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Instituto Comida e Cultura celebra segundo aniversário com projeto que alcança todas as escolas da rede pública de São Paulo

São Paulo, por Kleber Patricio

Ariela Doctors, Bela Gil, Daniella Brochado, Erika Fischer e Juliana Furlaneto: ICC comemora dois anos de fortalecimento de laços entre comida, cultura e educação. Fotos: Acervo/ICC.

O Instituto Comida e Cultura (ICC), organização dedicada à promoção da conscientização alimentar decolonial e saudável entre as crianças fundado por Ariela Doctors, Bela Gil, Daniella Brochado, Erika Fischer e Juliana Furlaneto, completou dois anos no domingo (27). Desde a fundação, o ICC tem desempenhado um papel na formação de educadores comprometidos em transmitir conhecimentos sobre alimentação consciente, diversidade cultural e respeito às tradições alimentares dos povos originários. O site da organização apresenta um espaço para escolas se cadastrarem e apresentarem seu interesse em participar dos projetos do Instituto.

Em dois anos, o Instituto adota uma abordagem plural para a educação alimentar por meio da valorização das raízes culturais e práticas tradicionais na comida. A organização considera as crianças como participantes ativos na relação com a comida, com integração da cultura e da história na alimentação saudável. Por isso, o instituto criou o programa “Cozinhas & Infâncias”, que até o final de 2023 irá capacitar educadores de 546 escolas municipais de São Paulo e visa preparar professores e profissionais da educação com ensino sobre história da comida e culinária brasileira e no desenvolvimento de habilidades culinárias para uma alimentação saudável. O projeto conta com a parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP para avaliação dos resultados, Coordenadoria de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (Codae/SME-SP) e a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP).

O ICC acredita que, ao cozinhar com as crianças, é possível trabalhar assuntos complexos, como a origem dos alimentos.

Bela Gil, uma das fundadoras do Instituto Comida e Cultura, destaca a importância do programa e da iniciativa do instituto ao abordar a alimentação no Brasil com um olhar abrangente. Bela expressa gratidão pelo trabalho e progresso das educadoras do Instituto Comida e Cultura nos últimos dois anos lembrando que o alimento conecta as pessoas às raízes culturais e é uma maneira de compartilhar e celebrar tradições: “A comida não é só aquilo que nós colocamos na boca; é uma forma de resistência e valorização de culturas, de cura e tratamento”.

Uma das receitas culinárias do Instituto Comida e Cultura, realizada durante o projeto, é a do beiju de mandioca ralada, incluída no repertório culinário como um prato decolonial que busca resgatar e valorizar as tradições alimentares dos povos originários. Inspirado e ensinado pela chef de cozinha Mara Salles, autora que aprendeu a receita na aldeia Yamado, uma pequena comunidade indígena Baniwa na região do alto Rio Negro, a receita representa uma conexão direta com as tradições alimentares dos povos originários da Amazônia. O Instituto Comida e Cultura insere a temática alimentar de maneira interdisciplinar e inclusiva nos currículos pedagógicos por meio de programas de treinamento e recursos educacionais.

Segundo Erika Fischer, uma das fundadoras do Instituto, o programa “Cozinhas & Infâncias” também promove a conscientização ambiental, para que crianças compreendam o impacto das escolhas alimentares no meio ambiente e incentivam práticas mais sustentáveis. “Apesar de os doces industrializados serem mais atrativos para a criança, ela precisa aprender a escolher e saber cozinhar alimentos frescos e mais saudáveis”, enfatiza Fischer.

Para a fundadora, o programa não apenas ensina habilidades culinárias, mas também oferece às crianças ferramentas para fazer escolhas alimentares informadas, promovendo uma relação saudável com a comida desde cedo e contribuindo para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis e conscientes no futuro.

Arroz com pequi, prato típico do Cerrado, feito no Programa Cozinhas & Infâncias na Chapada dos Guimarães (MT), no primeiro semestre.

“Neste momento do segundo aniversário, o Instituto Comida e Cultura reafirma o compromisso com a educação alimentar decolonial e antirracista, que valoriza a diversidade cultural e étnica, recupera e celebra as tradições e saberes alimentares dos povos originários – pindoramicos – e dos afrodiaspóricos na construção da história da culinária brasileira”, afirma Daniella Brochado, uma das fundadoras do Instituto.

Ariela Doctors, outra das fundadoras do instituto, celebra a expansão do projeto. “Desde março deste ano, o programa ‘Cozinhas & Infâncias’ também leva educação alimentar para Chapada do Guimarães, no Mato Grosso, a partir de uma parceria entre o ICC, Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) e Secretaria Municipal de Educação (SME) da Chapada dos Guimarães. A ideia do ICC é expandir o projeto para outras regiões do Brasil”.

Sobre o Instituto Comida e Cultura | Fundado por Ariela Doctors, Bela Gil, Daniella Brochado, Erika Fischer e Juliana Furlaneto, ativistas da alimentação saudável, o Instituto Comida e Cultura propõe reconectar a criança ao alimento por meio de um resgate lúdico da história, cultura e biodiversidade brasileiras. Trabalha com a formação de educadores e outros atores envolvidos no desenvolvimento integral da criança para inspirar a prática, fomentar o debate e inserir o tema da alimentação nos currículos pedagógicos.

(Fonte: Agência ERA®)