O ano de 2024 marca as celebrações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, além dos 30 anos de atividades do Coro da Osesp e dos 25 anos da Sala São Paulo – a casa da Osesp, dos Coros e de seus Programas Educacionais, inaugurada em 1999 no edifício onde antes funcionava a Estrada de Ferro Sorocabana. Nesta semana, de quinta-feira (3/out) a sábado (5/out), a Osesp recebe novamente o regente alemão Heinz Holliger, um amigo de longa data de nossos músicos, para um programa que inclui obras de Robert Schumann (a Sinfonia nº 2), Alban Berg (o Concerto para violino, com o russo Ilya Gringolts como solista convidado), e a estreia latino-americana de Tonscherben [Fragmentos de sons], peça de autoria do próprio Holliger (que também é oboísta e compositor, além de maestro). Vale lembrar que a performance de sexta-feira (4/out) terá transmissão ao vivo pelo canal oficial da Osesp no YouTube.
Escrita por Heinz Holliger (1939-) em 1985, Tonscherben [Fragmentos de sons] ilustra alguns aspectos daquilo que o suíço traz para a composição (experimental, prático, centrado na ação). Como declara seu título, a música é composta de nove fragmentos sonoros tipificados por extremos em termos de dinâmica, registro e não continuidade e por sua forma altamente episódica. A obra reproduz o manuscrito do compositor com uma relativa sensação de idiossincrasia e espontaneidade (como ilustrações japonesas) que se encontra ausente na música reproduzida mecanicamente. Aqui, o intérprete deve ‘sentir’ seu caminho no momento, ao invés de ter todas as decisões traçadas e ensaiadas antes da performance.
O Concerto para violino de Alban Berg (1885–1935) foi escrito por encomenda do violinista norte-americano Louis Krasner. Na época, Berg recebeu a trágica notícia da morte de Manon Gropius, filha de Alma Mahler-Werfel e Walter Gropius, arquiteto fundador da Bauhaus. Muito amigo da família, Berg decidiu homenagear a jovem de 18 anos e incluiu na partitura do concerto a dedicatória ‘Em memória de um anjo’. Concebido e escrito em aproximadamente cinco meses, o concerto estreou em abril de 1936 no Palau de la Música Catalana, em Barcelona, sob regência de Hermann Scherchen, tendo Louis Krasner como solista. Essa foi a última peça completa escrita por Alban Berg, cujo falecimento, três meses antes da estreia, daria ainda um outro sentido para esse réquiem.
Robert Schumann (1810–1856) casou-se em 1840 com a pianista Clara Wieck a contragosto de seu sogro, Johann Friedrich Wieck – com quem o próprio Schumann estudou piano. Em 1844, o casal se instalou em Dresden, onde ele teria uma crise das mais severas e criaria a Sinfonia nº 2. Com um longo histórico de hipomania, melancolia e alucinações, o gênio romântico se definiu em um terreno de introspecção e sofrimento. Biógrafos de Schumann dirão que todo o seu ser respira música e que em sua música se entranham fantasias, sonhos e delírios. Nos dois primeiros movimentos da Sinfonia nº 2, por exemplo, costuma-se ouvir uma luta titânica contra a insanidade.
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp
Desde seu primeiro concerto, em 1954, a Osesp tornou-se parte indissociável da cultura paulista e brasileira, promovendo transformações culturais e sociais profundas. A cada ano, a Osesp realiza em média 130 concertos para cerca de 150 mil pessoas. Thierry Fischer tornou-se diretor musical e regente titular em 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop. Seus antecessores foram Yan Pascal Tortelier, John Neschling, Eleazar de Carvalho, Bruno Roccella e Souza Lima. Além da Orquestra, há um coro profissional, grupos de câmara, uma editora de partituras e uma vibrante plataforma educacional. Possui quase 100 álbuns gravados (cerca de metade deles por seu próprio selo, com distribuição gratuita) e transmite ao vivo mais de 60 concertos por ano, além de conteúdos especiais sobre a música de concerto. A Osesp já realizou turnês em diversos estados do Brasil e também pela América Latina, Estados Unidos, Europa e China, apresentando-se em alguns dos mais importantes festivais da música clássica, como o BBC Proms, e em salas de concerto como o Concertgebouw de Amsterdam, a Philharmonie de Berlim e o Carnegie Hall. Mantém, desde 2008, o projeto Osesp Itinerante, promovendo concertos, oficinas e cursos de apreciação musical pelo interior do estado de São Paulo. É administrada pela Fundação Osesp desde 2005.
Heinz Holliger, regente
O lendário compositor, regente e oboísta suíço Heinz Holliger tem estado à frente de importantes orquestras, como as Filarmônicas de Berlim, Estrasburgo, Viena e Londres, a Orquestra de Cleveland e do Concertgebouw de Amsterdam, as Sinfônicas de Frankfurt, de Viena e da Rádio da Baviera, além da Tonhalle de Zurique e da Orquestra de Câmara da Europa. Como compositor, suas obras têm sido publicadas exclusivamente pela prestigiosa editora de partituras Schott Music International. Dentre as honrarias recebidas por Holliger citamos o Prêmio de Composição da Associação de Músicos Suíços, o Prêmio Léonie Sonning de Música da Cidade de Copenhague, o Prêmio de Arte da Cidade de Basileia, o Prêmio de Música Ernst von Siemens, o Prêmio de Música da Cidade de Frankfurt e o Prêmio Abbiati na Bienal de Veneza, além de um doutorado honorário da Universidade de Zurique. Por suas gravações, disponíveis nos selos Teldec, Philips e ECM, recebeu o Diapason d’Or, o Midem Classical Award, o Edison Award e o Grand Prix du Disque.
Ilya Gringolts, violino
O violinista russo Ilya Gringolts já se apresentou com orquestras renomadas, como as Filarmônicas de Los Angeles, de Israel, de Oslo e de São Petersburgo, a Sinfônica NHK do Japão, as Sinfônicas de Viena, Alemã de Berlim, de Singapura, de Estocolmo, da Rádio da Finlândia, a Mahler Chamber Orchestra e a Tonhalle de Zurique. Em setembro de 2023, realizou uma extensa turnê pela Austrália e pela Nova Zelândia. Outras colaborações recentes incluem a Orquestra Nacional Húngara, a Orquestra Nacional Escocesa, a Sinfônica da BBC e a própria Osesp. Junto com Ilan Volkov, criou a Fundação I&I que concede encomendas a jovens compositores. Gringolts venceu o Concurso Internacional de Violino Paganini [1998] e ainda é o mais jovem vencedor da história da competição, aos 16 anos; também foi nomeado um Artista da Nova Geração da BBC logo no início da carreira. Toca um violino Stradivarius ‘ex-Prové’ de 1718.
PROGRAMA
OSESP
HEINZ HOLLIGER regente
ILYA GRINGOLTS violino
Heinz HOLLIGER | Tonscherben [Fragmentos de sons] [estreia latino-americana]
Alban BERG | Concerto para violino
Robert SCHUMANN | Sinfonia nº 2 em Dó maior, Op. 61.
Serviço:
3 de outubro, quinta-feira, 20h30
4 de outubro, sexta-feira, 14h30 [Osesp duas e trinta] — Concerto Digital
5 de outubro, sábado, 16h30
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: Entre R$39,60 e R$271; R$39,60 [Osesp duas e trinta] (valores inteiros)
Bilheteria (INTI): neste link | (11) 3777-9721 (de segunda a sexta, das 12h às 18h)
Estacionamento: R$35,00 (noturno e sábado à tarde | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos.
A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.
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(Fonte: Com Pedro Fuini/Fundação Osesp)