Quinze filhotes de peixe-boi chegaram ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em estado avançado de inanição e desidratação em 2023. Os animais foram encaminhados para o INPA – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em Manaus (AM) – por órgãos ambientais após o resgate de cativeiros onde eram mantidos em condições inadequadas. Aos cuidados dos técnicos e especialistas do INPA, os filhotes recebem uma dieta láctea que substitui o leite materno. “Quando o animal chega ao INPA, imediatamente iniciamos os tratamentos veterinários necessários e a alimentação adequada. Aí se desenvolvem e se recuperam”, afirma a pesquisadora Vera Maria da Silva.
Ela explica que o processo de recuperação dos filhotes pode levar de dois a cinco anos. “Quando são desmamados, os filhotes passam um período em um grande tanque do INPA. Depois, são levados para um lago, onde entram em contato com fundo de lama, água turva, variação de temperatura da água e outros animais. Neste sistema seminatural, os animais passam a receber alimentos naturais e deixam de receber o alimento cultivado no cativeiro”, conta a pesquisadora.
Em média, o INPA recebe de 12 a 15 animais por ano. “Atualmente, estamos com um total de 14 filhotes. Na sua grande maioria, esses animais chegam no INPA em condições de saúde muito ruins, muito debilitados”.
Reintrodução
O parque aquático do INPA funciona como uma preparação para a reintrodução do peixe-boi na natureza. Mas, antes da soltura, os animais são submetidos à uma sequência de exames para garantir que não levará nenhum tipo de doença para as populações naturais. “Não se trata apenas de soltar o peixe-boi no rio. Há um percentual de animais que recebem um cinto com transmissor. Com esse instrumento, conseguimos monitorar os movimentos do animal: para onde se desloca, se fica com outros animais e se está se alimentando adequadamente”, explica a pesquisadora Vera da Silva.
Segundo ela, 44 animais foram reintroduzidos em uma mesma região e nenhum foi a óbito. O monitoramento é feito por ex-caçadores treinados para acompanhar os movimentos dos animais reintroduzidos na natureza. Vera da Silva ressalta o papel fundamental do INPA na conservação da espécie, considerada vulnerável. “Ao reabilitar e reintroduzir o peixe-boi na natureza, o Inpa está devolvendo um animal que seria perdido”, diz a pesquisadora.
Ela defende ainda a ampliação do trabalho de conscientização das comunidades para que não retirem os animais dos rios. “O peixe-boi foi muito explorado no passado e a espécie ainda se encontra em recuperação. Além disso, há uma fragilidade do próprio ambiente em que vivem. Como se alimentam de plantas aquáticas, podem absorver metais pesados, hidrocarbonetos e outros químicos da água contaminada. Isso pode afetar a reprodução e a conservação desses animais no futuro”, alerta.
(Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação)