O Instituto de Arte Contemporânea – IAC celebra o centenário do nascimento de um dos mais importantes artistas nacionais, que morreu precocemente há 50 anos (1973). “Ivan Serpa Documental (1923–2023)”, com curadoria de Hélio Márcio Dias Ferreira, reúne parte do arquivo do artista com registos representativos de sua carreira. “Foram escolhidos alguns momentos da trajetória do artista, que era multifacetado em seu fazer, principalmente entre os anos 1960 e 1970”, destaca o curador.
O premiado mestre carioca foi o fundador do Grupo Frente, movimento concretista brasileiro correspondente contemporâneo do renomado Grupo Ruptura, de São Paulo. “Cada núcleo guardou suas particularidades e ambos colocaram o Brasil na linha de importantes criadores abstratos do cenário mundial”, ressalta Dias Ferreira.
Além de documentos sob a tutela do IAC, os trabalhos selecionados para a exposição são provenientes dos acervos do Museu de Arte Contemporânea da USP, da Gustavo Rebello Arte, da coleção do próprio curador e grande parte da família Serpa. A esposa do artista, Lygia Cardoso Ferreira Serpa, já falecida, guardou por décadas fotos, artigos de jornais, registros, cartazes, catálogos, livros e objetos pessoais do marido, entre outras lembranças. Atualmente, parte da família reside na casa que foi de Ivan Serpa e onde ficava seu ateliê, numa tranquila rua do bairro do Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro. No local ainda são mantidas obras do pintor e resquícios substanciais do seu antigo estúdio de criação.
Estão na mostra, entre os vários documentos, registros de quando Ivan Serpa esteve na Europa, entre 1958 e 1959, onde compartilhou a companhia do escultor Franz Weissmann e o escritor e diplomata brasileiro João Cabral de Melo Neto. “Voltou múltiplo e dono de várias linguagens, que passaram desde o mais agudo expressionismo ao mais forte vigor do mundo figurativo, por vezes carregado de explícito erotismo”, completa o curador.
Muitos foram os críticos que escreveram sobre a obra de Ivan Serpa, entre os quais, Ferreira Gullar, Jayme Maurício, Mario Pedrosa, Aracy Amaral, Roberto Pontual e Frederico Morais.
Sobre Ivan Ferreira Serpa | Nascido em 1923 e falecido em 1973 no Rio de Janeiro. O artista carioca foi aluno do gravador Axl Leskoschek. Iniciou sua carreira como professor de francês, mas logo se tornou mestre de crianças e adultos e foi o criador da Escolinha de Artes do MAM/RJ. Como cabeça do movimento concretista do Rio de Janeiro, Grupo Frente, foi premiado como jovem artista na Bienal de São Paulo em 1951. Durante muito tempo foi restaurador de obras raras da Biblioteca Nacional; seguiu brilhante carreira no modernismo brasileiro e recebeu prêmio de viagem a Europa, no Salão Nacional do Rio de Janeiro. Ficou por lá entre 1958 e 1959. Retornou múltiplo e criador de fases abstratas, figurativas, expressionistas e de linguagens variadas. Retornou a geometria no final da década de 1960, mas faleceu precocemente, em 1973. Deixou viúva e três filhos e uma obra numerosa de pinturas, desenhos, gravuras e objetos, bem como uma legião de ex-alunos, como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Aluísio Carvão e Waltercio Caldas, entre outros.
Sobre Hélio Márcio Dias Ferreira | Nascido em 1964, reside no Rio de Janeiro. Doutor em Educação (UFF/ Université Sorbonne – Paris, 3), Mestre em História da Arte (UFRJ). Autor dos livros “Uma História da Arte ao alcance de todos” (Batel, 2017) e “Ivan Serpa: o expressionista concreto” (EDUFF, 1996); coautor do livro “Ivan Serpa” (Banco Pactual, 2003); organizador do livro “Ivan Serpa”, da coleção Fala do Artista (Funarte, 2004). Idealizador e co-curador da Exposição “Ivan Serpa, a expressão do concreto”, CCBB Rio / BH / SP, 2020/21. Artista visual formado pela Escola de Belas Artes – UFRJ, foi premiado em primeiro lugar pela IBM do Brasil no Salão Novos Talentos (UFF – 1994); já realizou exposições individuais em espaços como a Villa Riso e de coletivas como o Parque Lage. Desde 1997, é Professor Associado de Desenho, Escola de Teatro – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UniRio; foi palestrante constante de História da Arte durante mais de 10 anos na Casa do Saber do Rio e São Paulo. Periodicamente, realiza viagens para o exterior e no Brasil com grupos de alunos em visita a museus. Principal palestra ministrada: “Ivan Serpa: o expressionista concreto”- Münchner Volkshochschule Gasteig, Munique, 1998.
Sobre o Instituto de Arte Contemporânea | O Instituto de Arte Contemporânea – IAC é um centro de documentação e pesquisa. Foi fundado em 1997 por Raquel Arnaud visando preservar e disponibilizar para pesquisa uma ampla coleção de documentos relacionados à trajetória e à obra de artistas visuais e arquitetos brasileiros. Atualmente, a coleção do IAC conta com mais de 80 mil itens, incluindo os acervos dos artistas Amilcar de Castro, Antonio Dias, Carmela Gross, Hermelindo Fiaminghi, Iole de Freitas, Ivan Serpa, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Rubem Ludolf, Sérvulo Esmeraldo, Sergio Camargo, Willys de Castro, do arquiteto Jorge Wilheim e da Petit Galerie. O IAC também investe em diversas formas de produção de conhecimento realizando exposições, publicações, visitas mediadas, seminários, cursos, aulas abertas e oficinas para públicos diversos, além de oferecer bolsas para pesquisa. Até o momento, foram produzidas 40 exposições e 30 publicações, entre livros e catálogos. Com sede própria desde 2020, a instituição conta com dois Prêmios A.P.C.A. – Associação Paulista de Críticos de Arte na categoria Artes Visuais, por Melhor Atividade Cultural, em 2006 e 2020.
Exposição Ivan Serpa Documental (1923–2023)
Abertura: 31 agosto, às 11h
Visitação: Até 16 dezembro de 2023
Terça a sexta: 11h – 17h / sábado: 11h – 16h
Entrada gratuita
Instituto de Arte Contemporânea – IAC
Av. Dr. Arnaldo, 120/126, São Paulo (SP)| www.iacbrasil.org.br.
(Fonte: Pool de Comunicação)