As palavras têm a capacidade de dançar? Quando estão envolvidas com a bailarina e coreógrafa Jussara Miller, referência no Brasil na técnica Klauss Vianna, elas ganham vida a partir de reflexivas coreografias. Por exemplo, em “Verdes e Ouvirdes”, solo de dança premiado da artista, o ponto de partida vem justamente do texto do ambientalista Ailton Krenak. O resultado, em forma de espetáculo, está em cartaz na sexta-feira (7/7), às 19h, no Teatro do SESI Campinas Amoreiras, em Campinas (SP). A entrada é franca, com reserva pelo site sesisp.org.br/eventos.
A temporada do projeto, realizada com o apoio do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura e Economia Criativa – Programa de Ação Cultural (ProAC 2022), passará por Araras, Pirassununga, Marília, Campinas e São Paulo.
Com direção de Norberto Presta, diretor e escritor teatral ítalo-argentino, e audiovisual de Christian Laszlo, o solo “Verdes e Ouvirdes”, de 55 minutos, estreou em 2021 para celebrar os 30 anos de carreira da bailarina e as duas décadas do Salão do Movimento, seu espaço de dança e investigação localizado em Campinas (SP). A primeira temporada, que foi totalmente on-line, garantiu a Jussara Miller o Prêmio de Dança Denilto Gomes na categoria Melhor Projeto.
A inspiração do espetáculo vem do livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, escritor, ambientalista e pesquisador, além de referência do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas no Brasil. “O solo quer ser uma dança para adiar o fim do mundo, uma última história para deter a queda do céu. Ou seja, um corpo contemporâneo que quer se reconciliar com a natureza”, destaca o diretor Norberto Presta.
E como é dançar inspirada nas palavras de Ailton Krenak? Jussara Miller reflete: “Ele traz um pensamento crítico à ideia de humanidade como algo separado da natureza. E isso se abre para um imaginário que é muito favorável para criar danças. A maneira que escreve convida as pessoas a pensarem o quanto estamos distanciados da nossa natureza humana, ficando anestesiados do sentir e do agir em consonância com o meio ambiente. As palavras de Krenak provocam uma urgência para sairmos dessa zona de conforto que o corpo urbano se encontra na rotina do dia a dia”.
Nesse sentido, “Verdes e Ouvirdes” busca trazer à cena, de maneira poética e política, a temática do impacto ambiental, além de denunciar o verde roubado diariamente das terras brasileiras. “De acordo com a organização International Global Forest Watch, de 2018 a 2019, o Brasil esteve entre os cinco países no mundo que mais perderam florestas primárias, as nossas matas virgens, resultando num impacto ambiental sem precedentes”, destaca a bailarina.
Para dar cores e movimentos ao solo, Jussara Miller se fundamenta na técnica Klauss Vianna de dança contemporânea em diálogo com a fotografia. Por sinal, marca primordial da estética da bailarina. “Trata-se de uma abordagem multimídia que apresenta imagens fotográficas em movimento projetadas na tela e no corpo, revelando a interface entre dança e audiovisual. O solo evidencia a natureza humana indissociável da natureza ambiental, confirmando que a dança pode carregar significados que despertem um olhar sensível e crítico”, afirma Jussara.
Mais do que dançar a sustentabilidade do meio ambiente, Jussara Miller deseja plantar uma semente de criticidade e esperança em cada espectador. “Esse trabalho busca apresentar a arte como defensora da vida e quer entender como a luta ambiental pode aparecer poeticamente por meio da dança, utilizando-se da inventividade para criar possibilidades de diálogos, de trocas e de ações éticas, estéticas, poéticas e políticas de maneira crítica e criativa”, conclui.
A bailarina
Com mais de 30 anos dedicados à dança, Jussara Miller é bailarina, coreógrafa, preparadora corporal e doutora em Artes (Dança) pela Unicamp. É docente do Curso de Graduação em Dança da Unicamp e da Pós-Graduação em Técnica Klauss Vianna da PUC-SP, além de ser diretora e professora do Salão do Movimento, em Campinas(SP).
A partir da intensa pesquisa em dança e educação somática, é autora de dois livros: “A Escuta do Corpo” (Summus, 4ª ed, 2007) e “Qual é o corpo que dança?” (Summus, 2012). Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios, com destaque ao Prêmio de Dança Denilto Gomes 2021 pelo projeto Verdes e Ouvirdes, ao Prêmio de Dança Denilto Gomes 2018 por sua Trajetória na Dança e ao Prêmio de Dança Denilto Gomes 2015 pela coreografia do solo “Nada Pode Tudo”.
Ficha Técnica
Concepção, coreografia e dança: Jussara Miller
Direção, dramaturgia e cenografia: Norberto Presta
Fotografia, audiovisual e trilha sonora: Christian Laszlo
Assistência coreográfica: Cora Laszlo
Iluminação: Eduardo Albergaria
Figurino: Warner Júnior
Arte gráfica: Elis Laszlo
Projeto cenotécnico: Christian Laszlo
Fotos de divulgação: Ana Laura Cintra e Christian Laszlo
Registro em vídeo: Isabela Moura e Lucas Reitano
Edição de imagem: Liquify Lab
Masterização: Estúdio Síncopa
Assessoria de Imprensa: Tiago Gonçalves
Marketing Digital: Matheus Serra
Produção Executiva: Wannyse Zivko (Arte & Efeito)
Produção Geral: Salão do Movimento
Classificação: 12 anos
Duração: 55 minutos.
Saiba mais
“Verdes e Ouvirdes”, de Jussara Miller
Quando: sexta-feira (7/7), às 20h
Onde: Teatro do SESI Campinas Amoreiras (Av. das Amoreiras, 450, no Parque Itália, em Campinas | SP)
Quanto: grátis (com reserva pelo site sesisp.org.br/eventos)
Informações: salaodomovimento.art.br ou @jussara.miller.
(Fonte: Tiago Gonçalves Assessoria de Imprensa)