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Feito por meio de bonecos, espetáculo ‘O Pescador e a Mulher-Esqueleto’ trata de bullying, preconceito e padrões de beleza

São Paulo, por Kleber Patricio

Fotos: Arô Ribeiro.

A dificuldade de aceitar o que é ‘diferente’ é o ponto de partida do novo espetáculo infanto-juvenil do Grupo Caleidoscópio, ‘O Pescador e a Mulher-Esqueleto’, com dramaturgia e direção artística de João Bresser e elenco formado pelos atores-manipuladores Anderson Gangla, Cássia Carvalho, Juliana Fegoci e Liz Mantovani. Em setembro, a peça percorre mais quatro cidades do interior de São Paulo a partir do dia 15, após ter passado por 10 municípios paulistanos em agosto. A temporada é gratuita e está ocupando diversos teatros públicos da Grande São Paulo.

O espetáculo explora a linguagem do teatro de bonecos a partir da técnica japonesa milenar Bunraku, quando até três atores-manipuladores, com movimentos sincronizados, manuseiam bonecos construídos com articulações baseadas no corpo humano.

Após uma breve pausa, O Pescador e a Mulher Esqueleto volta em cartaz no dia 15 de setembro, domingo, às 16h, na Estação Cidadania e Cultura (Ferraz de Vasconcelos). No dia 17, terça-feira, às 14h, o trabalho é exibido na Arena de Eventos (Santana de Parnaíba). No dia 18 de setembro, quarta-feira, às 14h, a apresentação é na Praça dos Esportes e da Cultura Nelly Fadlo Daher (Itapecerica da Serra). Por fim, no dia 22, domingo, às 16h, a peça ocupa o Teatro Padre Bento (Guarulhos).

Oficinas

A experiência fica ainda mais completa com as oficinas de Teatro de Bonecos Bunraku, que acontecem sempre nos dias das sessões em cada uma das cidades. Nos dias de semana, as atividades vão das 9h às 11h e, aos sábados e domingos, das 13h30 às 15h30. A única exceção é em Diadema: a oficina ocorre no dia 15 de agosto das 19h às 21h. As inscrições são abertas para todos os públicos e devem ser feitas direto nos espaços culturais. Além disso, após as apresentações, o Grupo Caleidoscópio realiza bate-papos com elenco e direção do espetáculo.

Sobre a encenação

O Pescador e a Mulher-Esqueleto é baseado no conto milenar homônimo do povo Inuíte, uma nação indígena esquimó que habita as regiões árticas do Canadá, do Alasca e da Groenlândia. A história está presente no livro Mulheres que correm com os lobos: Mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem, da psicóloga Junguiana norte-americana Clarissa Pinkola Estés.

Na trama, um pescador pesca acidentalmente do fundo do mar uma mulher-esqueleto e, após terem dificuldade para se aceitar, a dupla acaba enredada em uma história de amor.

“No conto original, a mulher-esqueleto adquire carne e, em uma metáfora, arranca o coração do pescador, mas não era esse o ponto que me interessava. Eu tive a intuição de mantê-la como esqueleto para justamente unir dois seres completamente diferentes e fomentar uma discussão sobre preconceito, bullying e aceitação. Assim, o amor, que é o pilar da peça, transformará os dois personagens, mas somente em seus corações e não em suas aparências”, comenta João Bresser.

O cenário fica em cima de uma bancada de três metros de comprimento e reproduz uma casa com todos os móveis e utensílios de um pescador simples. Os espectadores veem uma cozinha com um forno à lenha, pia, mesa de madeira com duas cadeiras e alguns objetos. No quarto, há uma cama antiga de madeira, com um travesseiro e uma coberta. Ao lado da residência fica um quintal com plantas, uma árvore e um lago.

A vibrante trilha sonora de Ivan Garro contribui para a imersão da plateia. A peça também incorpora a linguagem audiovisual para garantir que o público acompanhe a história nos mínimos detalhes. Todas as cenas no interior da casa são projetadas no varal localizado no quintal do pescador. Já as cenas no lago e no quintal são vistas sem a necessidade desse recurso. Dessa forma, os dramas dos personagens ganham mais profundidade. “Nós criamos uma sincronia tão perfeita entre os atores-manipuladores, as luzes e as cenas gravadas, que o público sempre fica em dúvida se as projeções são ao vivo. Acho isso bastante enriquecedor”, fala Bresser.

Confeccionados por Anderson Gangla e Thais Larizzatti, os dois bonecos em cena medem entre 50 e 60 centímetros e, para o Grupo Caleidoscópio, é um grande desafio dar movimentos realistas a eles. “Precisamos pensar muito bem em como o nosso corpo se comporta quando fazemos ações simples, como o levantar de uma cama. Ao utilizarmos a técnica Bunrako, temos que tornar os movimentos verossímeis, como se fosse mesmo um ser humano. Inclusive, os atores-manipuladores vestem-se de preto para não terem nenhum destaque no espetáculo”, comenta o encenador.

Sobre o Grupo Caleidoscópio

O grupo paulistano dedica-se à pesquisa do Teatro de Animação desde 2003, quando começou o processo de sua primeira criação. O espetáculo O Fantástico Laboratório do Professor Percival estreou em 2004 e utiliza a técnica do Teatro de Objetos. Num segundo momento, inicia-se uma nova pesquisa, tendo como inspiração e ponto de partida a vida do curioso bicho-da-seda. Utilizando a técnica do Teatro de Bonecos com música ao vivo, nasce em 2006 o espetáculo A vida mudada de um bicho mutante.

Já em 2011, estreia o terceiro espetáculo, Andersen sem Palavras, inspirado em cinco contos de Hans Christian Andersen, que são representados por meio do Teatro de Sombras – sem palavras, tal um cinema mudo, onde imagens, figuras, silhuetas, luzes, sombras e músicas se unem para entreter e emocionar a plateia. A mais recente produção do Grupo é o espetáculo adulto Do Jeito Certo – Um ato sobre o amor, que aborda de uma maneira irreverente o machismo nas relações amorosas, utilizando a técnica do Teatro de Objetos. A montagem foi selecionada no Edital ProAC Expresso Lab 36/2020 – Produção de Teatro, com temporada online em abril de 2021.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia e Direção Artística: João Bresser

Elenco: Anderson Gangla, Cássia Carvalho, Juliana Fegoci, Liz Mantovani

Cenário e adereços: Valter Valverde e Lourenço Amaral

Confecção dos bonecos: Anderson Gangla e Thais Larizzatti

Trilha Sonora: Ivan Garro

Iluminação: Thatiana Moraes

Imagens: Capote Filmes

Assistente de iluminação: Danilo Mora e Marcelo Pessoa

Operação de som e imagens: Gylez Batista e Paulo Higa

Fotografia: Arô Ribeiro

Figurino: Rogério Romualdo

Assessoria de Imprensa: Canal Aberto

Programação Visual: Walmick de Holanda

Projeto audiodescrição: Gangorra

Oficina de Teatro de Bonecos: Grupo Caleidoscópio

Produção: Cássia Carvalho e Lucas Gonçalves

Administração: JB Produções

Coordenação: Grupo Caleidoscópio

Instagram: @opescadoreamulheresqueleto.

Serviço:

O Pescador e a Mulher-Esqueleto

Duração: 50 minutos

Classificação: livre (recomendado a partir de 7 anos)

Acessibilidade: haverá audiodescrição e intérpretes de Libras em todas as apresentações

para pessoas cegas ou deficientes visuais, a reserva de equipamento é feita pelo telefone (11) 99737-8785

Estação Cidadania e Cultura

Data: 15 de setembro, domingo, às 16h

Endereço: Rua Francisco Sperandio, 200 – Cidade Kemel – Ferraz de Vasconcelos

Ingresso: gratuito – retirada de ingressos na bilheteria com uma hora de antecedência

*Haverá bate-papo após o espetáculo

*Oficina de Teatro de Bonecos Bunkaru das 13h30 às 15h30

Arena de Eventos

Data: 17 de setembro, terça-feira, às 14h

Endereço: Av. Esperança, 450 – Campo da Vila – Santana de Parnaíba

Ingresso: gratuito – retirada de ingressos na bilheteria com uma hora de antecedência

*Haverá bate-papo após o espetáculo

*Oficina de Teatro de Bonecos Bunkaru das 9h às 11h

PEC – Praça dos Esportes e da Cultura Nelly Fadlo Daher

Data: 18 de setembro, quarta-feira, às 14h

Endereço: Rua Álvaro de Almeida Leme, 499 – Itapecerica da Serra

Ingresso: gratuito – retirada de ingressos na bilheteria com uma hora de antecedência

*Haverá bate-papo após o espetáculo

*Oficina de Teatro de Bonecos Bunkaru das 9h às 11h

Teatro Padre Bento

Data: 22 de setembro, domingo, às 16h

Endereço: Rua Francisco Foot, 3 – Jardim Tranquilidade – Guarulhos

Ingresso: gratuito – retirada de ingressos na bilheteria com uma hora de antecedência

*Haverá bate-papo após o espetáculo

*Oficina de Teatro de Bonecos Bunkaru das 13h30 às 15h30.

(Fonte: Com Daniele Valério/Canal Aberto Assessoria de Imprensa)