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ICMBio, Azul e Embratur montam força-tarefa e resgatam duas onças no meio da Amazônia

Amazônia, por Kleber Patricio

Força-tarefa envolvendo aeronave resgatou onças filhotes Naurú e Piatã, no interior do Pará. Foto: Divulgação/ICMBio.

As onças filhotes Naurú e Piatã foram resgatadas em Miritituba, distrito de Itaituba, no Pará, e levadas para a capital, Belém, onde vão receber tratamento adequado da equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em operação que também envolveu a Polícia Militar, a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e a Azul Linhas Aéreas. O voo que transportou os dois filhotes e os veterinários envolvidos na operação foi realizado na tarde da última quinta-feira (4).

Uma das duas pequenas onças foi encontrada no dia 24 de junho por trabalhadores de uma empresa portuária de Miritituba. O primeiro filhote era uma fêmea, mais tarde batizado de Naurú, que significa ‘corajosa e guerreira’ em Tupi Guarani. Uma equipe da Polícia Militar de Miritituba recolheu o animal e, na volta para a base, foi informada que mais um filhote foi achado nas mesmas condições. A equipe retornou e resgatou o irmão, que ganhou o nome de Piatã, que significa ‘fortaleza’ em Tupi Guarani.

Apesar de estarem em bom estado de saúde, a equipe decidiu realizar o resgate, pois os irmãos tinham apenas dois meses de vida e teriam pouquíssimas chances de sobrevivência se permanecessem no local. Não há confirmação sobre o que aconteceu com a mãe, mas é possível que tenha sido caçada ou morrido após atropelamento.

Como na região não havia nenhum Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) com condições de receber os animais, o ICMBio buscou apoio das instituições que pudessem atender a demanda. O Centro Amazônico de Herpetologia, localizado em Benevides, cidade que fica a 40 km de Belém e a mais de 1.300 km de Itaituba, foi a instituição mais próxima encontrada. O centro possui um recinto de 70 metros quadrados onde os filhotes de onça-parda serão tratados até terem condições de serem reintroduzidos na natureza.

O ICMBio buscou o apoio da Embratur, que é parceira institucional em acordo de cooperação técnica de promoção turística dos parques nacionais. A Agência fez intermediação com a única companhia aérea que atua em Itaituba, a Azul Linhas Aéreas. Ao saber da situação, a empresa prontamente se ofereceu para realizar o transporte dos animais. A equipe do Instituto então providenciou todas as informações e documentação para que a missão pudesse ser realizada.

“Agradeço imensamente à Azul por ter atendido, de pronto, ao nosso pedido de ajuda para que o ICMBio pudesse dar seguimento à operação de resgate. Essa sinergia é uma demonstração de como estamos todos envolvidos no mesmo projeto de país. As onças agora terão todo o cuidado necessário para sobreviverem com saúde”, destacou o presidente da Embratur, Marcelo Freixo.

Gêmeas cuidando de gêmeos | Um fato curioso no caso é o das veterinárias Leana e Leandra, da Clínica Toca DiPets, de Itaituba. Elas apoiaram a equipe do ICMBio durante o período de espera entre o resgate e o transporte. Assim como Naurú e Piatã, elas são gêmeas.

Sobre a espécie

A onça-parda (puma concolor), quando filhote, apresenta pelagem dourada com pintas pretas, muito semelhante às onças pintadas. A espécie ocorre desde o Canadá até a Patagônia e, no Brasil, há registros em todos os biomas. A onça-parda também é conhecida como Suçuarana, onça-vermelha, bodeira e leão-baio. A espécie é considerada como ‘quase ameaçada’, conforme a avaliação do risco de extinção oficial. As informações sobre o estado de conservação dessa e de outras espécies da biodiversidade brasileira estão disponíveis na plataforma SALVE (salve.icmbio.gov.br).

As principais ameaças à espécie são supressão e fragmentação de habitat devido à expansão agropecuária, mineração e exploração de madeira para carvão, eliminação de indivíduos por caça, retaliação por predação de animais domésticos, queimadas (principalmente em canaviais) e atropelamentos.

(Fonte: Embratur)