No domingo, dia 30 de março, acontece em Campinas a oficina gratuita ‘Carlos Gomes e o debate étnico do século XIX’, ministrada pelo cineasta e antropólogo Caue Nunes. O evento é às 15h, no Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA).
A oficina faz parte do projeto ‘Partituras Brancas’, realizado com patrocínio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo. ‘Partituras Brancas’ foi contemplado em edital na categoria de desenvolvimento de longa-metragem, que envolve a elaboração do roteiro e do plano de negócios para futura realização de um documentário. A oficina, oferecida como contrapartida do projeto, antecipa os resultados obtidos durante a pesquisa para o filme. “A vida e a obra do compositor Carlos Gomes já foram retratadas em muitos livros. O ineditismo desse projeto está no recorte escolhido, acrescentando novas camadas de leituras às já existentes sobre o artista”, explica Caue, idealizador do projeto, que investiga a figura do músico sob uma nova perspectiva histórica e racial.
Carlos Gomes (1836–1896) viveu e produziu sua arte numa época em que a música erudita era um espaço bastante elitista. “Ele tinha pai negro e mãe com ascendência indígena, mas circulava em ambientes predominantemente de pessoas brancas”, comenta Caue. “Na Itália, chegou a ser chamado por diversas vezes de ‘selvagem’, sendo vítima de preconceito simplesmente por ser quem era: um brasileiro”, prossegue ele, que escolheu as lentes da antropologia e as teorias raciais do século XIX como base de sua pesquisa. “A ideia é fazer uma costura entre a vida e obra de Carlos Gomes com o debate racial do século XIX, partindo desse aspecto de quem ele era e de como ele lidou com isso na sua vida e no seu trabalho, lembrando que duas de suas grandes obras, as óperas ‘O Guarani’ e ‘O Escravo’ trazem protagonistas indígenas”, sintetiza Caue.
De acordo com o cineasta e professor universitário, as pesquisas envolveram análise da imagem pública construída sobre Carlos Gomes ao longo dos anos, bem como a imagem que ele tinha de si, as escolhas que guiavam o conteúdo de seu trabalho e a sua relação com o Império. “A cultura nacional da época do 2º Reinado também é um aspecto importante dos nossos estudos, afinal D. Pedro II foi um mecenas da arte da época, que girava em torno da criação do ‘povo brasileiro’ e da construção de uma identidade nacional para aquele momento”, completa Caue.
A oficina é uma oportunidade imperdível para todos que apreciam a música e a obra de Carlos Gomes, que têm curiosidade sobre a história de Campinas e seus ilustres personagens e que têm interesse nesse debate étnico, que permanece válido e profundamente relevante nos dias de hoje.
Sobre Caue Nunes
Cineasta e antropólogo, Caue Nunes é professor dos cursos de Ciências Sociais e Cinema e Audiovisual da PUC-Campinas e proprietário da produtora 2.8 Filmes. Atualmente, realiza seu primeiro longa-metragem, o documentário ‘Ancestralidade, Presente’, em parceria com Ancine e Canal Curta. Tem no currículo nove curtas-metragens e onze prêmios em festivais de cinema.
O projeto ‘Partituras Brancas’ foi contemplado pela Lei Aldir Blanc de Campinas, na categoria de desenvolvimento de longa-metragem. Além de Caue Nunes, a equipe conta com Juliana Brombim (roteiro), Camilla Ribeiro (produção executiva), Francisco Alves Júnior e Marcos Rosa (pesquisa), Manuela Fontana e Maria Clara Costa (assistentes de pesquisa). Conta com patrocínio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Governo Federal, Ministério da Cultura e Lei Paulo Gustavo.
Serviço:
Oficina Carlos Gomes e o debate étnico do século XIX
Data: 30/3/2025 (domingo) | Horário: 15h
Valor: gratuito
Local: CCLA – Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas
Endereço: Bernardino de Campos, 989, Centro, Campinas, SP
Inscrições antecipadas até 29/3 (com 50% das vagas destinadas para estudantes de escolas públicas, pretos, pardos, pessoas com deficiência e universitários bolsistas). Mais informações: http://instagram.com/2.8filmes.
(Com Andréa Alves/A2N Comunicação)