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Maria Luiza Jobim lança “Azul”, seu segundo álbum autoral

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Maria Luiza Jobim. Foto:
Zabenzi .

“Tem o mar que mora na gente. Das emoções. O fundo do mar, que me inspira a compor e nadar. Mas nadar com as marés e não contra elas”. Assim é “Azul”, novo álbum de Maria Luiza Jobim que narra o seu retorno ao Rio de Janeiro e o resgate da paixão pelo mar e pela cidade.

Essa artista – cuja voz surge pela primeira vez gravada em 1994, no disco homônimo do pai, “Antônio Brasileiro” – teve uma banda de jazz, depois um duo eletrônico, até gravar, em 2018, seu primeiro álbum solo, “Casa Branca”. “Se ‘Casa Branca’ é minha origem, ‘Azul’ é meu presente. É como eu atuo no mundo. O que eu quero e como ando. Voltei para mim depois da maternidade, cura, os apaixonamentos, os encontros e desencontros. A vida é luz e sombra o tempo inteiro”, situa.

E por falar nele, “O tempo”, composição em parceria com Felipe Fernandes e Lucas Vasconcellos, é o início dessa narrativa com cara de trilha sonora. Diz a letra: “Veja agora tudo já mudou / E pra mim você é o tempo / Mais do mesmo pode ser tão bom / Se você é esse mesmo”.

Arnaldo Antunes e Cezar Mendes assinam ‘O culpado é o cupido’, faixa foco do lançamento e “absolutamente bela”, como define Maria Luiza. A música foi paixão à primeira vista e conta com os graves de Antunes nos vocais e a guitarra de Dadi Carvalho (Novos Baianos, A Cor do Som e Barão Vermelho). A letra é flerte, um jogo de palavras que conquistou a artista. “Me apaixonei e gravamos todos. Diz assim: Estou desacompanhado / Quero ser seu namorado / Mas eu topo só ficar / Só não posso ser amigo / O culpado é o cupido/ Que insiste em me flechar”.

Azul “é um disco com músicos dos meus sonhos. Reencontrei o Paulinho Braga, o Jaques Morelenbaum. São os sons que cresci ouvindo”, afirma a artista. E os encontros continuam com Adriana Calcanhotto. Assistindo a série Minha Música, sobre os processos criativos e a trajetória dessa compositora, Maria Luiza identificou-se com a relação de Adriana com seu pai, também músico, baterista de jazz. “Escrevi uma carta para ela e uma música anexada sem letra. Meses depois, trabalhando juntas, a resposta veio em forma de letra para a música”, conta Maria Luiza. A letra, aliás, também é uma carta aos pais… Papais, para ser mais exato.

Drama é o momento da ironia do álbum, com um som latino, dos mais envolventes. “É um convite bem-humorado à reflexão sobre os contratos dos afetos, que devem ser olhados e revisitados sempre para manter sua interessância”, define.

“Blue e azul no universo das emoções querem dizer coisas opostas. em inglês, é estar triste e em português, ‘tudo azul’ é uma expressão de alegria. Essa dualidade numa mesma palavra traz a ideia de luz e sombra do disco. Azul é a cor mais rara da natureza e a cor dos olhos do meu irmão Paulinho, que partiu enquanto escrevia o disco. Para ele, cantei a música ‘Samba do Soho’”, conta Maria Luiza.

A última música, “Nada Sou Sou” aponta para o outro lado do mundo. Gravada em japonês, foi apresentada a Maria Luiza por Lisa Ono durante sua viagem a Tóquio, no ano de 2023. “A melodia e a plasticidade do som das palavras; não entender literalmente o que a letra dizia, me levou para muitos lugares, sons, cores e emoções. É sinestésico. É muito por onde eu gosto de caminhar nas minhas composições. É para onde vou”, conclui.

Sobre Maria Luiza Jobim

“Comecei muito cedo a compor, antes mesmo de saber o que estava fazendo”, conta Maria Luiza Jobim sobre sua pré-história artística. Filha de Tom e Ana Jobim, aos sete anos participou, ao lado do pai, do álbum “Antonio Brasileiro” (que ganhou o Grammy de melhor performance de jazz latino).

Em 2006, gravou com Daniel Jobim a versão em português do clássico “Wave”, tema da novela “Páginas da Vida”, da Rede Globo. Mas, a música só se tornou um ofício para Maria Luiza aos 23 anos de idade, quando integrou sua primeira banda, a Baleia, na cena indie jazz carioca.

Depois, ao lado de Lucas de Paiva, formou o duo eletrônico Opala, com pegada dançante e um resgate nostálgico da década de 1980.

O primeiro álbum solo foi “Casa Branca”, em 2018. Concebido a partir de memórias, cenas e acontecimentos, as oito músicas tem a marca da suavidade e da delicadeza. A faixa de encerramento, “Antonia”, foi inspirada no nascimento da sua primeira filha.

A voz e a poesia por trás do Samba de Maria Luiza encontra em “Azul” o seu momento e desenha o seu futuro. É um caminho que se une aos outros trabalhos, com a força das melhores referências compondo uma nova identidade artística.

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(Fonte: Access Midia)