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FGV Arte inaugura exposição ‘Afro-brasilidade, homenagem a dois Valentins e a um Emanoel’

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Silvana Mendes | Série II Afetocolagens – Fotografia impressa em papel de algodão.

‘Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel’ é o título da quinta exposição da FGV Arte. A mostra tem curadoria de Paulo Herkenhoff e João Victor Guimarães e reúne mais de 300 obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e documentos históricos. A abertura, marcada para o dia 10 de abril a partir das 19h, na Praia de Botafogo, 190, contará com apresentações artísticas e a presença de importantes nomes do segmento. O acesso à galeria é gratuito.

Dando ênfase à produção artística afro-brasileira, a exposição apresenta diferentes perspectivas de representação cultural, evidenciando a pluralidade e a riqueza da arte produzida por grandes nomes como Aleijadinho, Mestre Athaíde e Mestre Valentim e criações contemporâneas de Rosana Paulino, Felippe Sabino, Lucia Laguna e Sérgio Vidal, entre outros. Paulo Herkenhoff, em sua curadoria, prezou pela justaposição e pela complexidade histórica da arte afro-brasileira, trazendo uma abordagem que não esconde o período escravista do país. “A exposição foi concebida como um tecido que se expande e se entrelaça, conectando diferentes tempos, territórios e perspectivas. A mostra transita desde o pano da costa, elemento presente nos rituais da vida africana, até esculturas históricas que dialogam com a ancestralidade”, conta o curador.

A literatura brasileira também tem destaque em Afro-brasilidade, homenagem a dois Valentins e a um Emanoel. Além da dupla dedicada a Machado de Assis, composta de um retrato e de um manuscrito, a escritora Carolina Maria de Jesus tem reproduzido, em uma parede inteira, o conhecido diálogo com Clarice Lispector, retratado por Paulo Mendes Campos.

A concepção de culturas afro-brasileiras, no plural, foi também pensada pelos curadores de acordo com as diferenças geográficas. A coletiva reúne artistas e pensadores que fundamentam o que se pode compreender como afro-brasilidade no plano nacional. Segundo o curador adjunto, João Victor Guimarães, sua prioridade é destacar artistas fora do mercado sudestino, como os artistas baianos e nordestinos: “Nós temos obras de artistas de diversos estados do Brasil. As identidades afro-brasileiras se manifestam de diferentes formas em diferentes regiões. Então, atendendo a esse entendimento, buscamos uma ampliação geográfica para a exposição. Além, claro, da destreza técnica, da coerência da produção, da relevância de cada artista, porque nós entendemos que são desses trabalhos que a exposição é feita”, completa Guimarães.

Rubem Valentim | Relevo emblema, 1979.

Além da pluralidade territorial, a mostra se preocupa em resgatar do esquecimento artistas historicamente marginalizados no circuito artístico. É o caso, como afirmou Paulo Herkenhoff, da tela inédita da artista gaúcha Maria Lídia Magliani, My baby just cares for you, nunca exposta ao público.

A potência metafórica da arte também dialoga, na exposição, com questões centrais da sociedade brasileira. Quando questionado sobre o papel transformador da arte, Herkenhoff lembrou que “ninguém está vindo para enfeitar o mundo”. A pintura de Alberto Pitta, em seu monocromo branco, ou a obra de Abdias Nascimento, grande nome na luta antirracista, por exemplo, são um convite à reflexão, no qual “qualquer obra feita por um artista afrodescendente pode ser considerada como uma obra de resistência”.

Artistas [ordem alfabética]:

Abdias do Nascimento, Adir Sodré, Adriana Varejão, Adriano Machado, Agnaldo Manoel dos Santos, Alberto Pitta, Aleijadinho, Alexandre Ignácio Alves, Almir Lemos, Almir Mavignier, Andrea Fiamenghi, Andréa Hygino, Andy Warhol, Antônio Malta, Antonio Obá, Antônio Roiz Monteiro, Arjan Martins, Arnauld Julien Palliére, Arno Malinowisk, Auguste Petit, Ayrson Heráclito, Bauer Sá, Belmiro de Almeida, Brendon Reis, Caetano Dias, Carppio de Morais, Cesare Ripa, Christian Cravo, Cleonice Dias Rodrigues, Dalton Paula, Daniel Jorge, David Sol & Luan Gramacho, Di Cavalcanti, Diogum, Domingos Caldas Barboza, Douglas Ferreiro, Edival Ramosa, Eduard Hildebrandt, Eduardo Malta, Emanoel Araújo, Emanoel Saravá, Emmanuel Zamor, Estêvão Silva, Felipe Rezende, Felippe Sabino, Flávio Cerqueira, Francisca Manoela Valadão, Francisco Galeno, Gervane de Paula, Gilberto Filho, Giovanni Domenico Tiepolo, Glenn Ligon, Grupo EmpreZa, Guilherme Almeida, Guilhermina Giusti, Gustavo, Magalhães, Gustavo Moreno, Guy Veloso, Heberth Sobral, Heitor dos Prazeres, Igor Rodrigues, Jaime Lauriano, Jasi Pereira, Jeff Alan, Jefferson Medeiros, Jeisiekê de Lundu, João Timóteo da Costa, Jorge dos Anjos, José Adário, José Medeiros, Jota, Julien Palliére, Julio Alves, Karamujinho, Keila Sankofa, Kika Carvalho, Lucas Arurahy, Lucia Laguna, Luiz Pedra, Lyz Parayzo, Manoel Messias, Marc Ferrez, Marcel Gautherot, Marcelo Solá, Marcone Moreira, Marcos Roberto, Marepe, Maria Lidia Magliani, Maria Lira Borges, Marilú Cerqueira, Matheus Marques Abu, Mauricio Hora, Mauricio Igor, Maurino de Araújo, Maxwell Alexandre, Mestre Athaíde, Mestre Didi, Mestre Valentim, Michel Onguer, Milton Guran, Milton Ribeiro, Modesto Brocos, Moisés Patrício, Mulambö, Nádia Taquary, Negalê, Nicolas Soares, Osvaldo Gaia, Ottone Zorline, Paiva Brasil, Panmela Castro, Paulo Nazareth, Paulo Roberto Soares Santos, Pedro Carneiro, Pedro Weingartner, Pierre Verger, Pinto Bandeira, Quinca Moreira, Roberto Okinaka, Rodolfo Bernardelli, Romulo Vieira Conceição, Rosana Paulino, Rose Afefé, Rubem Valentim, Scherzer Zeh, Sebastião Anuário, Sergio Adriano H, Sergio Vidal da Rocha, Shai Andrade, Sidney Amaral, Silvana Mendes, Simplice Ajayi, Siwaju Silva, Sonia Gomes, Tadáskía, Tarso Tabu, Thiago Fonseca, Thiago Martins de Melo, Tiago Sant’ana, Ugo Zacaganni, Vik Muniz, Vitor Meireles de Lima, Walter Firmo, Willian Zorach e Yhuri Cruz.

Walter Firmo | Foto Clementina de Jesus, 1977.

*A lista de obras e artistas pode sofrer alterações.

O acesso à galeria é gratuito e a mostra fica em exibição até agosto de 2025. A exposição Afro-brasilidade, uma homenagem a dois Valentins e a um Emanoel, traz consigo uma programação educacional gratuita, incluindo palestras, minicursos, seminários e oficinas.

Sobre os curadores:

Paulo Herkenhoff

Paulo Herkenhoff (Cachoeiro de Itapemirim, ES). Curador, crítico de arte, artista é hoje um dos curadores mais importantes do país. Atuou em instituições nacionais e internacionais. Assinou a 24ª edição da Bienal de São Paulo (1998), conhecida como a Bienal antropofágica. Foi diretor de instituições renomadas como o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu de Arte do Rio. Foi curador assistente do MoMa, em Nova York. Atualmente é curador chefe da FGV Arte, no Rio de Janeiro.

João Victor Guimarães

João Victor Guimarães (Salvador, BA) é crítico de artes visuais, pesquisador e curador. Graduando em Artes na Universidade Federal da Bahia (Ufba), recentemente colaborou para a fundação do Museu de Arte Contemporânea da Bahia, no qual atuou como curador assistente. Desempenhou a mesma função no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), durante a exposição Raizes: começo, meio, começo. No Brasil, como crítico de arte, colabora para três das mais importantes revistas de artes do país: Select, DASArtes e Bravo! Atualmente, é curador da exposição Ecos malês, na Casa das Histórias de Salvador, eleita a “Segunda Melhor Exposição Coletiva do Brasil” no ano de 2024, por votação popular na premiação da Select. Está curando, com Paulo Herkenhoff, a exposição Afro-brasilidade, na FGV Arte, Rio de Janeiro.

A FGV Arte

Localizada na sede da FGV, em Botafogo, no Rio de Janeiro, a FGV Arte é um espaço voltado à valorização, à experimentação artística e aos debates contemporâneos em torno da arte e da cultura, buscando incentivar o diálogo com setores criativos e heterogêneos da sociedade, dividindo-se em três eixos principais: Exposições, publicações e atividades educacionais – acadêmicas e práticas. Tem como curador chefe, o crítico Paulo Herkenhoff. arte@fgv.br

Serviço:

Exposição Afro-brasilidade, homenagem a dois Valentins e a um Emanoel 

Terça a sexta, das 10h-20h, sábado e domingo, das 10h-18h

Em cartaz até agosto de 2025

Praia de Botafogo, 190.

Programação educacional paralela da exposição Afro-Brasilidade:

Palestra de abertura e diálogo com os curadores da exposição Afro-brasilidade, com Paulo Herkenhoff e João Victor Guimarães

11 de abril de 2025, 15h

Auditório, FGV Botafogo

Minicurso – Economia e mercado da arte: o valor da arte além do preço, com Thierry Chemalle (FGV) e convidados

14 e 15 de abril, 15h-17h

16 de abril, 14h-18h

Auditório 1013, FGV Botafogo

1º Seminário de Curadoria de Arte Afro-brasileira

13 a 15 de maio – horário a definir

Auditório, FGV, Praia de Botafogo, 190.

Convidados confirmados: Amanda Carneiro (Masp)

André Pitol (36ª Bienal de SP)

Cláudia Rocha (MNBA)

Claudinei Roberto da Silva (Curador independente)

Deri Andrade (Projeto Afro, Inhotim)

Ynaê Lopes dos Santos (Centro Cultural Rio Áfricas)

Oficinas confirmadas: 

26 de abril – 10h às 12h 

Oficina: Desenhar o Mundo

Artista: Pedro Carneiro

Faixa etária livre

24 de maio – 10h às 12h 

Oficina com Felipe Sabino

Artista: Felippe Sabino

Faixa etária livre

28 de junho – 16h às 18h

Oficina com Panmela Castro

Artista: Panmela Castro

Faixa etária livre

23 de agosto – 10h às 12h

Oficina com Andréa Hygino

Artista: Andréa Hygino

Faixa etária livre

* Toda a programação da FGV Arte é livre e gratuita, mediante inscrição prévia por meio de formulário disponibilizado no Instagram da FGV Arte. As vagas são limitadas.

(Com Márcia Gomes/Insighnet)