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Osesp recebe pianista Tom Borrow para tocar três concertos de Beethoven

São Paulo, por Kleber Patricio

Osesp na Sala São Paulo. Foto: Mario Daloia.

O ano de 2024 marca as celebrações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, além dos 30 anos de atividades do Coro da Osesp e dos 25 anos da Sala São Paulo – a casa da Osesp, dos Coros e de seus Programas Educacionais, inaugurada em 1999 no edifício onde antes funcionava a Estrada de Ferro Sorocabana.

Entre quinta-feira (9/mai) e sábado (11/mai), a Osesp recebe o jovem pianista israelense Tom Borrow, que será o solista no Concerto para piano nº 1 de Beethoven. Como Artista em Residência da Temporada Osesp 2024, Borrow interpreta, nas duas próximas semanas, o segundo e o terceiro Concertos para piano do mestre alemão.

Regido pelo Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra, Thierry Fischer, o repertório desta semana trará, ainda, três obras que de alguma maneira retratam o continente americano: ‘Central Park in the dark’, de Charles Ives; ‘Uirapuru’, de Heitor Villa-Lobos; e ‘Amériques’, de Edgard Varèse. Parte da nova série Osesp Duas e Trinta, a apresentação de sexta-feira (10) acontece às 14h30 com transmissão ao vivo no YouTube da Osesp. E, no domingo (12), às 18h, Borrow realiza um recital na Sala São Paulo com a participação de quatro músicos da Orquestra. Será apresentada uma seleção das peças líricas de Edvard Grieg e o Quinteto para piano e cordas nº 2 de Antonín Dvorák.

Sobre o programa

Osesp e Thierry Fischer em concerto na Sala São Paulo. Foto: Laura Manfredini.

Considerada uma das obras mais ousadas do norte-americano Charles Ives (1874–1954), ‘Central Park in the dark’ foi composta em 1906, mas estreada apenas em 1946. É marcada por um radicalismo modernista, em uma tentativa de criação de uma ‘música nacional’ americana. No lugar das sublimes montanhas e florestas cantadas pelo Romantismo (acompanhadas eventualmente pelas águas e nuvens do Impressionismo francês da mesma época), a obra de Ives busca dar concretude à ideia de um complexo ‘quadro sonoro’, no qual a natureza, como no famoso parque de Nova York, está rodeada pelo caos da metrópole.

O Concerto para piano nº 1 em Dó maior, de Ludwig van Beethoven (1770–1827) — que, na verdade, foi o terceiro composto por ele — foi o escolhido para a sua estreia em Viena. Beethoven o considerava uma obra de maior brilho, capaz de impressionar o público. Posteriormente, o compositor pediu indulgência aos críticos, para os seus dois primeiros concertos, declarando que “eles não pertenciam ainda aos [seus] melhores [exemplares] do gênero”, considerando-os “já ultrapassados”.

A melodia básica de um pequeno pássaro de plumagem colorida da Amazônia serviu de inspiração a Villa-Lobos para compor uma de suas mais conhecidas obras: Uirapuru, o pássaro encantado, bailado brasileiro, desenvolvida a partir do poema sinfônico ‘Tédio de Alvorada’, sobre uma paisagem, composto entre 1916 e 1917. Anos mais tarde, o famoso coreógrafo Serge Lifar, em turnê pela América do Sul, apresenta um balé sobre o ‘Choros nº 10 — Rasga o coração’ do compositor brasileiro, baseado na lenda indígena do Jurupari. Para retribuir a gentileza, Villa-Lobos decide reaproveitar temas e motivos da obra anterior, completando em 1934 a partitura final de Uirapuru, que estrearia no ano seguinte no Teatro Colón de Buenos Aires, por ocasião de uma visita de Getúlio Vargas à capital argentina.

A Sala São Paulo. Foto: Mariana Garcia.

Presente na escandalosa estreia da ‘Sagração da Primavera’, Varèse acabou chocando seus antigos mestres europeus, reconfigurando o Impressionismo de Debussy, a ironia de Satie, o virtuosismo de Busoni e a riqueza rítmica de Stravinsky, com o objetivo de traduzir em música o vigor da modernidade americana. Apesar da evidente intenção mimética, ‘Amériques’ deveria ir além da mera referência programática, adquirindo um significado simbólico ao expressar um ‘estado de alma’ propriamente ‘americano’. A obra seria, nas palavras do compositor, “uma meditação, a impressão de um estrangeiro que se interroga sobre as possibilidades extraordinárias de nossa nova civilização”.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp | A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp é um dos grupos sinfônicos mais expressivos da América Latina. Com 13 turnês internacionais e quatro turnês nacionais realizadas, mais de uma centena de álbuns gravados e uma média de 120 apresentações por temporada, a Osesp vem alterando a paisagem musical do país e pavimentando uma sólida trajetória dentro e fora do Brasil, obtendo o reconhecimento de revistas especializadas como Gramophone e Diapason, e relevantes prêmios, como o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Clássica de 2007. A Orquestra se destacou ao participar de três dos mais importantes festivais de verão europeus, em 2016, ao se tornar a primeira orquestra profissional latino-americana a se apresentar em turnê pela China, em 2019, e ao estrear em 2022, no Carnegie Hall, em Nova York, apresentando um concerto na série oficial de assinatura da casa e o elogiado espetáculo Floresta Villa-Lobos. Desde 2020, Thierry Fischer ocupa os cargos de Diretor Musical e Regente Titular, antes ocupados por Marin Alsop (2012-19), Yan Pascal Tortelier (2010-11), John Neschling (1997-2009), Eleazar de Carvalho (1973-96), Bruno Roccella (1963-67) e Souza Lima (1953). Mais que uma orquestra, a Osesp é também uma iniciativa cultural original e tentacular que abrange diversos corpos artísticos e projetos sociais e de formação, como os Coros Sinfônico, Juvenil e Infantil, a Academia de Música, o Selo Digital, a Editora da Osesp e o Descubra a Orquestra. Fundada oficialmente em 1954, a Orquestra passou por radical reestruturação entre 1997 e 1999 e, desde 2005, é gerida pela Fundação Osesp.

Thierry Fischer | Desde 2020, Thierry Fischer é diretor musical da Osesp, cargo que também assumiu em setembro de 2022 na Orquestra Sinfônica de Castilla y León, na Espanha. De 2009 a junho de 2023, atuou como diretor artístico da Sinfônica de Utah, da qual se tornou diretor artístico emérito. Foi principal regente convidado da Filarmônica de Seul [2017-20] e regente titular (agora convidado honorário) da Filarmônica de Nagoya [2008-11]. Já regeu orquestras como a Royal Philharmonic, a Filarmônica de Londres, as Sinfônicas da BBC, de Boston e Cincinnatti e a Orchestre de la Suisse Romande. Também esteve à frente de grupos como a Orquestra de Câmara da Europa, a London Sinfonietta e o Ensemble Intercontemporain. Thierry Fischer iniciou a carreira como Primeira Flauta em Hamburgo e na Ópera de Zurique. Gravou com a Sinfônica de Utah, pelo selo Hyperion, Des Canyons aux Étoiles [Dos cânions às estrelas], de Olivier Messiaen, selecionado pelo prêmio Gramophone 2023, na categoria orquestral. Na Temporada 2024, embarca junto à Osesp para uma turnê internacional em comemoração aos 70 anos da Orquestra.

Tom Borrow. Foto: Tal Givony.

Tom Borrow | Nascido em Tel Aviv, em 2000, Tom Borrow iniciou seus estudos no Conservatório de Música de Givatayim e na Escola de Música Buchmann-Mehta, frequentando ainda o Centro de Música de Jerusalém. Recebeu aclamação do público e da crítica após ser chamado com apenas 36 horas de antecedência para substituir a renomada pianista Khatia Buniatishvili em uma série de 12 concertos com a Filarmônica de Israel, em 2019. Em 2021, após estreia muito elogiada junto à Orquestra de Cleveland, a Musical America o indicou como “Novo Artista do Mês”. Nomeado Artista da Nova Geração da BBC, apresenta-se no regularmente no Wigmore Hall. Estreou em 2022 na BBC Proms, no Royal Albert Hall. Dentre suas distinções, destacam-se o Prêmio Terence Judd-Hallé Orchestra [2023], o Concurso de Jovens Artistas da Rádio Israelense e da Sinfônica de Jerusalém, além do prêmio “Maurice M. Clairmont” [2018], concedido pela America-Israel Cultural Foundation e pela Universidade de Tel Aviv. Seus compromissos recentes incluem a Orquestra de Cleveland, as Sinfônicas Nacional Dinarmaquesa, de Milão, de Baltimore, de Atlanta, de St. Louis e da BBC, as Filarmônicas Tcheca e de Londres, além das orquestras do Konzerthaus de Berlim e de Viena e a própria Osesp.

PROGRAMA

PARA OUVIR AS AMÉRICAS

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

THIERRY FISCHER REGENTE

TOM BORROW PIANO

Charles IVES | Central Park in the dark [Central Park no escuro]

Ludwig Van BEETHOVEN | Concerto para piano nº 1 em Dó maior, Op. 15

Heitor VILLA-LOBOS | Uirapuru

Edgard VARÈSE | Amériques [Américas]

TOM BORROW CONVIDA MÚSICOS DA OSESP

TOM BORROW PIANO

E MÚSICOS DA OSESP

EMMANUELE BALDINI VIOLINO

SUNG EUN CHO VIOLINO

SARAH PIRES VIOLA

JIN JOO DOOH VIOLONCELO

Edvard GRIEG | Peças líricas: Seleção

Antonín DVORÁK | Quinteto para piano e cordas nº 2 em Lá maior, Op. 81.

Serviço:

9 de maio, quinta-feira, às 20h30

10 de maio, sexta-feira, às 14h30 [Osesp Duas e Trinta] – Concerto Digital

11 de maio, sábado, às 16h30

12 de maio, domingo, às 18h00 [Recital]

Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16

Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares

Recomendação etária: 7 anos

Ingressos: Entre R$39,60 e R$271,00 [Osesp] e entre R$39,60 e R$143,00 [Recital] (Valores inteiros)

Bilheteria (INTI)

(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h

Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners

Estacionamento: R$28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos

*Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.

A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.

(Fonte: Fundação Osesp)