O ano de 2024 marca as celebrações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, além dos 30 anos de atividades do Coro da Osesp e dos 25 anos da Sala São Paulo – a casa da Osesp, dos Coros e de seus programas educacionais, inaugurada em 1999 no edifício onde antes funcionava a Estrada de Ferro Sorocabana.
Nesta semana, de quinta-feira (24/out) a sábado (26/out), a Osesp se apresenta sob a batuta de seu diretor musical e regente titular, Thierry Fischer, tendo como convidado o violoncelista norte-americano Jay Campbell. Ele será o solista em Reverdecer, uma coencomenda da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Osesp à compositora lisboeta Andreia Pinto-Correia. O programa conta ainda com o Bolero, de Maurice Ravel, uma das obras mais amadas pelo público, e duas peças do mestre Villa-Lobos: a Sinfonia nº 6 — Sobre a linha das montanhas e o Choros nº 10 — Rasga o coração, que será executada pela Orquestra na companhia do Coro da Osesp e do Coro Acadêmico da Osesp. O concerto da sexta-feira (25/out) integra a série Osesp duas e trinta, com início às 14h30 e ingressos a R$39,60 (valor inteiro) e será transmitido ao vivo no YouTube da Orquestra.
Sobre o programa
O Bolero de Maurice Ravel (1875–1937) foi encomendado pela atriz e dançarina russa Ida Rubinstein, que queria uma peça de sabor espanhol para ser dançada por ela. Ravel teve a ideia de utilizar um único tema sensual e repeti-lo com ligeiras modificações pelos vários instrumentos da orquestra, sem se fiar em contrastes ou temas secundários, o que cria uma crescente tensão que cativa os ouvintes. Apesar de o francês não ter tido grandes expectativas para a peça, o Bolero se tornou uma das mais conhecidas obras orquestrais de todos os tempos, demonstrando o poder da música em engajar a mente e o ouvido do público simplesmente manipulando sua imaginação.
Reverdecer, da compositora lisboeta Andreia Pinto-Correia (1971-), carrega em seu título dois significados: se por um lado, reverdecer pode indicar crescimento e renascimento, voltados para o futuro, por outro, o termo remete também a uma reconstrução de memórias passadas de acordo com a imaginação e com as vivências individuais. A obra é dedicada à memória de seus pais, representando uma viagem de emoções, recordações, saudade e esperança, e também a Jay Campbell, amigo e colaborador de longa data da compositora.
Heitor Villa-Lobos (1887–1959) compôs 12 sinfonias, das quais apenas a quinta se perdeu. A sexta sinfonia veio em 1944, após um hiato de 25 anos em que o compositor ficou longe desse gênero. Nessa obra, ele utiliza um método peculiar de gerar melodias que consiste em passar para uma folha de papel quadriculado o contorno de uma montanha a partir de uma fotografia. O resultado deste experimento de Villa-Lobos é uma obra leve e extremamente cativante que foi registrada em 2012 pela Osesp — a Orquestra gravou a integral das sinfonias villalobianas junto a Isaac Karabtchevsky.
Já Choros nº 10 estreou no Rio de Janeiro em novembro de 1926. É uma das obras mais emblemáticas de Villa-Lobos, na qual podemos distinguir duas partes. Na primeira, mais misteriosa e sombria, há um diálogo entre sopros e cordas, evocando sonoridades das florestas tropicais. A segunda metade da obra é muito mais rítmica e reforçada pela percussão. Um pouco depois, o coro faz sua primeira participação, brincando com as vogais: já-ka-tá ka-ma-ra-já, té-ké-ré ki-mé-ré-jé etc. Após algum tempo, as sopranos entoam uma melodia com letra em português, a modinha Rasga o coração, cuja letra é de Catulo da Paixão Cearense, parceiro de serestas de Villa-Lobos, e cuja melodia é de Anacleto de Medeiros, maestro e líder da Banda do Corpo de Bombeiros, filho de uma mulher negra escravizada.
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp
Desde seu primeiro concerto, em 1954, a Osesp tornou-se parte indissociável da cultura paulista e brasileira, promovendo transformações culturais e sociais profundas. A cada ano, a Osesp realiza em média 130 concertos para cerca de 150 mil pessoas. Thierry Fischer tornou-se diretor musical e regente titular em 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop. Seus antecessores foram Yan Pascal Tortelier, John Neschling, Eleazar de Carvalho, Bruno Roccella e Souza Lima. Além da Orquestra, há um coro profissional, grupos de câmara, uma editora de partituras e uma vibrante plataforma educacional. Possui quase 100 álbuns gravados (cerca de metade deles por seu próprio selo, com distribuição gratuita) e transmite ao vivo mais de 60 concertos por ano, além de conteúdos especiais sobre a música de concerto. A Osesp já realizou turnês em diversos estados do Brasil e também pela América Latina, Estados Unidos, Europa e China, apresentando-se em alguns dos mais importantes festivais da música clássica, como o BBC Proms, e em salas de concerto como o Concertgebouw de Amsterdam, a Philharmonie de Berlim e o Carnegie Hall. Mantém, desde 2008, o projeto Osesp Itinerante, promovendo concertos, oficinas e cursos de apreciação musical pelo interior do estado de São Paulo. É administrada pela Fundação Osesp desde 2005.
Coro da Osesp
Criado em 1994, o grupo aborda diferentes períodos e estilos, com ênfase nos séculos XX e XXI e nas criações de compositores brasileiros. Gravou álbuns pelo Selo Digital Osesp, Biscoito Fino e Naxos. Entre 1995 e 2015, teve Naomi Munakata como Coordenadora e Regente. De 2017 a 2019, a italiana Valentina Peleggi assumiu a regência, tendo William Coelho como Maestro Preparador — posição que ele mantém desde então. Em 2020, o Coro se apresentou no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, sob regência de Marin Alsop, repetindo o feito em 2021, em filme virtual com Yo-Yo Ma e artistas de outros sete países. Em 2022, fez turnê com a Osesp nos Estados Unidos, apresentando-se, novamente liderados por Alsop, no Music Center at Strathmore, em North Bethesda, e em dois concertos no Carnegie Hall, em Nova York. Na Temporada 2024, o grupo celebra seus 30 anos, com programação especial.
Coro Acadêmico da Osesp
Criado em 2013 com o objetivo de formar profissionalmente jovens cantores, o grupo é composto pelos alunos da Classe de Canto da Academia de Música da Osesp, sob direção do maestro Marcos Thadeu. Oferece experiência de prática coral, conhecimento de repertório sinfônico para coro e orientação em técnica vocal, prosódia e dicção, além da vivência no cotidiano junto ao Coro da Osesp. Em 2021, a Classe foi reconhecida pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo como Curso Técnico, com o Diploma Técnico Profissionalizante de Nível Médio.
Thierry Fischer, regente
Desde 2020, Thierry Fischer é diretor musical da Osesp, cargo que também assumiu em setembro de 2022 na Orquestra Sinfônica de Castilla y León, na Espanha. De 2009 a junho de 2023, atuou como diretor artístico da Sinfônica de Utah, da qual se tornou diretor artístico emérito. Foi principal regente convidado da Filarmônica de Seul [2017-20] e regente titular (agora convidado honorário) da Filarmônica de Nagoya [2008-11]. Já regeu orquestras como a Royal Philharmonic, a Filarmônica de Londres, as Sinfônicas da BBC, de Boston e Cincinnatti e a Orchestre de la Suisse Romande. Também esteve à frente de grupos como a Orquestra de Câmara da Europa, a London Sinfonietta e o Ensemble intercontemporain. Thierry Fischer iniciou a carreira como Primeira Flauta em Hamburgo e na Ópera de Zurique. Gravou com a Sinfônica de Utah, pelo selo Hyperion, Des Canyons aux Étoiles [Dos cânions às estrelas], de Olivier Messiaen, selecionado pelo prêmio Gramophone 2023, na categoria orquestral. Na Temporada 2024, fez sua primeira turnê internacional junto à Osesp, apresentando-se em festivais em Santander, Edimburgo, Amsterdam, Wiesbaden e Berlim.
Jay Campbell, violoncelo
Com repertório diversificado e interesses musicais ecléticos, Jay Campbell é o único artista a ter recebido dois Avery Fisher Career Grants – em 2016 como solista e em 2019 como membro do JACK Quartet. Dentre seus próximos destaques estão seu retorno às San Francisco Performances, apresentações no SummerFest de La Jolla (Califórnia) e na série Green Umbrella da Filarmônica de Los Angeles, da qual já foi co-curador. O artista é responsável por mais de cem estreias, incluindo obras de Chris Rogerson, David Lang e Andreia Pinto Correia – foi com Campbell, acompanhado pela Orquestra Gulbenkian, em Lisboa, que a primeira audição de Reverdecer aconteceu. O violoncelista estadunidense já colaborou também com músicos como Elliott Carter, Pierre Boulez e John Zorn. No campo sinfônico, tem se apresentado com importantes orquestras, como as Filarmônicas de Berlim e Nova York, as Sinfônicas de Seattle e Alemã de Berlim, além de grupos como Ensemble intercontemporain e Da Capo Chamber Players. Campbell toca um violoncelo de 1750 fabricado pelo luthier italiano Paolo Antonio Testore.
PROGRAMA
ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO – OSESP
CORO DA OSESP
CORO ACADÊMICO DA OSESP
THIERRY FISCHER regente
JAY CAMPBELL violoncelo
Maurice RAVEL | Bolero
Andreia PINTO-CORREIA | Reverdecer [Coencomenda Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Osesp]
Heitor VILLA-LOBOS
Sinfonia nº 6 — Sobre a linha das montanhas
Choros nº 10 — Rasga o coração.
Serviço:
24 de outubro, quinta-feira, 20h30
25 de outubro, sexta-feira, 14h30 [Osesp duas e trinta] — Concerto Digital
26 de outubro, sábado, 16h30
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: Entre R$39,60 e R$271 (valores inteiros); R$39,60 (valor inteiro) [Osesp duas e trinta]
Bilheteria (INTI): neste link | (11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h
Estacionamento: R$ 35,00 (noturno e sábado à tarde) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos
*Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação
A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura
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(Fonte: Com Pedro Fuini/Fundação Osesp)