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‘Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso’ traz recorte privilegiado e inédito da arte sacra no Brasil

São Paulo, por Kleber Patricio

Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso – capa. Créditos: Via Impressa.

Orandi Momesso lançou no mês de junho o livro Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso. Escrito pelo arquiteto e historiador Carlos Lemos, a obra explora em profundidade a rica coleção de arte sacra brasileira reunida pelo colecionador ao longo de meio século.

“A coleção contempla obras que datam desde o período de colonização, com peças preservadas desde o ano de 1580. Um patrimônio da nossa cultura”, diz Orandi. Abrange um período extenso da história brasileira, é um testemunho da evolução artística e da pluralidade religiosa que constituiu o país.

Composta por 420 imagens sacras, traz uma ampla variedade de esculturas em madeira e terracota refletindo diferentes manifestações da devoção católica e popular. Adquiridas muitas vezes em viagens, na rapidez de leilões e em oportunidades únicas, Momesso formou seu acervo conquistando peças de outras importantes coleções, como as de Anita Marques da Costa, Ladi Biezus, João Marino e Francisco Roberto.

São José de Presépio – terracota policromada, 19 cm – início do século XVIII, São Paulo, SP. Créditos: José Henrique Lorca.

 

Em texto de abertura do volume, que conta com rica iconografia, Momesso detalha sua profunda conexão com a arte sacra, desde sua infância em Assis, interior de São Paulo, até sua juventude na capital paulista, onde frequentava museus como a Pinacoteca e o Museu de Arte Sacra.

Influenciado pelo legado de artistas como Aleijadinho e o próprio Frei Agostinho de Jesus, o colecionador desenvolveu um apreço pela estética e a ética da arte sacra, tornando-se um apaixonado pela pesquisa e curadoria do gênero. “A arte sacra tem uma importância fundamental na história da cultura popular. Foi um período revisitado pelos modernistas, que descobriram este tipo de arte e se encantaram”, acrescenta, sobre a relevância artística de tal gênero em outros movimentos artísticos modernos. “O bom colecionador quer que seu acervo fique para o mundo. Meu legado é deixar todas essas obras para o público, disponíveis no Parque Geminiani Momesso”, diz o idealizador da publicação.

Ao tornar a coleção pública e expor as centenas de obras no Pavilhão Carlos Lemos, no Parque Geminiani Momesso, em 2025, pretende inaugurar um capítulo inédito na história da preservação e da promoção da arte sacra na região sul do Brasil.

Este desejo de compartilhamento e preservação é central para Momesso, que idealizou um pavilhão para que futuras gerações possam apreciar e estudar obras de arte sacra. Sua coleção começou com uma pequena imagem do século XVIII recebida em El Salvador e hoje oferece um recorte único da formação do Brasil e de sua identidade cultural sagrada.

São João Evangelista – José Joaquim da Rocha Salvador, BA, c.1737-1807 óleo sobre madeira 100 cm x 66 cm séc. XVIII – Bahia. Créditos: José Henrique Lorca.

São obras-primas da escultura cristã, mas também documenta a hibridização cultural que ocorreu durante a colonização e os séculos subsequentes, com peças que vão desde o maneirismo até o barroco, e documentando o intercâmbio cultural entre diferentes continentes.

Destacam-se esculturas de Nossa Senhora, imagens de madeira aparente e as características ‘paulistinhas’ — pequenas estatuetas de cerâmica produzidas em massa durante o século XIX. Estas paulistinhas são particularmente notáveis por seu uso de moldes e decoração original bem conservada. “A arte religiosa acompanha o devocional popular, presente em variadas atividades voltadas para afirmar as práticas das crenças e separadas do cabedal eclesiástico. Em realidade, tanto a arte sacra quanto a dita religiosa podem ser exercidas por profissionais eruditos ou oriundas de mãos leigas”, ressalta Carlos Lemos em Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso.

O arquiteto convida a uma viagem pela história da arte sacra no Brasil, destacando a importância de preservar este patrimônio cultural e estar atento às manifestações populares do Sagrado.

Sobre o autor

Carlos Alberto Cerqueira Lemos, nascido em São Paulo em 1925, é arquiteto, pintor, historiador e professor. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, destacou-se por projetos importantes, incluindo o Teatro Maria Della Costa e a sede do Bradesco. Entre 1952 e 1957, coordenou o escritório paulista de Oscar Niemeyer. Como professor na FAU/USP a partir de 1954, colaborou em obras essenciais para a história da arquitetura brasileira e publicou livros importantes, como Arquitetura Brasileira e Ramos de Azevedo e seu Escritório.

Ficha técnica

Título: Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso

Editora: Martins Fontes

Idealização: Orandi Momesso

Autor: Carlos Lemos

Apresentação: Rafael Schunk

Design gráfico e produção gráfica: Via Impressa

Tamanho: 27,5 X 34 cm

Número de páginas: 432

Impressão e acabamento: Ipsis Gráfica

Preço:  R$399,00

À venda nas melhores livrarias do Brasil e lojas de museus.

(Fonte: A4&Holofote Comunicação)