Inaugurado em agosto de 2015, o Teatro Nósmesmos celebra seu primeiro ano com a peça teatral A Falecida, clássico de Nelson Rodrigues que ganha apresentações especiais de 5 a 28 de agosto, sempre às sextas, sábados e domingos às 20 horas. A obra exibe um olhar irônico deste genial dramaturgo sobre um país e uma sociedade.

Classificada como uma tragédia de humor negro, a obra narra a vida de Zulmira, mulher de classe média baixa, figura típica dos papéis femininos do universo rodriguiano. Tuberculosa, julga-se perto da morte e planeja obsessivamente os detalhes de seu próprio enterro. Em seus delírios, ela se sente perseguida pela prima Glorinha, com quem havia deixado de se relacionar. No leito de morte, ela pede ao marido Tuninho um enterro de luxo para que a prima morra de inveja, instruindo-o a procurar um certo homem para custear o funeral. Mais adiante, este se revela amante de Zulmira e motivo do rompimento com Glorinha, que a surpreendera com ele. Tuninho força o amante a lhe dar o dinheiro determinado por Zulmira, mas, ao invés de usá-lo no enterro, gasta tudo no jogo, festejando a morte da mulher que o traíra em vida. A obra teatral de Nelson Rodrigues exibe um olhar irônico deste genial dramaturgo sobre um país e uma sociedade.

Atraídos pela linguagem do Grupo Tapa, o grupo Nosmesmos tinha a princípio o objetivo de estudar um pouco mais sobre as obras de Nelson Rodrigues, um dos maiores dramaturgos brasileiros. À medida que o trabalho se desenvolveu, o desejo aumentou e surgiu então a paixão por uma montagem. A paixão desse grupo pelo ofício foi fundamental. Como diria Nelson, “Sem paixão não dá nem pra chupar um picolé”.  A obra teatral do autor exibe um olhar irônico deste genial escritor sobre um país e uma sociedade. Influenciada pelo trabalho realizado pelo Grupo Tapa, a ideia de dirigir A Falecida realiza-se através da investigação das personagens e da superação do obstáculo que é trabalhar o texto de Nelson de uma maneira clara sem cair no naturalismo.

Um ano de cultura

Ao longo do primeiro ano de existência, o Teatro Nósmesmos teve mais de 60 apresentações, entre peças, espetáculos musicais, shows de stand-up comedy e outras atrações culturais. Mesmo com todas as dificuldades de promover a cultura, a Cia. Nósmesmos Produções Artísticas, criada em 2003 pelos atores Juliano Mazurchi e Christian Hilário, mantém o sonho de levar obras de arte dos palcos para as pessoas da cidade e da região. Foi a partir da inauguração do Teatro Nósmesmos que a companhia teatral conseguiu levar ao público muito mais do que suas produções próprias. Embora o grupo tenha peças importantes para a cena teatral local, como o sucesso Por que os homens mentem? e as comédias Todo Mundo Louco e Espetáculo quase Artístico, além do drama Hamelin, destacaram-se diversas apresentações de grupos da região e espetáculos de impacto nacional, como os shows de stand-up com os mais ecléticos humoristas do país.

Segundo Juliano Mazurchi, diretor do Teatro Nósmesmos, as dificuldades enfrentadas pelo trabalho com cultura só não são maiores que a gratificação. “Ver o brilho nos olhos das pessoas e o enriquecimento cultural da região é o suficiente para nos manter sempre em busca de mais apresentações teatrais”, destaca. O Teatro Nósmesmos se destaca por ser espaço de Itu com estrutura mais adequada para espetáculos com atores, incluindo camarim e acústica ideal.

Com um ano de espaço cênico e 13 anos de companhia, resta em cada um dos membros e parceiros do Teatro Nósmesmos um único sentimento: a expectativa de saber que, após o fechar as cortinas, sempre virão novos espetáculos.