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Peças milenares, Andy Warhol, Tarsila do Amaral: conheça raridades do acervo do Museu Oscar Niemeyer

Curitiba, por Kleber Patricio

Está no acervo do MON a serigrafia ‘The Shadow’ (1981), de Andy Warhol, artista plástico estadunidense e principal nome do movimento Pop Art. Fotos: Gabriel Rosa/AEN.

Qual é a menor e a maior obra do acervo do Museu Oscar Niemeyer (MON)? E a mais antiga? Você sabe, por exemplo, qual poderia ser considerada a mais rara ou artisticamente valiosa? O MON é o maior museu de arte da América Latina e abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de coleções asiática e africana. São mais de 35 mil metros quadrados de área construída e um respeitável acervo com aproximadamente 14 mil obras de arte.

Embora projetado em 1967 para ser a sede do Instituto de Educação do Paraná, o edifício principal que hoje abriga o MON passou a ser utilizado para sediar algumas secretarias estaduais assim que inaugurado na década de 1970. Em 2001, a área foi transformada em museu. O prédio antigo passou por adaptações e ganhou um anexo, popularmente chamado de Olho (devido ao seu formato arquitetônico). Inicialmente batizado de Novo Museu, o MON foi inaugurado em 22 de novembro de 2002. Saiba algumas curiosidades sobre os edifícios, ambos projetados pelo Oscar Niemeyer, figura-chave da arquitetura moderna e um dos responsáveis pelo projeto da capital federal Brasília, bem como da coleção permanente da instituição:

Obras mais antigas

A obra mais antiga do acervo do MON faz parte da coleção asiática doada ao Museu em 2018 e que conta com aproximadamente 3 mil peças, algumas datadas de 3 mil anos antes de Cristo. Mas se olharmos apenas para o setor pictórico do acervo, a obra mais antiga é o grafite sobre papel Floresta do Litoral Paranaense (1901), do artista Guilherme William Michaud.

Obras mais raras

Entre as obras mais raras ou artisticamente valiosas está o óleo sobre tela Cena de Mar (sem data), do artista paranaense Miguel Bakun, artista cuja obra será exposta na exposição Miguel Bakun: O Olhar de uma Coleção. Também podem ser destacados o grafite sobre papel Autorretrato Sentada (1923), de Tarsila do Amaral, um dos principais nomes do modernismo no Brasil, e a serigrafia com pó mineral diamante sobre papel The Shadow (1981), de Andy Warhol, artista plástico americano e principal nome do movimento Pop Art iniciado nos anos 1960 nos Estados Unidos.

Obra de menor e maior tamanho

No quesito tamanho, dentro de setor pictórico do acervo, a menor obra é o nanquim sobre papel Paisagem na Janela (apart hotel Paineira – Curitiba), da série Diário Gráfico (1984), com 8 x 8,7cm, da artista Didonet Thomaz. A maior é a pintura encaustica sobre madeira Paisagem Deslocada (2006), de Marcus André, com 3,2 x 13,2m.

Jardins de inverno

Os jardins de inverno do prédio antigo do MON foram a solução encontrada por Oscar Niemeyer para que o interior do edifício – que contém fachadas cegas – ganhasse iluminação natural. Isso permitiria que as salas de aula, segundo o projeto original para o Instituto de Educação, se ligassem com o exterior, recebendo a iluminação e ventilação necessária, mas sem a ocorrência de ruídos, o que poderia perturbar os alunos.

Vão livre

O famoso vão livre do MON foi projetado para ter 100 metros, mas acabou sendo construído com 65 metros, o que o colocava, quando inaugurado (1978), como o segundo maior do Brasil, atrás apenas do Museu de Arte de São Paulo (MASP), que tem 74 metros. O vão livre foi possível graças a uma viga protendida criada com cabos de aço importados da Suíça.

Atualmente, a Biblioteca Latino Americana Victor Civita, no Memorial da América Latina, em São Paulo – também arquitetada por Oscar Niemeyer – possui um vão livre de 90 metros de extensão, sendo, provavelmente, o maior vão livre da América Latina. Outro recorde do arquiteto Oscar Niemeyer nesse assunto é o maior vão livre flutuante do mundo, o Palácio Tiradentes, sede do governo estadual de Minas Gerais, com 147,50 metros.

Estilo

Apesar de a aparência do edifício antigo remeter às características do Brutalismo – estilo desenvolvido a partir da década de 1950 e que defende a visão natural da estrutura, dispensando ornamentações – a produção de Niemeyer não se enquadra nesse estilo.

A Escola Paulista de Arquitetura, encabeçada pelo arquiteto curitibano Vilanova Artigas, outro nome referência da arquitetura modernista no país, foi a que mais trabalhou com o Brutalismo. Oscar Niemeyer, por sua vez, da Escola Carioca de Arquitetura e influenciado pelo francês Le Corbusier – um dos principais nomes da arquitetura do século XX –, segue outras vertentes, sendo sua produção melhor inserida no International Style. Há, contudo, na produção de Niemeyer do final da década de 1960, características que se assemelham ao Brutalismo, como o concreto aparente e monobloco.

No edifício que abriga o MON, há ainda a iluminação zenital, vão livre e balanço amplo (extremidades suspensas), tais características forçam pesquisadores a encontrar um possível entrelaçamento de estilos, a buscar semelhanças que qualifiquem e aproximem a obra de Niemeyer com o Brutalismo.

Maior público

Em 2024, o Museu Oscar Niemeyer registrou o maior público de sua história: 712.196 pessoas. O número é 41% superior ao total de 2023, que havia sido de 503 mil visitantes. Nos últimos três anos, o MON vem numa curva ascendente, superando seus próprios recordes anteriores. Do total de 2024, 75% foram ingressos gratuitos.

(Com Karla Dudas/Secom/Governo do Paraná)