Construções irregulares e supressão de vegetação estão entre as principais causas de ameaça à restinga no litoral sul do Brasil, alerta estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicado na Revista “Ocean and Coastal Research” nesta sexta (12). Com o uso de drones, pesquisadores mapearam áreas de restinga em 32 praias do município de Pontal do Paraná, espalhadas em mais de 20 quilômetros de extensão.
Para mapear áreas de difícil acesso, a pesquisa produziu imagens aéreas de 32 praias do município, divididas em oito setores. Após análises com ajuda de softwares de georreferenciamento, os cientistas concluíram que todos os setores apresentaram traços de degradação. A pesquisa mostrou que 63,5% do total de 290 hectares mapeados correspondem a áreas preservadas e 36,5% à região degradada por construções irregulares e supressão de vegetação.
A restinga é um ecossistema formado por bancos de areia e vegetação – especialmente arbustivas, herbáceas e arbóreas – localizado na faixa litorânea entre o continente e o mar. O levantamento ressalta que este impacto negativo coloca em risco os ecossistemas terrestres e marinhos. Isso porque a restinga serve de refúgio e ambiente de reprodução para espécies como corujas e tartarugas, além de proteger a costa marinha do avanço do mar durante as ressacas.
Para o pesquisador da UFPR e principal autor do estudo, César Silva, a ação humana é a principal causa desta degradação, “com construções irregulares, geralmente dos próprios pescadores, mas também de pracinhas, calçadas de acesso às praias e ruas para levar embarcações. Além disso, ocorre com frequência a poda e roçada da vegetação da restinga, pois parece que os moradores se incomodam com o ‘mato’ tampando a visão do mar”, explica.
A degradação é ainda mais evidente em orlas com grande fluxo de turistas em período de férias e verão, como Praia de Leste e Ipanema. O município de Pontal do Paraná fica a 100 quilômetros da capital, Curitiba, e é considerado uma das principais rotas turísticas do estado.
A expectativa é que políticas de proteção e recuperação ambiental possam ser efetivadas a partir dos dados da pesquisa. “Eles estão servindo para gerar planos de manejo em projeto de extensão universitária, uma vez que foi possível detectar os locais mais degradados e suas respectivas áreas conservadas”, destaca Silva.
(Fonte: Agência Bori)