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IMS e IHF promovem seminário internacional sobre Hercule Florence

São Paulo, por Kleber Patricio

Hercule Florence – Fotografia de rótulos de farmácia à esquerda (acervo IHF) e retrato do inventor à direita.

O artista-inventor Hercule Florence (1804–1879) será o tema do Seminário Internacional “Cento e noventa anos dos experimentos fotográficos de Hercule Florence” – com apresentação dos resultados das análises científicas que comprovam suas conquistas pioneiras. Organizado pelo Instituto Moreira Salles (IMS) e pelo Instituto Hercule Florence (IHF), o evento será realizado nos dias 23 (terça) e 24 (quarta) de maio, das 9h às 18h30, no IMS Paulista (Avenida Paulista, 2424 – São Paulo, SP).

O seminário marca a celebração de Hercule Florence, um dos mais interessantes e notáveis estrangeiros que se estabeleceram no Brasil no século XIX. Além de inventor, Florence foi desenhista, pintor, tipógrafo, naturalista e é reconhecido internacionalmente como um dos pioneiros na descoberta dos processos fotográficos.

O evento tem como principal tema a divulgação dos resultados das análises físico-químicas realizadas em 2022 de três objetos de Florence – duas fotografias, uma de um diploma maçônico e uma de rótulos de farmácia de 1833 (acervo do IHF), e uma fotografia de rótulos de farmácia (acervo do IMS) – por meio de uma parceria inédita entre quatro instituições de três continentes: o IMS e o IHF, de São Paulo, Brasil, o Getty Conservation Institute (GCI), de Los Angeles, EUA, e o Laboratório HERCULES da Universidade de Évora, Portugal. O encontro abordará também outros assuntos relacionados ao inventor.

Entre os convidados internacionais do seminário estão os pesquisadores Art Kaplan (Getty Institute) e António Candeias (Universidade de Évora), responsáveis pelas análises laboratoriais, e os pesquisadores Grant Romer e Ariadna Romer (Academy of Archaic Imaging, de Rochester, EUA), consultores especiais das análises.

Entre os participantes brasileiros estão os professores Boris Kossoy (ECA-USP) e Márcia Rizzutto (Física, USP) e os pesquisadores do IMS, Millard Schisler (gestor de acervo) e Sergio Burgi (coordenador de fotografia), além da pesquisadora superintendente do IHF, Francis Melvin Lee, todos consultores especiais das análises.

A programação contará ainda com as participações de Patricia de Filippi (especialista em conservação), Maria Inez Turazzi (Historiadora, UFF/Labhoi e CBHA), Iara Schiavinatto (Instituto de Artes, Unicamp), Antonio Fatorelli (UFRJ), Fernanda Pitta (MAC-USP), Silvana Bahia (Olabi), Ingrid Hoelzl (teórica visual) e dos artistas visuais Adrià Julià, Letícia Ramos e Lívia Melzi.

As inscrições já estão abertas e são gratuitas, sujeitas à lotação da sala. É possível se inscrever separadamente para cada dia do evento ou para ambos pelos seguintes links: dia 23/5 e dia 24/5.

O seminário terá transmissão ao vivo pelo YouTube do IHF e pelo YouTube do IMS com tradução simultânea para o português e descrição em libras. A gravação do evento será disponibilizada posteriormente nos canais digitais dos realizadores, legendada e com descrição em libras.

As análises fotográficas

Ao longo do segundo semestre de 2022 foram realizadas, em Portugal, diversas análises laboratoriais para determinar os materiais e as técnicas utilizadas por Hercule Florence em seus primeiros trabalhos fotográficos e reproduções gráficas.

As imagens foram investigadas no Laboratório Hercules da Universidade de Évora com equipamentos de última geração, como o XRF e SEM-EDX, por especialistas mundiais em conservação, tendo à frente o cientista Art Kaplan, do Getty Institute, e António Candeias, professor titular do departamento de química e bioquímica e pesquisador sênior do Laboratório Hercules. Participaram como consultores especiais os professores Márcia Rizzutto (Física, USP) e Boris Kossoy (ECA-USP), os pesquisadores do IMS, Millard Schisler e Sergio Burgi, além da pesquisadora superintendente do IHF, Francis Melvin Lee.

Os objetos analisados foram: uma fotografia de um diploma maçônico contendo prata metálica e uma de rótulos de farmácia de 1833, do acervo do IHF, e uma fotografia também de rótulos de farmácia, do acervo do IMS, ambas contendo ouro metálico. Toda as análises foram embasadas pelos relatos dos experimentos de Florence descritos em seu manuscrito L’Ami des Arts livré a lui-même (publicado pelo IHF e disponível para download no site da instituição).

Para Art Kaplan, “o que Hercule Florence realizou trata-se realmente uma pré-história da fotografia. Ele estava um passo à frente, empregando determinados elementos muito antes do que estes fossem comumente utilizados no processo fotográfico. As imagens analisadas são provavelmente as mais antigas e bem sucedidas sobreviventes de experimentos que utilizaram somente a ação da luz em uma superfície quimicamente sensibilizada com ouro e prata. Imagens de outros pioneiros da fotografia também utilizaram este processo, porém, estas escureciam rapidamente”.

As análises terão seus processos e resultados abordados no seminário e têm previsão de publicação no final do mês de maio no site do Getty Institute, quando serão disponibilizadas integralmente ao público.

Quem foi Hercule Florence

Hercule Florence (1804–1879) nasceu em Nice, à época ocupada pelo exército revolucionário francês, e desembarcou no Rio de Janeiro em 1824, sendo contratado com apenas 20 anos de idade como segundo desenhista da Expedição Langsdorff (1825 a 1828), missão científica que percorreu mais de 13 mil quilômetros de São Paulo ao Grão-Pará, a maior parte por navegação fluvial, do Tietê até ao rio Amazonas. Florence documentou em seus diários e desenhos as impressões sobre a paisagem, a fauna e a flora dos locais por onde passou. Após a expedição, se estabeleceu em Campinas (antiga Vila de São Carlos), SP, dedicando-se aos seus inventos e experiências. Saiba mais aqui.

No Brasil, a referência fundamental para o estudo da trajetória de seu legado é o livro do historiador Boris Kossoy “Hercule Florence: a descoberta isolada da fotografia no Brasil” (4ª edição Edusp/2021). Florence tem sido também cada vez mais reconhecido internacionalmente como um dos pioneiros do processo fotográfico, com citações em importantes publicações internacionais sobre história da fotografia, como “A World History of Photography”, de Naomi Rosenblum (Abeville, Nova York, 1984); “Les Multiples Inventions de la Photographie”, org. Jean-Pierre Bady, com artigo de Boris Kossoy (Association Française pour la Diffusion du Patrimoine Photographique, Paris, 1989); “Seizing the light: A History of Photography”, de Robert Hirsch (McGraw-Hill, Nova York, 2000); e “The Thames & Hudson Dictionary of Photography”, editado por Nathalie Herschdorfer (2015). Sua obra foi tema, ainda, de mostra no Nouveau Musée National de Monaco, entre março e setembro de 2017.

Sobre o Instituto Moreira Salles

O Instituto Moreira Salles, fundado em 1992 pelo embaixador e banqueiro Walther Moreira Salles (1912–2001), está presente em três cidades brasileiras: Poços de Caldas, Rio de Janeiro e São Paulo. Seu importante acervo está distribuído em quatro áreas: Fotografia (2,5 milhões de imagens), Música (cerca de 50 mil discos de 78 rotações), Iconografia (10 mil desenhos e gravuras e arquivos pessoais de artistas gráficos) e Literatura (com cerca de 150 mil itens de biblioteca e arquivos pessoais de autores), com destaque para as coleções com fotografias de Marc Ferrez, Marcel Gautherot e José Medeiros, as discotecas de Humberto Franceschi e J.R. Tinhorão, o acervo de Pixinguinha e os arquivos de escritores como Ana Cristina Cesar, Rachel de Queiroz, Otto Lara Resende e Carlos Drummond de Andrade. O IMS organiza e recebe em seus centros culturais exposições de fotografia e de artes visuais de artistas brasileiros e estrangeiros, promove mostras de cinema e espetáculos musicais, publica catálogos de exposições, livros de fotografia, literatura e música e duas revistas: a ZUM, sobre fotografia contemporânea, e a serrote, de ensaios sobre arte, política e literatura. O acesso aos centros culturais e a várias de suas atividades é gratuito. Saiba mais.

Sobre o Instituto Hercule Florence

O Instituto Hercule Florence de Estudos da Sociedade e Meio Ambiente do Século XIX Brasileiro tem como interesse central reunir, preservar e divulgar todo o acervo disponível sobre o artista, viajante e inventor Hercule Florence (1804–1879), além do pensamento e da difusão do Brasil oitocentista, objetivando a pesquisa, conservação e divulgação de documentos textuais, iconográficos e fotográficos relativos ao século XIX brasileiro. Preservar esse passado, refletir e produzir conhecimento a partir dele é uma forma de contribuir para o entendimento do presente. Saiba mais.

Serviço:

Seminário Internacional Cento e Noventa Anos dos Experimentos Fotográficos de Hercule Florence – com apresentação dos resultados da pesquisa científica que comprovam suas conquistas pioneiras

Datas: 23 (terça) e 24 (quarta) de maio

Horário: das 9h às 18h30

Local: IMS Paulista

Avenida Paulista, 2424 – São Paulo, SP

Inscrições: Entrada gratuita, com inscrição prévia, sujeita à lotação da sala. As inscrições podem realizadas separadamente para cada dia do evento ou para ambos os dias pelos links

23/5 e 24/5

Veja a programação completa aqui.

(Fonte: IMS Paulista)