A atenção nutricional domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças e adolescentes está presente em todas as regiões brasileiras, embora o cuidado não esteja ainda uniformizado e existam importantes diferenças regionais, relata um artigo de pesquisadores da Fiocruz e do Ministério da Saúde publicado no último dia 15 na revista Saúde em Debate.
O estudo foi feito por meio de questionários eletrônicos respondidos por nutricionistas do Programa Melhor em Casa, do SUS, com dados do perfil dos profissionais, a população pediátrica atendida e as condições oferecidas para o acompanhamento nutricional. Foram analisados 70 questionários de todas as regiões do país.
“Os nutricionistas do programa ainda enfrentam desafios relacionados às condições necessárias para a avaliação, diagnóstico e tratamento nutricional pediátrico no domicílio”, explica Fernanda Simões, nutricionista e pesquisadora da Fiocruz. A pesquisa revelou que, além da ausência de protocolos específicos para a população pediátrica, o que orientaria a padronização do cuidado, os profissionais enfrentam condições adversas como o acesso a exames e disponibilidade limitada de instrumentos como balanças pediátricas e antropômetros (instrumento utilizado para medir dimensões e proporções do corpo humano, como altura e comprimento de membros).
Grande parte dos nutricionistas (77,2%) relata atuar nesta área há menos de cinco anos, o que demonstra uma atividade profissional recente. Eles também dizem ser os únicos nutricionistas do programa no seu município (78,6%). Por fim, acompanham, em média, 70,2 pacientes, de todas as idades, sendo que, desses, em média, 7,6 são pediátricos.
Segundo o estudo, a expansão da atuação deste profissional depende do reconhecimento, pelos gestores de saúde, de que o estado nutricional dos pacientes em atendimento domiciliar resulta em melhores desfechos clínicos e na redução de custos com reinternações hospitalares.
O estudo conclui que a sistematização do cuidado nutricional poderia ser mais bem organizada com a elaboração de protocolos específicos para a população infantil, orientando as condições mínimas para o acompanhamento nutricional efetivo. “Os resultados podem contribuir para a área dando visibilidade a um segmento ainda pouco estudado e fornecendo dados que podem ser usados para melhorar a qualidade da atenção nutricional domiciliar”, afirma Fernanda.
(Fonte: Agência Bori)