O Instituto Anelo inicia o ano de 2024 propondo um trabalho de mobilização comunitária e em rede para buscar recursos e parcerias a fim de viabilizar iniciativas e projetos de fomento à Cultura na região do Campo Grande. A proposta é justificada pelo alto volume de procura identificado pela entidade, que ofereceu 215 novas vagas para o ano de 2024, mas recebeu 1685 inscrições em 4 dias.
Em 2023, o Anelo atendeu mil alunos. Depois do processo de rematrícula, realizado ao fim do ano passado, o levantamento interno apontou a possibilidade de abertura de 215 novas vagas para 2024.
A alta no volume de procura é recorrente. Em 2023, a procura foi de 1510 inscritos para 380 novas vagas, somando o primeiro e o segundo semestre. Em 2022, foram 502 novas vagas para 1391 inscrições; já em 2021, 242 vagas, para 293 inscrições, registrando um aumento de 475% de 2021 a 2024.
De acordo com o fundador e coordenador geral do Instituto Anelo, Luccas Soares, a saída ideal para a questão do déficit de espaços para o exercício de atividades culturais na região do Campo Grande poderia ser iniciada com a instalação de novos projetos de fomento de música no distrito. “Para nós, seria uma honra receber aqui na região projetos como o Primeira Nota e o Projeto Guri. São duas grandes referências para nós em termos de ensino de música e fomento de cultura para populações vulneráveis”, aponta Soares. “Esse resultado (das inscrições) nos propõe desafios e amplia nossa responsabilidade, mas também sugere que existe uma grande demanda por acesso ao ensino de música em nossa cidade, em especial nos bairros da periferia”, pondera.
O coordenador acrescenta que novos locais de atividade seriam muito positivos para a comunidade do distrito, no qual a entidade identifica um déficit crescente de espaços para vivência cidadã por meio da cultura. “O que as pessoas querem quando se inscrevem no Anelo é uma coisa muito simples: pertencer, sociabilizar, aprimorar e descobrir habilidades e talentos. Isto não deveria ser negado a ninguém; no entanto, entendemos que não damos conta de atender a todos e dizer não para as pessoas, principalmente as crianças que ficam de fora, é muito triste”, analisa.
Luccas afirma ainda que tem recebido convites e propostas para abrir novas unidades do Anelo em outros bairros e regiões da cidade de Campinas. O coordenador entende, no entanto, que grande parte do êxito da entidade em seu propósito é porque trata-se de um projeto que cresceu organicamente com o trabalho, empenho, cultura e perspectiva da comunidade local.
“Queremos inspirar outras pessoas em suas comunidades a colocarem seus sonhos no plano das realizações. Que estas comunidades encontrem seu jeito de fazer a diferença que transforma, seja na música, no teatro, no cinema, no esporte, no cuidado com o meio ambiente. A nossa intenção é ver florescer novos projetos, a partir de novos olhares; não queremos monopolizar a cultura ou as ações de cidadania no Campo Grande, queremos que estas iniciativas sejam diversas e de diferentes perspectivas”, reflete.
Histórias
Para Emilayne Mayara dos Santos, mãe de dois filhos com quatorze e nove anos, o ensino de música é essencial e necessário para o desenvolvimento das crianças. “Tentamos algumas vezes inscrição, mas sem sucesso. Depois de tentar algumas vezes, só meu filho de nove anos conseguiu. Minha filha de quatorze anos não conseguiu a vaga. Ela gostaria muito, pois vê na arte infinitas possibilidades; infelizmente a demanda é muito grande, então compreendemos”, aponta a mãe.
Para o aluno de violino Carlos Antônio da Silva, a espera para conseguir uma vaga no Anelo foi de quatro anos. “Esperei por quatro anos e hoje estou no Anelo já há dois anos. Esperar é muito decepcionante. Eu, que já tinha o meu violino em casa, ficava frustrado por não conseguir. Então eu acho que se tivesse mais lugares onde a gente pudesse estudar, principalmente aqui na região que a gente, além do Anelo, quase não tem nada de atividades culturais para fazer, seria melhor para todo mundo”, reflete o aluno.
Proposta | A coordenação e diretoria do Anelo está aberta para discussões, havendo interesse e disposição de outras organizações, empresas e esferas do poder público, a fim de reunir-se em prol de uma construção coletiva que atenda estas demandas.
Música que Transforma | O Instituto Anelo é uma associação civil sem fins lucrativos que desde 2000 oferece aulas gratuitas de música no Jardim Florence, bairro do distrito do Campo Grande, localizado na região noroeste da cidade de Campinas, interior de São Paulo. Ao longo dessas mais de duas décadas, o Instituto Anelo já beneficiou mais de 10 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos.
(Fonte: Instituto Anelo)