O Conservatório de Tatuí inova mais uma vez ao designar, no ano de 2024, a coordenação da prestigiada Cia. de Teatro ao Coletivo Cê, formado por ex-estudantes de Artes Cênicas do Conservatório e que hoje é reconhecido por suas criações, pesquisa e trajetória cênica exemplares. Esta decisão histórica representa a primeira vez que a liderança da companhia é confiada a um grupo de profissionais e não somente a uma única pessoa, modelo que era tradicionalmente praticado.
Até o ano 2022, a responsabilidade pela coordenação da Cia. de Teatro recaía sobre um professor e/ou artista funcionário do Conservatório de Tatuí. No ano seguinte, em 2023, a tarefa foi assumida por uma atriz e diretora convidada, Miriam Rinaldi, também em um ato inaugural, sendo a primeira mulher a coordenar um Grupo Artístico da instituição, fundada há 69 anos. Para dar continuidade à proposta de, a cada ano, receber um(a) artista convidado(a) residente, agora o Coletivo Cê, composto por ex-estudantes do Conservatório de Tatuí, traz uma abordagem colaborativa e diversificada para liderar a Companhia.
De acordo com o gerente artístico-pedagógico de Artes Cênicas do Conservatório de Tatuí, Antonio Salvador, este novo modelo de coordenação promete trazer uma perspectiva fresca e inovadora aproveitando a experiência e o conhecimento acumulado pelo Coletivo Cê ao longo de sua carreira. “A diversidade de habilidades e perspectivas provenientes de diferentes formações desses e dessas artistas dentro e fora do Conservatório promete enriquecer ainda mais a produção teatral da instituição. O Conservatório de Tatuí é conhecido por sua tradição na formação de talentos nas artes e a escolha do Coletivo Cê para liderar a Cia. de Teatro reforça o nosso compromisso em impulsionar a inovação, a atualização constante e a excelência artística”, contou.
O gerente também afirma que a possibilidade de convidar para esta função uma referência artística de peso originária do próprio interior do Estado reduz a concepção de que as grandes referências estão na Capital. “Neste caso, o Coletivo Cê tem sua sede em Votorantim, município vizinho de Tatuí. Esta também é a missão da Buli, nossa revista de artes cênicas, e do nosso Concurso Estudantil de Dramaturgia, que buscam destacar e estabelecer pontes entre as produções dos interiores do país e outros lugares – ambos em sua 3ª edição neste ano”, destaca.
O convite para a coordenação da Companhia surgiu após a notável participação do Coletivo Cê em duas ações da Área de Artes Cênicas do Conservatório de Tatuí: uma matéria realizada na primeira edição da Buli – Revista de Artes Cênicas do Conservatório de Tatuí, em 2022, e sua presença como convidados no 28º Fetesp – Festival Estudantil de Teatro do Estado de São Paulo com seu brilhante e premiado espetáculo 1989. Além disso, os laços previamente estabelecidos no Conservatório de Tatuí, onde os membros do grupo estudaram, contribuíram para essa oportunidade. Julio Cesar Mello, um dos integrantes do Coletivo, destaca a satisfação em retornar ao Conservatório: “É muito especial, para nós, voltar a esta instituição pela qual temos tanto carinho e apreço. Teremos a oportunidade de reencontrar antigos parceiros, alguns agora atuando como professores, e ex-alunos do Coletivo Cê, que antes participavam de cursos profissionalizantes de teatro ensinados por nós e hoje são alunos do Conservatório”, afirma.
Nessa nova jornada, o Coletivo Cê tem como objetivo não apenas manter a qualidade das produções teatrais, mas também explorar novas abordagens e estilos, proporcionando uma experiência enriquecedora para o público e os artistas envolvidos. “Este desafio será único, motivador e instigante. A oportunidade de instruir estudantes que querem se profissionalizar, nos possibilita a desempenhar um papel de relevância no cenário artístico local e nacional, colaborando ativamente para o crescimento e desenvolvimento das artes cênicas”, conclui Julio.
Inscrições abertas
O Conservatório de Tatuí está com inscrições abertas para o Processo Seletivo de Bolsistas para a Cia. de Teatro. Estudantes interessados(as) em integrar a Companhia na temporada 2024 podem inscrever-se até o dia 26 de janeiro por meio do formulário disponível no site do Conservatório de Tatuí. As vagas são para Bolsas Performance em Artes Cênicas destinadas a atrizes/atores, músicos e musicistas estudantes regularmente matriculados(as) na instituição, ou que tenham formação e experiência artística e técnica compatível com o grupo. Atualmente, o Conservatório de Tatuí conta com 10 Grupos Artísticos de Bolsistas, visando aprimorar a formação técnica e artística de estudantes em música e artes cênicas. Em 2024, as bolsas terão vigência de 4 de março a 20 de dezembro, oferecendo valores anuais de R$7 mil para grupos com seis horas semanais de ensaio e R$10 mil para grupos com nove horas semanais de ensaio. O processo seletivo inclui vagas para ampla concorrência e vagas exclusivas para estudantes de escolas públicas, pessoas pretas, pardas ou indígenas, trans/travestis e pessoas com deficiência. Para conferir os detalhes, acesse o edital.
Sobre o Coletivo | O Coletivo Cê é um grupo de artistas profissionais que possui uma trajetória de 14 anos. Ao longo desse período, o coletivo criou espetáculos e filmes autorais, que foram contemplados por editais públicos e premiados em festivais. Além disso, realizam também cursos de formação teatral, saraus, cineclubes e outras atividades em parceria com entidades públicas e privadas. O nome “Cê” reflete a transformação da língua portuguesa em sua utilização oral. A partir da expressão “vossa mercê” que evoluiu para “vosmecê” e posteriormente se tornou “você”, o termo simplificado “cê” surgiu. Essa palavra é amplamente utilizada, especialmente no interior de São Paulo, onde o coletivo fincou sua morada. Essa simples palavra carrega consigo a força de seu significado, relacionado à intimidade e verdade com o espaço e com o outro. O Coletivo Cê busca confrontar suas próprias urgências e revelar as lacunas existentes em sua relação com a história pessoal e coletiva. É por meio desse confronto que seu trabalho ganha forma e se desenvolve, buscando uma nova temporalidade e descobrindo maneiras de ser e existir no mundo por meio da arte. Por meio dessa abordagem, o coletivo encontra um espaço para florescer, cultivando um diálogo íntimo e verdadeiro com o público e com sua própria identidade artística.
(Fonte: Máquina Cohn&Wolfe)