apontam os autores, foi a variação de espécies durante as estações do ano. Foi observado que a abundância das aves diminui nas estações chuvosas, ao contrário do que se sabia sobre o comportamento de aves no Cerradão da região. Os autores acreditam que elas acabam procurando as matas de brejo como um refúgio nos períodos mais secos do ano.
“Apesar de pequenas em quantidade em nosso país, as matas de brejo atuam como um refúgio para diversas aves em períodos mais secos, que são desfavoráveis para a procura de alimento e água. São essas matas mais encharcadas de extrema importância para a manutenção da biodiversidade em escala regional de aves e outros animais, pois possuem uma grande disponibilidade de ambientes, sendo capazes de suportar uma riqueza maior do que as florestas secas. Preservar é o caminho para o equilíbrio ecológico”, destaca Cardoso.
(Fonte: Agência Bori)