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Galeria Raquel Arnaud apresenta individual de Geórgia Kyriakakis

São Paulo, por Kleber Patricio

Veias abertas – Galeria Raquel Arnaud.

Sob o pulsar de veias abertas, a Galeria Raquel Arnaud recebe, a partir de 7 de novembro, o projeto ‘Os ventos do norte não movem moinhos’ da artista Geórgia Kyriakakis. Com texto crítico de Paula Borghi, a mostra traz obras que suscitam reflexões sobre a cultura, a história e a herança social do processo colonizador na América Latina.

Inspirada pela canção ‘Sangue Latino’, composta em 1973 por Paulinho Mendonça e João Ricardo e eternizada pela banda Secos e Molhados, a artista propõe uma visão ampliada da América Latina, que ultrapassa conceitos geográficos e contrapõe à influência cultural norte-americana. “O que chamamos de América Latina é um tipo de regionalização que considera os idiomas falados, os processos históricos de colonização e exploração, as desigualdades sociais e as origens indígenas ancestrais, entre outros fatores. Os ‘ventos do norte’ mencionados na canção são uma alusão direta às forças imperialistas do norte global, que resultam em opressão e espoliação de recursos naturais e sociais presentes na história da região. Essas forças ‘não movem moinhos’, promovem o subdesenvolvimento inexorável da América Latina”, explica Geórgia.

Série Chuquicamata I, 2024.

Composta por esculturas, desenhos, instalações e ações colaborativas, a exposição ocupa todo o espaço da galeria. No piso térreo estão duas séries de desenhos inspirados na história da cidade de Chuquicamata, no Chile, abandonada devido à poluição do ar e à contaminação causada pela exploração de cobre na região. Na parede principal, a artista apresenta Veias Abertas, uma extensa faixa de tecidos vermelhos de diferentes formatos e texturas cobrindo toda a metade inferior da parede. São quase 20 metros de tecidos sobrepostos dispostos de modo a representar a divisão geográfica entre norte e sul. Esses tecidos trazem recortes de trechos da música Sangue Latino: “minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos, meu sangue latino, minha’alma cativa”. Ainda no térreo, outra frase da mesma canção inspira a criação das três esculturas chamadas Lança ao espaço, compostas por 15 lanças de madeira torneada, pontiagudas e encaixadas umas nas outras.

No andar superior, estão expostas ações colaborativas propostas por Kyriakakis em parceria com as artistas Carla Chaim, Aline Langendonck, Isis Gasparini e Vânia Medeiros, desenvolvidas para envolver a participação da equipe da galeria. Exceto Vânia Medeiros, todas as demais artistas e também a curadora Paula Borghi foram alunas de Kyriakakis no curso de Artes Visuais da FAAP. O projeto surgiu do desejo da artista de unir sua atuação como artista e professora em uma mesma iniciativa.

Série Chuquicamata I, 2024.

Todas as ações estabelecem relações com o tema geral da mostra e foram criadas para uma colaboração inicial com a equipe de trabalho da galeria realizada durante a montagem dos trabalhos. Depois da abertura, o público também poderá interagir com as propostas.

Sobre a Galeria Raquel Arnaud

Criada em 1973 com o nome de Gabinete de Artes Gráficas. Com espaços marcantes assinados por arquitetos como Lina Bo Bardi, Ruy Ohtake e Felippe Crescenti, o Gabinete passou por diferentes endereços, como as avenidas Nove de Julho e Brigadeiro Luís Antônio, além do espaço que havia pertencido ao Subdistrito Comercial de Arte, na Rua Arthur de Azevedo, em Pinheiros, no qual permaneceu de 1992 a 2011.

A Galeria Raquel Arnaud o foco no segmento da abstração geométrica e a atenção especial dada às investigações da arte contemporânea – arte construtiva e cinética, instalações, esculturas, pinturas, desenhos e objetos – perpetuaram a Galeria Raquel Arnaud no Brasil e no exterior tanto por sua coerência como pela contribuição singular para valorização e consolidação da arte brasileira. Para isso, contribuíram de forma fundamental artistas como Amilcar de Castro, Willys de Castro, Lygia Clark, Mira Schendel, Sergio Camargo, Hércules Barsotti, Waltercio Caldas, Iole de Freitas e Arthur Luiz Piza, entre outros.

Série Chuquicamata I, 2024.

Atualmente com sede na Rua Fidalga, 125, Vila Madalena, a Galeria Raquel Arnaud representa artistas reconhecidos nacional e internacionalmente – Waltercio Caldas, Carlos Cruz-Díez, Arthur Luiz Piza, Sérvulo Esmeraldo, Iole de Freitas, Maria Carmen Perlingeiro, Carlos Zilio e Tuneu. Os mais jovens atestam a consolidação de novas linguagens contemporâneas – Frida Baranek, Geórgia Kyriakakis, Daniel Feingold, Julio Villani, Célia Euvaldo, Wolfram Ullrich, Elizabeth Jobim, Carla Chaim, Carlos Nunes e Ding Musa.

Raquel Arnaud também fundou o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) em 1997, única instituição no Brasil que cataloga documentação de artistas.

Serviço:

Os ventos do norte não movem moinhos 

Local: Galeria Raquel Arnaud. Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena, São Paulo – SP

Abertura: 7 de novembro | 19—22h

Período expositivo: até 15 de janeiro de 2025

Horários de visitação: segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 11h às 15h

Entrada gratuita

https://raquelarnaud.com/

https://www.instagram.com/galeriaraquelarnaud/.

(Fonte: Com Julio Sitto/A4&Holofote Comunicação)