A memória, a valorização do saber, o retorno do contato do ser humano com a natureza, o livro como matéria-prima para ressignificação – essas são a base de uma extensa pesquisa realizada por Lucas Dupin, que apresenta a mostra “Da Memória Vegetal”, em cartaz do dia 26 de maio até o dia 2 de julho na Galeria Lume. A exposição reúne 12 trabalhos, entre pinturas de pequeno e grande formato e uma ampla instalação da série “Bibliomorfas”, expostas juntas pela primeira vez. Além disso, o artista foi selecionado para a 13ª Bienal do Mercosul, que acontece em setembro, em Porto Alegre (RS).
“A Memória Vegetal”, de Umberto Eco, discorre sobre a história e a importância de páginas, bibliotecas e memória e foi a inspiração para o título da mostra. “Um livro reúne muita informação. Há essa ideia totalizante, de permanência, que é antagônica à ideia de oralidade”, afirma Lucas.
A maior parte do material usado nas obras vem de enciclopédias, que um dia foram importantes fontes para pesquisas escolares, sendo completamente abandonadas depois das facilidades da internet.
Por meio de uma série de intervenções nos livros, ele os transforma em base para aquarelas, com imagens que remetem ao naturalismo dos artistas viajantes e seus trabalhos documentais da flora e da fauna. Para além da ressignificação, esta série de obras de Dupin provoca reflexões sobre a necessidade de um retorno do contato do ser humano com a natureza.
A douração com folha de ouro, um clássico da encadernação, é aplicada nas obras, em contraste com o uso de pólvora. O objetivo é colocar esse antagonismo na mesma superfície, mesclando um elemento mais nobre (o ouro, metal com forte apelo estético, que remete a esmero e às elites) com um material menos tradicional (a pólvora, de caráter explosivo e destrutivo).
“Forjar um livro vivo – plataforma aqui disputada pelas formas orgânicas, cuja cognição se dá no terreno dos ciclos vitais. Fundar um livro destituído de enunciados, na busca por um objeto em metamorfose, criatura a um só tempo de realidade vegetal e emergida da especulação ficcional. Profanar o livro: manipulá-lo, cortá-lo, colá-lo, queimá-lo, pintá-lo; não para destruí-lo, mas para ir além e aquém de seu projeto iluminista, não encerrar no cânone da palavra as possibilidades políticas da linguagem”, relata Pollyana Quintella em texto crítico sobre a mostra.
Sobre Lucas Dupin
Mestre (2012) e Bacharel (2008) em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lucas Dupin tem no diálogo com os contextos em que trabalha o ponto de partida para suas pesquisas, embora se volte com frequência para o universo do livro, da natureza e da observação atenta da transitoriedade presente no cotidiano. Sem se ater aos materiais, linguagens e modos de trabalhar específicos, busca, dentro do seu universo de investigação, realizar trabalhos em que partes são capazes de acessar um todo.
Dupin já participou de mais de uma dezena de importantes premiações e residências artísticas no Brasil e no exterior como, por exemplo, “Pivô” (2019), “6º Bolsa Pampulha” (2016), OCA/OEI (2018), FAAP (2017) e Banff Centre (2011) e, em anos anteriores, destacou-se no Prêmio Arte Contemporânea da Funarte (2015) e no 2º Prêmio Energias na Arte (2010), no Instituto Tomie Ohtake, no qual recebeu a primeira colocação. Vive e trabalha em São Paulo e Belo Horizonte.
Sobre Galeria Lume
A Galeria Lume foi fundada em 2011 com a proposta de fomentar o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos ao lado de seus artistas e curadores convidados. Dirigida por Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo, a Lume se dedica a romper fronteiras entre diferentes disciplinas e linguagens, através de um modelo único e audacioso que reforça o papel de São Paulo como um hub cultural e cidade em franca efervescência criativa.
A galeria representa um seleto grupo de artistas estabelecidos e emergentes, dedicado à introdução da arte em todas as suas mídias, voltados para a audiência nacional e internacional, através de um programa de exposições plural e associado a ideias que inspiram e impulsionam a discussão do espírito de época. Foca-se também no diálogo entre a produção de seus artistas e instituições, museus e coleções de relevância.
A presença ativa e orgânica da galeria no circuito resulta na difusão de suas propostas entre as mais importantes feiras de arte da atualidade, além de integrar e acompanhar também feiras alternativas. A galeria aposta na produção de publicações de seus artistas e realização de material para pesquisa e registro. Da mesma forma, a Lume se disponibiliza como espaço de reflexão e discussão. Recebe palestras, performances, seminários e apresentações artísticas de natureza diversa.
Serviço:
“Da Memória Vegetal”, de Lucas Dupin
Texto crítico: Pollyana Quintella
Local: Galeria Lume
Período expositivo: de 26 de maio a 2 de julho
Horário: segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 11h às 15h
Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo (SP)
Entrada gratuita
Informações para o público: (55) 11 4883-0351 e contato@galerialume.com
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(Fonte: a4&holofote comunicação)