Incentivando o respeito às diferenças, o monólogo “Capiroto” faz sua primeira temporada em São Paulo. Escrito e dirigido por Rodrigo França, o trabalho busca “desdemonizar” de maneira bem-humorada várias entidades não cristãs. A peça fica em cartaz entre 10 de outubro e 8 de novembro de 2023, às terças e quartas, às 19h, na Sala Paschoal Carlos Magno do Teatro Sérgio Cardoso. Os ingressos custam R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada).
“Os seres humanos terceirizam a sua própria maldade para uma figura que não está aqui para se defender. Na verdade, as pessoas não se respeitam e não se responsabilizam pelas suas ações. Ao mesmo tempo, historicamente, deuses e divindades pagãs vem sendo ‘demonizadas’ por algumas religiões, como uma questão política. ‘Capiroto’ quer discutir esses comportamentos”, comenta Rodrigo França.
De acordo com o diretor e dramaturgo, a religião é apenas um plano de fundo no espetáculo. “Na verdade, evoquei essa figura tão simbólica para refletir sobre o poder e o patriarcado – ideia que é a base da nossa sociedade. O personagem-título mostra como esse conceito é uma construção cultural, econômica e social europeia que não é observada nas Américas pré-colonização ou nas nações africanas”, completa.
A tarefa de interpretar essa figura coube ao ator, cantor, dançarino e produtor Leandro Melo, conhecido pelos espetáculos “Los Hermanos – Musical Pré Fabricado” (Michel Melamed), “ABBA – People Need Love” (Carlos Alberto Serpa), “Bibi, Uma Vida em Musical” (Tadeu Aguiar), “Elis, A Musical” (Dennis Carvalho) e “Dzi Croquettes” (Ciro Barcelos). “Meu desejo é que as pessoas saiam do teatro pensando a respeito da maldade que existe nelas mesmas. Afinal, somos feitos de sentimentos positivos e negativos e precisamos lutar para sermos sempre melhores”, comenta o artista.
Sobre a encenação
Durante a montagem, Melo conversa com a plateia, passeando pela história de várias entidades, até chegar em Exu. Enquanto isso, o palco recebe diversas projeções mapeadas, desde um vitral gótico de igreja até as divindades mencionadas na narrativa. A arte digital é assinada pelo soteropolitano Akueran. As músicas que aparecem em cena foram compostas exclusivamente para o espetáculo por João Vinicius Barbosa.
Embora o texto seja bastante provocativo, França não quer causar discórdia ou mal-estar no público. “Meu objetivo é aproximar as pessoas. Um relato legal é que, em uma das apresentações, uma espectadora evangélica me disse que só foi assistir porque gostava muito do meu trabalho e sabia que eu tinha muito respeito pelos religiosos e que, no fim das contas, saiu da peça sentido pena do diabo”, relata o diretor.
“Agora se eu viesse uma travesti, vocês me matariam queimada, a pedrada, a paulada, e me empurrariam por aí em um carrinho de obra… ou abririam meu peito, arrancariam meu coração e no lugar colocariam uma imagem de um santo! Só por discordar da maneira que simplesmente eu sou. Vocês são medíocres… e seletivos!” (Trecho extraído da dramaturgia “Capiroto”, de Rodrigo França)
Sinopse | Em cena, uma conversa franca com o Capiroto, aquele a quem o ser humano delega a maldade existente em si próprio. Cansado do injusto fardo e das demandas perversas, o “coisa ruim” coloca a humanidade em xeque-mate. Na história da civilização humana ocidental é recorrente a apropriação cultural e a demonização de divindades, sempre permeada por perseguições e intolerância, tudo para que os detentores do poder o mantenham e o acumulem cada vez mais.
Ficha Técnica
Autor e diretor: Rodrigo França
Elenco: Leandro Melo
Direção de movimento: Kennedy Lima
Diretor assistente: Júlio Ângelo
Iluminação: Pedro Carneiro
Figurino: Marah Silva/Ateliê Cretismo
Cenário: Clebson Prates
Trilha sonora original: João Vinicius Barbosa
Técnica de luz: Dara Duarte
Técnico de som: Kleber Marques
Arte Digital: Akueran
Designer: Andreas Sartori
Pesquisa historiográfica: Rodrigo França e Jonathan Raymundo
Consultoria de representações raciais e de gênero: Deborah Medeiros
Fonoaudióloga: Luísa Catoira
Visagismo: Vitor Martinez e Diego Nardes
Costureira: Terezinha Silva
Direção de produção: Gabrielle Araújo
Assistente de produção: Isaac Belfort
Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
Fotografia: Ernani Pinho
Produtores associados: Gabrielle Araújo, Rodrigo França e Leandro Melo
Realização: Caboclas Produções, Diverso Cultura e Desenvolvimento e LET’S Produções.
Serviço:
Capiroto
Temporada: 10 de outubro a 8 de novembro, às terças e quartas, às 19h
Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno (149 lugares)
Endereço: R. Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo (SP)
Ingresso: R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada)
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Apresentações em Libras e audiodescrição.
(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)