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Paço das Artes inaugura Temporada de Projetos 2024

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Divulgação.

O Paço das Artes recebe, a partir do dia 19 de julho, a 28ª edição da Temporada de Projetos – iniciativa de mais de duas décadas reconhecida por abrir espaço no circuito cultural para jovens artistas brasileiros. Com entrada gratuita, o público poderá conferir um projeto de curadoria e dois projetos artísticos.

Para a edição deste ano, as exposições foram organizadas em duas etapas, proporcionando assim uma melhor adequação do espaço arquitetônico para os artistas e projetos contemplados. Nesta primeira parte, que ficará em cartaz até 6 de outubro, o Paço das Artes recebe o projeto curatorial de Cadu Gonçalves e os trabalhos individuais dos artistas Julia Gallo e Dalber de Brito, selecionados pelo júri formado por Renata Felinto, artista, pesquisadora, curadora e professora na URCA/CE; Renato Araújo da Silva, pesquisador, curador e professor na FAU-USP/SP, e Mariano Klautau Filho, artista, pesquisador, curador e professor na Unama/PA.

Confira os trabalhos da 28ª Temporada de Projetos:

‘Fervor’, com curadoria de Cadu Gonçalves, apresenta um diálogo conceitual e visual entre as artistas Alice Lara e Paola Ribeiro. Tendo como suportes a pintura, a performance e o vídeo, são postos em confronto a voz e o corpo, em referência à paisagem, na tensão e pulsão dos limites dos recursos naturais a evidenciar poder e consumo.

‘Aucun Intérêt’, 2023, de Dalber de Brito.

‘Aguardente’, projeto individual de Julia Gallo, traz figuras fantasmagóricas em recorte de papel e/ou rabiscadas em grandes suportes, evidenciando o aspecto febril da imaginação. A água e os gazes representados sugerem uma atmosfera enebriada para acessar os estados psicológicos da metamorfose humana. Julia teve entrevista e texto crítico escrito por Ana Paula Cohen.

‘Terra Terreno Terreiro’, de Dalber de Brito, fala de organização e disputas territoriais entre fluxos migratórios a partir da simbologia e materialidade dos cupinzeiros mineiros. Sob o domínio do afeto, ‘ruídos e roídos’ interferem nas estruturas comportamentais da história do país, relacionando as colônias edificadas dos cupins e outros materiais deteriorados com as sociedades precarizadas pelo domínio colonial. Dalber tem entrevista e texto crítico elaborado por Jana Janeiro, com colaboração de Débora Rossi Fantini.

Performance artística | Durante a abertura da exposição, às 17h30, as artistas Paola Ribeiro e Alice Lara, que integram o projeto de curadoria ‘Fervor, realizam a performance artística ‘Eco’. Por meio de uma mesa de mixagem conectada a caixas de som e de um trompete, a ação traz um jogo de respostas sonoras, experimento vocal e estranheza.

Sobre os artistas:

‘O tumulto das pedras’, 2023, de Paola Ribeiro.

Cadu Gonçalves (São Paulo, 1991) é curador e pesquisador, bacharel em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Em sua trajetória, destacam-se a curadoria de ‘Osvaldo Carvalho Falsa simetria’, exposta em São Paulo (Janaina Torres Galeria) e Londres (Embaixada do Brasil), por meio do Breeze London, prêmio concedido à produção do artista carioca (2023); ‘ZL não é um lugar assim tão longe’, de Erick Peres (Nova Fotografia 2023, MIS); ‘Polígonos, pórticos, matéria e desejo’ (Janaina Torres Galeria, SP, 2021) e ‘Pequenos vestígios de melancolia’ (Funarte, SP, 2019). Foi assistente de curadoria de ‘Araetá: a literatura dos povos originários’ (Sesc Ipiranga, SP, 2023) e integrou o grupo de pesquisa para o catálogo ‘Dos Brasis: arte e pensamento negro’ (Sesc Belenzinho, SP, 2023).

Alice Lara (Distrito Federal, 1987) criou-se nas cidades-satélites de Taguatinga e Vicente Pires. Sua pesquisa, na linguagem da pintura, investiga a representação de animais, suas relações com os seres humanos e como essas relações afetam ambos. Tem se definido como pintora-bicheira. Graduou-se em artes visuais, licenciatura e bacharelado pela UnB e é mestre em poéticas visuais pela ECA-USP. Premiada nos salões de Anápolis (2016) e Arte Pará (2012). Realizou individuais no Muna Uberlândia (2013), Cervantes Brasília (2013), ECCO (2014), Galeria Antonio Sibassoly, em Anápolis (2016), Paço das Artes (2019), Galeria Referência (2020), Centro Cultural São Paulo (2021) e galeria Asfalto, no Rio de Janeiro (2024). Sua obra foi adquirida para a coleção do Museu de Arte do Rio (2019).

‘Pássaro e rio’ (série Fastio da terra), 2022, de Alice Lara.

Paola Ribeiro (São Paulo, 1986) é artista, cantora, pesquisadora, educadora e mestra em poéticas cênicas pelo Instituto de Artes da Unesp. Sua pesquisa se dedica a criar espacialidade por meio da experiência sonora gerada principalmente pelo uso do som da voz que se permite abstrair da palavra e da afinação, quebrando-se em imagens e borrando a temporalidade através dos diálogos que ela pode tecer entre corpo e espaço. Foi residente na Oficina Francisco Brennand em 2023 e participou de uma série de exposições coletivas e festivais, com destaque para ‘letra [ ] imagem’, no Instituto Goethe de Salvador (2023); ‘VERBO’, na Galeria Vermelho, São Paulo (2022); ‘Ópera Citoplasmática’, no MON – Museu Oscar Niemeyer, Curitiba (2022) e o festival ‘Novas Frequências para a 34ª Bienal de São Paulo’ (2021).

Julia Gallo (Rio de Janeiro, 1997) é artista visual, vive e trabalha em São Paulo. Seus trabalhos têm por procedimento central o desenho, seja como carvão riscando a tela, tesoura cortando papel ou mesmo sombras translúcidas projetadas no espaço. Gallo cria anatomias ficcionais que dão forma a estados de ânimo específicos, dissolvendo a suposta dicotomia entre corpo e alma. Em seus trabalhos, criaturas indizíveis e gestos indecifráveis são vistos em cenas densas e inflamadas, cuja sensação provoca, simultaneamente, sensações familiares e mistérios vitais.

‘Um ano de quintas-feiras’, 2016, de Julia Gallo (Foto Julia Thompson).

Dalber de Brito (Sabará, MG, 1981) é artista visual, com um percurso que passa por diferentes campos, da luteria ao cinema. Tal trajetória se reflete em criações que vão desde esculturas e instalações até videoperformance, tanto na execução das obras quanto em sua exposição. Sua pesquisa e produção são afetadas por seu corpo, preto, e seu território, a cidade mineira de Sabará, ao mesmo tempo um subúrbio e uma cidade minerária. A partir desse contexto, vem investigando as relações ambíguas na guerrilha de classes na sociedade contemporânea, com seus remanescentes coloniais. Na exposição ‘Terra terreno terreiro’, no Paço das Artes, apresenta cinco obras que trazem como elemento comum o cupinzeiro e abordam disputas territoriais em fluxos migratórios.

Jana Janeiro (Belo Horizonte, 1981) é mulher negra, educadora, gestora cultural e turismóloga. Formada em turismo e pós-graduada em Gestão Cultural e História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Cofundadora da Casa Quilombê, espaço de intercâmbio quilombola pautado na arte, cultura, educação, afroturismo e resistência. Desenvolve ações educativas com crianças e adolescentes quilombolas, fomentando a Lei 11.645/08 (que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena) por meio da arte-educação. Pesquisadora nas áreas de patrimônio cultural, comunidades tradicionais e museologia social. Integrou a coordenação do programa educativo Arte nas Estações. Atualmente, é curadora pedagógica adjunta no Instituto Inhotim.

Ana Paula Cohen (São Paulo, 1975) é curadora independente, editora e escritora. É doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade, da PUC-SP. Em 2023, curou exposições como ‘Oração e texto’, de Thiago Honório (Galeria Luisa Strina e Capela do Morumbi, São Paulo), ‘Libera Abstrahere’, de Rodrigo Cass, na Fortes D’Aloia & Gabriel, e organizou o livro monográfico de Cass, editado pela Cobogó. Cohen foi curadora residente no Center for Curatorial Studies, Bard College, Nova York, cocuradora da 28ª Bienal de São Paulo, e cocuradora do Encuentro Internacional de Medellín, Colômbia. Foi professora visitante no mestrado do California College of the Arts, em São Francisco, diretora do Programa Bolsa Pampulha e codiretora do Programa Independente da Escola São Paulo. Em 2017, fundou a pós-graduação em Estudos e Práticas Curatoriais, na FAAP. Em 2019, criou a Clínica Artística – interlocução individual semanal com artistas, focada em uma escuta extrapessoal e psicanalítica, na qual atua desde então.

Serviço:

Temporada de Projetos 2024 #1

Abertura: 19/7, das 17h às 21h

Visitação: 19/7 a 6/10 | terça a sábado, das 11h às 19h; domingos e feriados, das 12h às 18h

Local: Paço das Artes – Rua Albuquerque Lins, 1345 – Higienópolis – São Paulo/SP

Ingresso: gratuito

A programação é uma realização do Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas de São Paulo e Paço das Artes, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O Paço das Artes tem patrocínio institucional da Livelo, B3, John Deere, NTT Data, TozziniFreire Advogados, Grupo Comolatti e Sabesp e apoio institucional da Vivo, Grupo Travelex Confidence, PWC, Colégio Albert Sabin, Unipar e Telium. O apoio operacional é da Kaspersky, Pestana Hotel Group, Quality Faria Lima, Hilton Garden Inn São Paulo Rebouças, Renaissance São Paulo Hotel, illycaffè, Sorvetes Los Los, Busca Vida e NaNaYa Food Store.

(Fonte: Assessoria de Imprensa Paço das Artes)