A Arte 132 Galeria inaugura, no dia 14 de janeiro de 2023, a exposição “Tridimensional: Entre o sagrado e o estético” – um recorte da coleção particular de Vera e Miguel Chaia, que reúne um conjunto de 46 obras. Entre telas, objetos e esculturas de 35 diferentes artistas brasileiros, a mostra apresenta desde nomes consagrados a jovens talentos do cenário artístico brasileiro. A curadoria é assinada por Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz.
Dividida em dois pilares, o sagrado e o estético, ‘Tridimensional’ mescla de forma não linear os temas centrais – supõe-se que cada artista ou obra se aproxima ora mais ora menos do sagrado ou do estético; em algumas obras, o sagrado pode ser mais explícito e, em outras, menos.
O conceito de sagrado é aqui entendido no seu significado amplo de religioso, venerável, ritualístico, mítico, alquímico e metafísico — centrado nas questões do corpo e da sociabilidade, e aparece representado por cinco elementos: sangue, vinho, água, fogo e alimento. O estético é compreendido como a linguagem que, no desenvolvimento histórico da arte, em um processo autônomo e profano, opera revoluções nas formas de expressão, rompendo claramente vínculos com áreas externas à própria arte. O tridimensional aparece em restrito relacionado à forma das telas, objetos e esculturas – todas as obras apresentam três dimensões e/ou perspectivas de relevo.
Para o artista plástico Donald Judd, a tridimensionalidade não está próxima de ser uma esfera tão sedimentada quanto a pintura, mas a força das três dimensões, “simula e aumenta o objeto real, para equipará-lo a uma forma emocional. A metade, ou mais, dos melhores novos trabalhos que se têm produzido nos últimos anos não tem sido nem pintura nem escultura. Frequentemente, eles têm se relacionado, de maneira próxima ou distante, a uma ou a outra. Os trabalhos são variados e, dentre eles, muito do que não é nem pintura nem escultura também é variado”, explica Judd. Para ele, esses novos trabalhos tridimensionais não constituem um movimento, escola ou estilo, mas, sim, um avanço da linguagem a partir das especificidades e potencialidades dos suportes e materiais.
Sobre o processo curatorial
Três questões nortearam as reflexões abordadas pelo conjunto de obras expostas: Será possível perceber na arte contemporânea vestígios do sagrado? O que pode haver em comum entre a arte e o sagrado? E, ainda, a arte contemporânea, ao ganhar autonomia, fortalecendo seu significado estritamente estético, abandona o mítico, a religiosidade e a religião na busca da revolução da linguagem?
Entre os destaques da exposição, aparecem Artur Lescher, Carmela Gross, José Resende, José Leonilson, Leda Catunda, Marcelo Cidade e Tunga. A exposição traz à tona a discussão do que é arte e suas conjugações e interlocuções entre o sagrado e o estético dentro de uma mesma obra. O resultado é uma mostra site specific, que surge a partir da proposta curatorial na qual concepção, temática e suporte contemplam a vocação e as particularidades da galeria Arte132, e que desdobra-se em um belo jardim de esculturas.
Para o curador e colecionador Miguel Chaia, a arte e o tridimensional são conceitos polissêmicos: abrem-se para múltiplas formulações ou definições. “A arte está aberta a qualquer pesquisa que assuma a perspectiva da política ou da filosofia, da religião, da economia, da semiótica e da estética. E, com frequência, essas perspectivas estão interligadas, uma vez que a arte é relacional enquanto produto da práxis humana, atravessada pelas múltiplas esferas da sociedade”, explica ele.
A história da coleção de Vera e Miguel Chaia se confunde com a própria história da arte contemporânea brasileira. O casal começou a colecionar há 45 anos e, durante esse período, reuniu um acervo ímpar. Eles se conheceram em 1969, quando cursavam a faculdade de ciências sociais da PUC-SP, e logo descobriram o amor em comum pelas artes, passando a visitar, juntos, exposições. Começaram adquirindo gravuras e nunca mais pararam – assim surgia uma das mais importantes coleções de arte contemporânea brasileira. “Tridimensional – Entre o sagrado e o estético” será uma oportunidade para que os espectadores conheçam um recorte desse acervo.
Sobre os curadores:
Miguel Chaia (São Paulo, 1947) é graduado em Ciências Sociais pela PUC-SP, mestrado e doutorado em Sociologia pela USP. É professor da Pós-graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e do Curso “Arte: História, Crítica e Curadoria”, da PUC-SP, e coordenador e pesquisador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp).
Laura Rago (São Paulo, 1984) é curadora independente e jornalista de arte graduada em história e pós-graduada em Jornalismo Cultural e em Arte: Crítica e Curadoria, ambos os cursos realizados na PUC-SP. Pesquisadora na área de Arte e Política, História das Exposições, Arte e Tecnologia e Arte Pública.
Gustavo Herz (São Paulo, 1998) é graduado em Arte: História, Crítica e Curadoria pela PUC-SP. Ator e curador. Pesquisador na área de religiosidade. Promove eventos culturais independentes.
Sobre a Arte132 Galeria | A Arte132 acredita que a arte de um país e de um período não é constituída apenas por alguns nomes definidos pelo mercado, mas por todos os artistas que desenvolveram um entendimento do mundo e do homem em determinado momento; artistas estes que abriram e alargaram os caminhos da arte brasileira. Dessa forma, expõe e dá suporte a mostras com o compromisso de apresentar arte relevante e de qualidade ao maior número de pessoas possível, colecionadores ou não. A casa (concebida pelo arquiteto Fernando Malheiros de Miranda, em 1972), para além de uma galeria de arte, é um lugar de encontros, diálogos e descobertas.
Serviço:
Exposição “Tridimensional: Entre o sagrado e o estético”
Curadores: Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz
Local: Arte132 Galeria – Av. Juriti, 132, Moema, São Paulo – SP
Evento de abertura: 14 de janeiro de 2023, sábado, das 11h às 17h
Período expositivo: 14 de janeiro a 11 de março de 2023
Evento de encerramento: Recital de piano, em 11 de março, sábado, às 11h30
Horários de visitação: segunda a sexta, das 14h às 19h; sábados, das 11h às 17h
Entrada gratuita
(Fonte: A4&Holofote comunicação)