A iniciativa de reintrodução e soltura de lobos-guará em vida livre no Cerrado do Oeste baiano – conduzida pelo Parque Vida Cerrado com apoio técnico do ICMBio/CENAP, Sementes Oilema, Irmãos Gatto Agro e Condomínio Agrícola Santa Carmem e Galvani Fertilizantes – obteve mais uma importante conquista: o nascimento de três filhotes da espécie, resultantes da reprodução bem-sucedida entre Caliandra e José Bonifácio. O acontecimento, que é um marco para a espécie, reafirma o sucesso da proposta e o compromisso de todos com a sustentabilidade.
Para a bióloga e coordenadora do Parque Vida Cerrado, Gabrielle Bes da Rosa, o nascimento dos filhotes é motivo de comemoração e reflexo do esforço coletivo de empresas, produtores rurais e instituições na conservação do Cerrado – a savana mais rica em biodiversidade do mundo, que é berço das águas. “Juntamente com diversos parceiros, em especial o agronegócio, que demonstra o seu compromisso com a produção sustentável, conservamos um hotspot tão importante. Além disso, a iniciativa é de extrema relevância para a espécie, que é símbolo do bioma e essencial para a manutenção dos ecossistemas naturais e do equilíbrio ambiental. Essa ação vai resultar na geração de um protocolo inédito que poderá ser replicado em diferentes áreas do território nacional”, ressalta a profissional, lembrando ainda que o Parque Vida Cerrado integra o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação de Canídeos Silvestres, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio).
O produtor rural Celito Missio, porta-voz das empresas Sementes Oilema, Irmãos Gatto Agro e Condomínio Agrícola Santa Carmem – patrocinadoras oficiais do projeto de reintrodução, que abrigam a área do recinto de reabilitação – compartilha da mesma opinião e compromisso. “Nossas áreas são referências em sustentabilidade, pois construímos ao longo dos anos um ambiente saudável para a fauna e um bom relacionamento entre lavoura e áreas nativas: fatores que nos credenciaram a integrar o projeto. A reintrodução foi bem-sucedida com a Caliandra, que completou o seu primeiro ano em vida livre em 2023 e, agora, estamos felizes e empenhados para que os seus filhotes encontrem o melhor ambiente para desenvolvimento. Não se trata de apoiar um projeto, mas um ecossistema”, destaca.
Os protagonistas
Resgatada ainda filhote pelo Inema em 2020, Caliandra permaneceu durante dois anos sob treinamento, em maio de 2022 o recinto de treinamento foi aberto e permaneceu ofertando água e alimento enquanto os animais precisaram na área de Cerrado das fazendas parceiras. Em vida livre, a fêmea passou a ser monitorada por meio de monitor cardíaco e colar GPS e capturada em diferentes oportunidades para realização da leitura dos dados, bem como para avaliação clínica, física e dados de biometria, que atestaram que Caliandra estava saudável.
Em fevereiro deste ano – momento em que se inicia o período reprodutivo da espécie – a equipe técnica do projeto identificou por meio do GPS o compartilhamento da mesma área de vida, indicando um possível pareamento entre Caliandra e José Bonifácio, um macho de vida livre que passou a ser monitorado por meio do Projeto “investigando o Cerrrado”, em parceria com a ADM do Brasil. Por meio dos colares de GPS e das imagens das câmeras instaladas na fazenda, mudanças fisiológicas (aumento abdominal e das glândulas mamárias) e comportamentais (permanência no mesmo local por período prolongado) foram observadas, reforçando as evidências de uma reprodução bem-sucedida, com a fêmea amamentando e construindo tocas para abrigar os filhotes.
Expectativa
A expectativa agora é com o desenvolvimento da ninhada, uma vez que a espécie forma casal no período reprodutivo e se reproduz apenas uma vez por ano, podendo ter de um a cinco filhotes, com apenas um chegando à fase adulta, geralmente. Nascidos em área livre, os três filhotes devem permanecer na natureza sem a interferência da equipe do projeto, sendo assistidos apenas pelos pais, que são os responsáveis pelo cuidado, alimentação e ensinamentos para sobrevivência no habitat nos primeiros seis meses de vida – período no qual o macho e a fêmea permanecem juntos. Depois dessa fase, o macho começa a se afastar e os filhotes ficam próximos da fêmea até alcançarem um ano de vida, quando se inicia o período de dispersão. Até setembro, os filhotes estavam circulando com os pais nas áreas monitoradas.
O projeto conta com o apoio e orientação técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP), Inema, Smithsonian Conservation Biology Institute, Pró-carnívoros e Projetos “Amigo do Lobo” e “Sou eu Pequi”.
Sobre o Parque Vida Cerrado | Fundado em 2006, como resultado de uma iniciativa do Grupo Galvani – sua principal mantenedora atualmente –, o Parque Vida Cerrado é o primeiro e único centro de conservação da biodiversidade, pesquisa e educação socioambiental do Oeste baiano. Localizado entre os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, mantém um criadouro científico para fins de conservação de animais silvestres, um Centro de Excelência em Restauração com ampla expertise no bioma Cerrado e um núcleo para realização de projetos e atividades socioambientais. Em 17 anos de atuação, envolveu mais de 30 mil pessoas em suas ações, distribuiu milhares de mudas para reflorestamento urbano e rural, capacitou centenas de coletores de sementes nos assentamentos e reproduziu, com sucesso, mais de 40 animais silvestres. O Parque Vida Cerrado conta ainda com o apoio de parceiros como BrasiTrans, Mauricéa alimentos, Hotel Solar Rio de Pedras, Sementes Oilema, Condomínio Irmãos Gatto Agro, Condomínio Santa Carmem, ADM, Nuvven e Cargill, Ministério Publico da Bahia, JCO, AvantiAgro e Synagro.
(Fonte: Llorente y Cuenca Comunicação)