A estiagem na Amazônia ganhou narrativas audiovisuais concebidas e executadas por amazônidas. Com câmeras de celular, dezenas de jovens de grupos, coletivos e comunidades da Amazônia paraense mostraram como a seca severa tem afetado diferentes áreas urbanas, ribeirinhas e indígenas, como resultado de processos predatórios. Os oito premiados no edital participaram do Cine Alter no período de 3 a 5 de novembro de 2023 em Alter do Chão, onde puderam prestigiar diferentes programações. Para o coordenador do Programa Vozes do Tapajós combatendo as mudanças climáticas, Fabio Pena, a situação é resultado de vários anos de descaso com as políticas ambientais e falta de controle dos crimes. “Esse festival vem em boa hora porque o debate é como que o audiovisual pode fazer a sociedade entender melhor esse problema que nós estamos vivenciando. Santarém está, além da seca, tomado pela fumaça”, acrescenta.
Com a proposta de visibilizar as consequências das mudanças climáticas na Amazônia sob a ótica da população local, o Projeto Saúde e Alegria, o LabComAmazonia, o CineAlter e a plataforma Vozes do Tapajós sobre Mudanças Climáticas anunciaram o resultado da seleção de oito vídeos, que foram exibidos neste domingo (5/11). Foram dezenas de vídeos inscritos, avaliados por um conselho editorial com representantes das três entidades organizadoras.
As narrativas demonstram a aceleração das mudanças climáticas, a estiagem severa e os impactos para populações originárias, fenômeno das terras caídas, alteração na dinâmica de agricultura familiar e pesca, dificuldade de acesso e qualidade do ar.
Samela Bonfim, cofundadora do LabComAmazônia, avalia que iniciativas dessa natureza são fundamentais para garantir espaços para a narrativa de jovens das próprias comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e de áreas urbanas da Amazônia, com a perspectiva de quem de fato está sendo impactado. “Incentivar essas produções é muito importante para mostrar como de fato essas populações estão sendo afetadas. Já adiantamos que novas edições virão e em diferentes formatos”, anuncia.
A exibição aconteceu durante o Festival de Cinema Latino Americano de Alter do Chão, que é uma iniciativa de fazedores de cultura da região do Tapajós, liderados pelo Instituto Território das Artes (ITA) com parceria de diversas instituições e apoiadores; dentre eles, o Projeto Saúde e Alegria, que é um dos conselheiros.
A atividade integrante da programação do cinema de Alter do Chão foi promovida pelo PSA e destacou como o cinema de impacto pode ampliar o tema das mudanças climáticas e ecoar a urgência de medidas para conter a crise climática. “Não muito tempo atrás, muita gente criticava quem denunciava os crimes ambientais, queimadas e destruição das nossas florestas. O que a gente está vivendo agora é o resultado desse processo todo, porque as questões do clima perpassam os anos. Vão acumulando até chegar numa situação drástica como a que nós estamos vivendo agora”, destacou Fábio Pena.
Formação | Os premiados também puderam participar de várias formações; entre elas, a 2ª Oficina de Cinema das Margens, em que foram apresentadas propostas de apoio com capacitações e financiamentos para que possam cada vez mais evoluir e ganhar visibilidade para que sua própria população fale da Amazônia. A atividade contou com apoio do programa wearevca fundacionavina e wwfbrasil.
Conheça os vídeos premiados na playlist.
(Fonte: Laboratório de Comunicação Amazônia)