Na esteira dos projetos que o Instituto Tomie Ohtake tem realizado nos últimos anos para abrir novas investigações acerca da representatividade e da importância de artistas mulheres, o espaço paulistano traz agora a exposição “De tudo se faz canção”, que, com curadoria de Priscyla Gomes, observa em retrospectiva a trajetória de Vânia Mignone.
Com um amplo panorama, a exposição, com mais de uma centena de obras, resgata os percursos da artista nos mais diversos formatos: desenhos, colagens, ilustrações para obras literárias, capas de discos, gravuras e pinturas. O conjunto reunido chama atenção pela vivacidade das cores e pela expressividade de figuras em grande dimensão, além da diversidade de suportes e técnicas que aparecerem conjugados, mostrando um vasto universo de experimentação em que referências da propaganda, do design, do cinema, das histórias em quadrinhos e da música convivem com trabalhos em escalas distintas. Segundo Priscyla Gomes, “As narrativas exploradas por Vânia destacam-se pelo modo como ela articula desde questões prosaicas até aspectos latentes da cultura e da política brasileiras”.
A mostra empresta seu título de um verso da música ‘Clube da Esquina nº 2’, de Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges, composta para o álbum homônimo de 1972. A partir das conversas entre a curadora e a artista, a proposta foi resgatar a importância da MPB no processo criativo de Vânia. A artista paulista faz recorrente alusão ao seu anseio de fazer de sua pintura, canção, contagiando aquele que a observa. “Vânia construiu para si uma estrada, incorporando a música popular brasileira ao seu processo criativo cotidiano de ateliê”, destaca a curadora do Instituto Tomie Ohtake.
Gomes enfatiza a síntese sinérgica que constitui o repertório da artista, marcado por letreiros de outdoors e pela xilogravura. “Seu vasto léxico remete-se ainda à qualidade de incorporar elementos fundamentais dessas referências; dentre eles, a coesa relação entre imagem e palavra”.
O mural em grande escala e cores vibrantes dedicado ao recente episódio da tragédia humanitária ianomâmi, prossegue a curadora, não nos deixa esquecer que fazer canção é também refletir sobre o silêncio e suas consequências, sobre como narrar o desmedido e o intragável. “Em meio a tantos gases lacrimogênios, os trabalhos de distintas épocas dessa retrospectiva nos convidam a fabularmos, criando nossa própria canção, uma viagem de ventania pelas estradas por Vânia trilhadas até aqui”, completa.
Vânia Mignone | 1967, Campinas. Vive e trabalha em Campinas. É Bacharel em Publicidade e Propaganda pela PUC-Campinas e Bacharel em Educação Artística pela Unicamp. Entre suas exposições individuais destacam-se “Ecos”, Museu de Artes Visuais da Unicamp, Campinas [2019]; “Eu poderia ficar quieta mas não vou”, SESC Presidente Prudente [2017]; “Casa Daros”, Rio de Janeiro, e “Cenários”, Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo [2014]. Participou de diversas exposições coletivas, como “Por um sopro de fúria e esperança”, Mube, São Paulo [2021]; “Crônicas Cariocas para Adiar o Fim do Mundo”, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro [2021]; “Língua Solta”, Museu da Língua Portuguesa, São Paulo [2021]; 1981/2021: “Arte Contemporânea Brasileira na Coleção Andrea e José Olympio Pereira”, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro [2021]; “Mulheres na Coleção do MAR”, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; “Mínimo, Múltiplo, Comum”, Pinacoteca, São Paulo; 33ª Bienal de São Paulo – “Afinidades Afetivas”, Fundação Bienal, São Paulo [2018].
Exposição “Vânia Mignone – De tudo se faz canção”
Abertura: 1º de abril, das 11h às 15h
Visitação: até 4 de junho de 2023
De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros, São Paulo, SP
Metrô mais próximo: Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela
Fone: (11) 2245-1900.
(Fonte: Pool de Comunicação)