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Dançar no Sol, Descansar na Lua: A intimidade pintada por Samara Paiva

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Exposição revela a poética do cotidiano e a subjetividade do corpo negro na galeria Nonada ZS. Fotos: Samara Paiva.

A Nonada ZS, localizada em Copacabana, RJ, apresenta a mostra ‘Dançar no Sol e Descansar na Lua’, da artista visual Samara Paiva. Composta por 12 trabalhos, a exposição oferece um mergulho nas investigações da artista sobre o comportamento do corpo negro na intimidade dos espaços domésticos, utilizando a pintura a óleo como meio de explorar essas relações. A visitação vai até o dia 16 de novembro.

A prática artística de Samara Paiva se caracteriza pela investigação da espacialidade e pela subjetividade do corpo negro, explorando como o ambiente doméstico possibilita humanização e contemplação. Por meio de uma paleta de cores quentes e suaves, suas obras borram as fronteiras entre o concreto e o abstrato criando um universo em que as figuras retratadas encontram descanso e intimidade. O uso do baixo contraste da noite e das sombras serve como ferramenta para libertar seus personagens da rigidez cotidiana.

Autodidata, a artista começou a desenhar e pintar após sua formação em arquitetura, utilizando a pintura como uma forma de traduzir experiências de intimidade e solitude. Nascida em 1995, em Maués, AM e atualmente residente em São Paulo, busca retratar cenas do cotidiano capturando emoções e a relação entre o corpo e o espaço. Suas obras convidam o público a refletir sobre a vulnerabilidade e a complexidade da experiência humana, especialmente do ponto de vista de uma mulher negra.

O texto crítico da exposição, assinado por Ariana Nuala, faz um paralelo entre as obras de Samara e a música brasileira, especialmente o samba de Clara Nunes. Nuala utiliza a canção ‘Juízo Final’ como referência para compreender a dicotomia entre o bem e o mal, relacionando-a com a paleta e os temas explorados pela artista e sugere que suas obras transcendem o conflito, oferecendo uma narrativa visual que privilegia o repouso, o afeto e a convivência harmoniosa com o espaço e com o outro.

Com ‘Dançar no Sol e Descansar na Lua’, Samara Paiva não apenas apresenta seu olhar singular sobre a espacialidade do corpo, mas também abre um caminho de diálogo sobre como a arte pode ser um território de resistência e liberdade. A exposição reafirma o papel da Nonada ZS como um espaço de inovação e representatividade na cena artística contemporânea, promovendo novos talentos e incentivando discussões que refletem as pluralidades do Brasil atual.

Serviço:

Exposição Dançar no Sol e Descansar na Lua, de Samara Paiva

Texto crítico: Ariana Nuala

Visitação: até 16 de novembro de 2024 | terça a sexta-feira, das 11h às 19h; sábado, das 11h às 15h

Local: Nonada ZS – @nonada_nada | http://nonada-nonada.com/

Endereço: Rua Aires Saldanha, 24 – Copacabana, Rio de Janeiro, RJ

A galeria

Nonada, um neologismo que remete ao não lugar e à não existência. Como o próprio significado de Nonada diz, ela surge com o intuito de suprir lacunas momentâneas, ou permanentes, com um novo conceito. A galeria, inclusiva e não sectária, enquanto agente promotor de encontros e descobertas com anseio pela experimentação, ilustra possibilidades de distanciar-se de rótulos enquanto amplia diálogos. “Nonada é um híbrido que pesquisa, acolhe, expõe e dialoga. Deixa de ser nada e passa a ser essência por acreditar que o mundo precisa de arte… e arte por si só já é lugar”, definem João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo. A Nonada mostra-se necessária após a constatação, por seus gestores, da imensa quantidade de trabalhos de boa qualidade de artistas estranhos aos circuitos formais e que trabalham com os temas atuais, sem receio nem temor em abordar tópicos políticos, identitários, de gênero ou qualquer outro assunto que esteja na agenda do dia; que seja importante no hoje. “Queremos apresentar de forma plural novos talentos, visões e força criativa”. O processo de maturação da Nonada foi orgânico e plural pois “abrangeu desde nossa experiência como também indicações de artistas, curadores, e de buscas aonde fosse possível achar o que aguardava para ser descoberto”, diz Paulo Azeco. Ludwig Danielian acrescenta: “não queremos levantar bandeiras, rótulos, e sim valorizar a boa arte, que independe de estereótipos. Queremos ter esta proposta de galeria em Copacabana, bairro popular, e na Penha, no subúrbio, na periferia do circuito de arte, para que se leve excelentes trabalhos a todos”.

(Fonte: Com Silvia Balady/Balady Comunicação)