O Coletivo Estopô Balaio, formado em 2011 no Jardim Romano, Zona Leste de São Paulo, participa do projeto Teatro Fora da Caixa, iniciativa do SESC Belenzinho com foco em obras cênicas em que o espaço é elemento central para a dramaturgia e estratégia para o jogo teatral. Diferente das edições anteriores do projeto, com montagens encenadas em um ônibus de linha e nas escadarias da Praça Central do SESC Belenzinho, desta vez o palco das apresentações será um vagão de trem da CPTM, onde tem início o espetáculo “Reset Brasil”.
Na mais nova montagem do Coletivo Estopô Balaio – dramaturgia de Juão Nyn e direção de Ana Carolina Marinho – público é levado pelas ruas do Jardim Lapena e pelo Museu Capela dos Índios, que fica na Praça do Forró, região onde foi confabulado um dos maiores ataques indígenas do Estado de São Paulo. Com quatro horas de duração, “Reset Brasil” traz à cena 20 atores, sendo 12 crianças. As sessões gratuitas acontecem de 11 de maio a 15 de junho, quintas-feiras e sábados, às 15h.
Além do espetáculo, o Estopô Balaio apresenta a intervenção teatral “Algum destes é seu parente?” nos dias 14 e 21 de maio, domingos, às 15h e a Batalha de Rimas “Jardim Rimano” no dia 27 de maio, sábado, às 15h, ambos na Praça Central do SESC Belenzinho. Já no domingo, dia 28 de maio, acontece o show do rapper e indígena em retomada Dunstin Farias, na Comedoria da unidade. O grupo também ministra o curso de dramaturgia contracolonial “A História Embaixo das Unhas” nos dias 4 e 11 de junho, domingos, das 15h às 18h.
Brasil sumiu do mapa
Em “Reset Brasil” – projeto contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura e ProAC – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, público é convidado a sonhar rotas de fuga para o Brasil. Ao embarcar em um trem rumo a São Miguel Paulista, os espectadores, com aparelhos sonoros e fones de ouvido, começam a ser guiados por vozes de crianças e anciãos que falam, além do português, diversos idiomas nativos.
Nesse trajeto, o público descobre que o Brasil sumiu do mapa e quando desembarca em São Miguel Paulista, é recepcionado por um levante indígena no Jardim Lapena. Aos poucos, vai descobrindo que o antigo aldeamento Ururay – nome original da região pantanosa que abrange os bairros do Jardim Romano, Itaim Paulista e São Miguel Paulista, além de outros da Zona Leste e Alto Tietê – ainda resiste e planeja um novo cerco. Os moradores, as crianças e os artistas vão se revelando a partir de suas ancestralidades: indígenas, vindos de África, de Abya Yala, benzedeiras, pajés e nordestinos.
O espetáculo integra a Trilogia da Amnésia do Coletivo Estopô Balaio composta pelas peças “Reset Nordeste” – encenada em versão on-line e que provavelmente terá uma versão presencial – “Reset Brasil” e “Reset América Latina”, em processo de pesquisa.
Memória étnica
O Coletivo Estopô Balaio traz para a encenação de “Reset Brasil” a pesquisa e provocação de Juão Nyn, ator do grupo e indígena Potyguara, bem como toda a inquietação como artistas migrantes, em sua maioria vindos do Nordeste e desterritorializados.
Na atualidade, o corpo de artistas do Coletivo Estopô Balaio está formado majoritariamente por artistas indígenas – Dunstin Farias, Keli Andrade, Juão Nyn, Mara Carvalho e Lisa Ferreira. Essa configuração de equipe estabeleceu-se pela continuidade da pesquisa do grupo sobre fluxos migratórios, além da ampliação de consciência indígena em corpos urbanizados, mestiçagem e memória étnica, fortalecimento de redes politizadas na periferia e valorização da presença de corpos nordestinos/migrantes/indígenas diante da demanda territorial de moradia e dignidade de vida na metrópole paulista.
Para a encenação de “Reset Brasil”, o Coletivo Estopô Balaio convidou diversos atores e atrizes que participaram de uma residência artística no ano passado para integrarem o elenco, que é majoritariamente formado por moradores dos bairros Jardim Romano e Jardim Lapena. De acordo com a diretora Ana Carolina Marinho, o fazer artístico do Estopô Balaio sempre esteve voltado para a Zona Leste de São Paulo e para o resgate da oralidade e das memórias. Como migrantes nordestinos, os artistas encontraram no Jardim Romano um lugar de pertencimento.
Ações artísticas
O Coletivo Estopô Balaio também apresenta a intervenção teatral “Alguns destes é seu parente?” (14 e 21 de maio, domingos, 15h, Praça Central do SESC Belenzinho), que se inicia com uma interação com o público passante, convocado a rememorar sua ancestralidade. Logo depois, os artistas saem em cortejo musical e, munidos de instrumentos percussivos, cantam algumas músicas do espetáculo que tratam da memória indígena dos bairros Jardim Romano, Jardim Lapena e São Miguel Paulista. As músicas são entrecortadas com algumas cenas do espetáculo.
Já a Batalha de Rimas do Jardim Rimano (27 de maio, sábado, 15h, Praça Central do SESC Belenzinho) é uma batalha de rima comandada pelo coletivo Jardim Rimano do extremo leste de São Paulo. O nome faz jus ao bairro em que reside o grupo, Jardim Romano. O coletivo tem ações voltadas à cultura Hip Hop e reside artisticamente na Casa Balaio, sede do Coletivo Estopô Balaio. A batalha de MCs tem o formato da batalha tradicional, com intervalos com apresentações musicais de artistas convidados da região. A partir de temas escolhidos pelo público, os rappers fazem uma batalha de improviso e vão atravessando algumas fases, onde os espectadores são convocados a escolher as melhores rimas.
Integrante do Coletivo Estopô Balaio, rapper e indígena em retomada, Dunstin Farias apresenta seu trabalho autoral de música em que o Jardim Romano e a zona leste de São Paulo são protagonistas de suas canções em um show (28 de maio, domingo, 18h, Comedoria do SESC Belenzinho). Além do músico e dos bboys e bgirls, Mell Reis, Bia Ferreira, Moises Matos e KayLezz, Dustin convidará outros artistas para mandarem a letra sobre a realidade dos jovens que vivem no extremo leste da cidade de São Paulo. Duas das músicas que serão cantadas no show integram a trilha sonora do espetáculo “A cidade dos rios invisíveis”, sendo elas “Estilo de Quebrada” e “Fatos do Extremo”.
O ponto de vista de quem escreveu a história define o curso dela. Como questioná-la e reescrevê-la a partir do ponto de vista da documentação dos que a viveram, mas não tiveram a chance de escrever sobre? O Coletivo Estopô Balaio também ministra o curso de dramaturgia contracolonial “A História Embaixo das Unhas” (dias 4 e 11 de junho, domingos, 15h às 18h, Oficina III do SESC Belenzinho). Com Juão Nyn e Mara Carvalho, o curso traz fotografias recolhidas no Museu da Imigração para um aprofundamento nos percursos migratórios com o intuito de escavar a memória à contrapelo, ou seja, oferecer uma leitura sobre outras perspectivas diante das ausências, silêncios e invisibilizações, compreendendo, por exemplo, São Paulo como um território indígena.
Sobre o Coletivo Estopô Balaio (@coletivoestopobalaio) | Surgiu em 2011 no bairro Jardim Romano, na Zona Leste de São Paulo, e consolidou sua atuação no espaço público propondo novas relações com a cidade e novas experiências de praticar a vida urbana. O grupo é formado por artistas migrantes, em sua maioria vindos de estados do Nordeste, e trabalha com a perspectiva de arte em comunidade. O Coletivo encontrou no bairro um lugar de pertencimento e acolhimento e definiu seu endereço na Rua Adobe, 47, onde instalou a Casa Balaio, que abriga diversos grupos, oficinas e espetáculos. Com repertório de espetáculos que acontecem nos vagões de trem e na rua, a exemplo de “A cidade dos rios invisíveis”, vencedor do Prêmio Shell de Teatro na categoria Inovação em 2020, o coletivo frequentemente desenvolve trabalhos itinerantes que utilizam a cidade como suporte de cenário e dramaturgia e com a perspectiva de biografar personagens reais e levá-los à cena.
Serviço:
Reset Brasil com o Coletivo Estopô Balaio
De 11 de maio a 15 de junho, quinta-feira e sábado, às 15h.
Ponto de encontro: Estação Brás da CPTM – Plataformas 6/7 da linha 12 – Safira da CPTM com destino à Calmon Viana (os espectadores devem chegar com 30 minutos de antecedência para retirada do equipamento sonoro utilizado na viagem).
240 minutos | 10 anos | Gratuito (inscrições pelo site).
Ficha técnica:
Direção – Ana Carolina Marinho. Dramaturgia – Juão Nyn. Direção de Movimento e Preparação Corporal – Rodrigo Silbat. Diretora Assistente – Maíra Azevedo. Direção Elenco Infantojuvenil – Carol Piñeiro. Direção Musical, Edição e Mixagem “Trem-Ato” – Rodrigo Caçapa. Direção de Arte – Mara Carvalho e Juão Nyn. Elenco – Dandara Azevedo, Dunstin Farias, Jaque Alves, Jefferson Silvério, Jéssica Marcele, Keli Andrade, Laís Farias e Silvana Farias. Elenco Infantojuvenil – Anny Beatriz, Anny Victoria, Eduarda França, Eduarda dos Santos, Gabriely Vitória, Gi Godoy, Julya Pereira, Kim Andrade, Lua Brites, Pedro Henrique, Ryan Peixoto e Suemy Dagmar. Percussionistas – Josué Bob e Thiago Babalotim. Flautista – Giovani Facchini. Canções Originais – Dustin Farias, Dandara Azevedo e Juão Nyn. Música Final – Grupo Libertat [Alisson Antônio Amador (violão), Giovani Facchini (quena e zampoñas), José Giovanni (violoncelo), Sandra Valenzuela (bombo, pandeiro e chocalho), Vladimir David (charango) e Fernando da Mata (mixagem e masterização)]. Operação de Som – Jomo Faustino, Devão Sousa e Emerson Oliveira. Efeitos [Arte Laser] – Diogo Terra. Artistas Visuais [Artes Muros] – Felipe Urso, Morales, Ricardo Cadol, Ana Kia, Rote, Vini Meio, Ignoto, Auá Mendes e Ju Costa. Participações Especiais – Socorro, Márcia Gazza, Olga Silva, Ângela Alves, Fernando Alves, Didão e Pajé Rubens Terena, Ana Pankararu, Richard Terena, Catarina Delfina, Maju Harachell Traytowu, Cacique Caboquinho Tutushamun e Anderson Karybaia. Cenotécnico – Enrique Casa. Figurinos – Mara Carvalho. Adereços – Aline Dayse. Colares Cobra Coral – Sara Geittens. Costureira – Pamela Rosa. Identidade Visual – Daniel Torres. Designer Digital de Cenografia – Felipe Barbosa. Contrarregras – Lisa Ferreira, Murilo Palma, Rodrigo Vieira e Wesley Carrasco. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Mídias Sociais – Gabriel Carneiro. Fotografias – Cassandra Mello. Assessoria Jurídica – Paulo Rogerio Novaes e Aline Dias de Andrade. Estagiárias Psicologia – Alessandra Milanez, Bárbara Vanzan e Mickaelly Costa. Secretaria – Lisa Ferreira. Produção e Direção de Produção – Wemerson Nunes [Wn Produções]. Realização – Coletivo Estopô Balaio e Cooperativa Paulista de Teatro.
Algum Destes É Seu Parente?
Dias 14 e 21 de maio, domingos, às 15h, na Praça Central do SESC Belenzinho.
60 minutos | Livre | Gratuito.
Ficha técnica:
Direção – Ana Carolina Marinho. Dramaturgia – Juão Nyn. Direção de Movimento e Preparação Corporal – Rodrigo Silbat. Diretora Assistente – Maíra Azevedo. Direção de Arte e Grafismos – Mara Carvalho e Juão Nyn. Elenco – Dandara Azevedo, Dunstin Farias, Jaque Alves, Jefferson Silvério, Jéssica Marcele, Keli Andrade, Laís Farias e Silvana Farias. Percussionistas – Josué Bob e Thiago Facchini. Flautista – Giovani Facchini. Canções Originais – Dustin Farias, Dandara Azevedo e Juão Nyn. Composição de Figurinos – Mara Carvalho. Contrarregra – Lisa Ferreira. Produção – Wemerson Nunes.
Batalha de Rimas do Jardim Rimano
Dia 27 de maio, sábado, às 15h, na Praça Central do SESC Belenzinho.
60 minutos | Livre | Gratuito.
Ficha técnica:
Organização e Apresentação Batalhas – Dunstin Farias e Rub Brown. Técnico e Operação de Áudio – Jomo Faustino. Apoio – Coletivo Estopô Balaio. Produção – Wemerson Nunes.
Show Dustin Farias
Dia 28 de maio, domingo, às 18h, na Comedoria do SESC Belenzinho.
60 minutos | Livre | Gratuito.
Ficha técnica:
Cantor MC – Dunstin Farias. DJ – Lukita DJ. Bailarinos – Mell Reis, Bia Ferreira, Moises Matos e KayLezz. Técnico e Operação de Áudio – Jomo Faustino. Iluminação – Pâmola Cidrak. Produção – Wemerson Nunes.
Curso de Dramaturgia Contracolonial “A História Embaixo das Unhas”
Com Juão Nyn e Mara Carvalho
Dias 4 e 11 de junho, domingos, das 15h às 18h, na Sala de Oficinas III do SESC Belenzinho.
360 minutos | 16 anos | Gratuito (inscrições a partir de 4/5 no Portal SESC)
Público-alvo – jovens e adultos, estudantes de teatro ou interessados em dramaturgia e/ou estratégias contracoloniais.
SESC Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
Estacionamento:
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do SESC: R$5,50 a primeira hora e R$2,00 por hora adicional. Não credenciados no SESC: R$12,00 a primeira hora e R$3,00 por hora adicional.
Transporte Público: Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m).
(Fonte: Assessoria de Imprensa SESC Belenzinho)