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Com Marc Albrecht no pódio e Paul Lewis como solista, Osesp dedica programa da semana a Brahms

São Paulo, por Kleber Patricio

Osesp na Sala São Paulo. Foto: Mario Daloia.

O ano de 2024 marca as celebrações dos 70 anos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp, além dos 30 anos de atividades do Coro da Osesp e dos 25 anos da Sala São Paulo – a casa da Osesp, dos Coros e de seus Programas Educacionais, inaugurada em 1999 no edifício onde antes funcionava a Estrada de Ferro Sorocabana.

Nesta semana, de quinta-feira (17/out) a sábado (19/out), a Osesp terá um programa dedicado a Johannes Brahms, um dos grandes compositores da Primeira Escola de Viena, cuja obra é um dos eixos desta Temporada. Sob a batuta do regente Marc Albrecht, ouviremos a orquestração de Arnold Schoenberg para o Quarteto em sol menor do mestre alemão e, com Paul Lewis como solista, o Concerto para piano nº 1. Os ingressos custam a partir de R$39,60 (valor inteiro) e estão à venda neste link. O concerto da sexta-feira (18/out) será transmitido ao vivo no canal da Osesp no YouTube.

Sobre o programa

Marc Albrecht. Foto: Jonas Holthaus.

Após a internação de Robert Schumann em um manicômio, Brahms foi viver na casa dele para dar amparo à esposa do amigo, Clara, que estava grávida de seu oitavo filho. Em cinco dias, compôs uma sonata para dois pianos, na qual tentou traduzir seus sentimentos diante do destino de Schumann. O resultado, porém, não o agradou. Ele constatou que seria preciso transformar a sonata em uma sinfonia, mas o peso da tarefa o levou a abandonar o projeto.

Um ano mais tarde, Brahms ainda estava vivendo na casa dos Schumann, cada dia mais apaixonado por Clara. Animado por um sonho no qual tocava um concerto para piano baseado em sua ‘malograda sinfonia’, ele volta a trabalhar na composição que se tornaria seu Concerto para piano nº 1. Brahms levou mais três anos para finalizar a obra, marcadamente densa e trágica, rompendo muitas das convenções do gênero concertante ao mesmo tempo em que demonstra profundo conhecimento da tradição.

Paul Lewis. Foto: Kaupo Kikkas.

Em fevereiro de 1933, Arnold Schoenberg apresentou uma conferência na Rádio de Frankfurt para celebrar o centenário de Brahms, que inspirou seu famoso ensaio ‘Brahms, o progressista’. Nele, Schoenberg argumenta que Brahms, considerado conservador, poderia ser visto como um precursor do Modernismo. Com a ascensão de Hitler e a perseguição aos judeus, o austríaco fugiu para os Estados Unidos, onde se uniu a outros artistas alemães emigrados. Um deles era o maestro Otto Klemperer, que sugeriu ao amigo que orquestrasse o Quarteto para piano nº 1 de Brahms.

Schoenberg então se dedicou, entre maio e setembro de 1937, a traduzir para orquestra cada nota da partitura, escrita originalmente para piano, violino, viola e violoncelo. Ao invés de dar à obra uma roupagem atualizada, ele seguiu de perto a linguagem do antecessor, que conhecia como poucos. O Quarteto, que marcou a estreia de Brahms como compositor em Viena em 1862, homenageia a rica tradição musical da cidade. O compositor observou que Brahms utilizava a tradição de maneira original, variando seus temas desde o início, em vez de apresentá-los de forma fixa. Essa abordagem, chamada de ‘variação em desenvolvimento’, exemplifica a inventividade melódica de Brahms e pode ser vista com clareza no primeiro movimento do quarteto.

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp

A Sala São Paulo. Foto: Mariana Garcia.

Desde seu primeiro concerto, em 1954, a Osesp tornou-se parte indissociável da cultura paulista e brasileira, promovendo transformações culturais e sociais profundas. A cada ano, a Osesp realiza em média 130 concertos para cerca de 150 mil pessoas. Thierry Fischer tornou-se diretor musical e regente titular em 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop. Seus antecessores foram Yan Pascal Tortelier, John Neschling, Eleazar de Carvalho, Bruno Roccella e Souza Lima. Além da Orquestra, há um coro profissional, grupos de câmara, uma editora de partituras e uma vibrante plataforma educacional. Possui quase 100 álbuns gravados (cerca de metade deles por seu próprio selo, com distribuição gratuita) e transmite ao vivo mais de 60 concertos por ano, além de conteúdos especiais sobre a música de concerto. A Osesp já realizou turnês em diversos estados do Brasil e também pela América Latina, Estados Unidos, Europa e China, apresentando-se em alguns dos mais importantes festivais da música clássica, como o BBC Proms, e em salas de concerto como o Concertgebouw de Amsterdam, a Philharmonie de Berlim e o Carnegie Hall. Mantém, desde 2008, o projeto “Osesp Itinerante”, promovendo concertos, oficinas e cursos de apreciação musical pelo interior do estado de São Paulo. É administrada pela Fundação Osesp desde 2005.

Marc Albrecht, regente
O alemão é um dos mais aclamados maestros no cenário contemporâneo da ópera e de concertos. É bastante requisitado internacionalmente como regente do repertório austro-germânico do Romantismo tardio, de nomes que vão de Wagner e Strauss a Zemlinsky, Schreker e Korngold. Ele também aprecia e com bastante convicção toda a gama de compositores que vai desde Mozart até a música contemporânea. Em 2021, Albrecht foi premiado com o Opus Klassik na categoria Regente do Ano pelo álbum Zemlinsky – Die Seejungfrau [Zemlinsky – A Sereia], com a Filarmônica da Holanda. Em 2020, recebeu o título de Cavaleiro da Ordem do Leão Neerlandês e a distinção Prix d’Amis da Ópera Nacional Holandesa. Em 2019, foi nomeado Regente do Ano pelo International Opera Awards. Além disso, durante sua gestão como regente principal, a Ópera Nacional Holandesa foi nomeada Casa de Ópera do Ano da Europa em 2016. Na temporada 2024-2025, Albrecht se apresenta como regente convidado junto a orquestras como Sinfônica Nacional da RAI de Turim, Orquestra do Konzerthaus de Berlim, Filarmônica de Oslo, Orquestra Gulbenkian (Lisboa) e Philharmonia (Zurique), além da própria Osesp.

Paul Lewis, piano
Internacionalmente reconhecido como um dos principais músicos de sua geração, seus inúmeros prêmios incluem o Instrumentista do Ano da Royal Philharmonic Society, dois Edison, três Gramophone e o Diapason D’or. Em 2016, foi agraciado com a Ordem do Império Britânico. Possui doutorados honorários das Universidades de Southampton e Edge Hill. Lewis se apresenta regularmente como solista com as maiores orquestras do mundo e é convidado frequente nos festivais internacionais mais prestigiados, incluindo Lucerna, Mostly Mozart (Nova York), Tanglewood, Schubertiade, Salzburgo, Edimburgo e o BBC Proms de Londres, onde em 2010 se tornou o primeiro pianista a interpretar um ciclo completo dos concertos para piano de Beethoven em uma única temporada. Sua carreira de recitais o leva a locais como Royal Festival Hall em Londres, Alice Tully e Carnegie Hall em Nova York, Musikverein e Konzerthaus em Viena, Théâtre des Champs Elysées em Paris, Concertgebouw em Amsterdã, Konzerthaus e Filarmônica de Berlim, Tonhalle em Zurique, Palau de la Musica Catalana em Barcelona, Symphony Hall em Chicago, Oji Hall em Tóquio e a Sala São Paulo, onde é convidado frequente das temporadas da Osesp.
PROGRAMA

ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO — OSESP
MARC ALBRECHT
regente
PAUL LEWIS
piano
Johannes BRAHMS
Concerto para piano nº 1 em ré menor, Op. 15
Quarteto em sol menor, Op. 25
 [orquestração de Arnold Schoenberg]

Serviço:

17 de outubro, quinta-feira, 20h30
18 de outubro, sexta-feira, 20h30 — Concerto Digital
19 de outubro, sábado, 16h30
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: Entre R$39,60 e R$271 (valores inteiros)
Bilheteria (INTI): neste link | (11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h.
Estacionamento: R$ 35,00 (noturno e sábado à tarde) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos.

*Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.
A Osesp e a Sala São Paulo são equipamentos do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.

(Fonte: Pedro Fuini/Fundação Osesp)